quarta-feira, 26 de junho de 2013

O inevitável poder das palavras


                   Bog

 Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 
“Palavras são palavras, nada mais do que palavras”. Este era o bordão de um personagem político bonachão num antigo programa humorístico, que se pautava pela embromação decorrente do desprezo que sentia pelos cidadãos, muito embora soubesse que os mesmos lhe propiciavam as sinecuras muito bem remuneradas e um elevado padrão de vida que a maioria não tinha. Certamente era inspirado no código de ética sempre em vigor para aqueles que não têm nenhum compromisso com suas palavras para além daquele estabelecido para si próprios.
Mas palavras têm poder! Palavras curam. Palavras ferem. Palavras levam vida. Palavras carregam morte. Palavras confortam. Palavras ofendem. Palavras libertam. Palavras prendem. Palavras dão voz às massas. Cassem-se as palavras e, inevitavelmente, as liberdades se vestirão de luto. Palavras liberam ou cessam o direito de ir e vir. Todos os dias nós labutamos no campo fértil do inevitável poder das palavras.
A maioria dos especialistas concorda que o principal ponto de rompimento dos relacionamentos, hoje e sempre, está intimamente ligado à comunicação, especialmente quanto ao modo como falamos às outras pessoas. Certamente, por isso, o apóstolo Paulo ensinou: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4.29).
Paulo usou a palavra torpe para descrever o discurso que tem o poder de causar danos às pessoas, sejam adultos ou crianças. Ao mesmo tempo, afirmou que a boa comunicação – o conjunto de boas palavras que sai da nossa boca – é essencial para o crescimento pessoal, pois tem o poder de edificar as pessoas. Assim, quando causamos crescimento interior nos outros por meio do nosso discurso, instilamos graça ou benefício espiritual na totalidade de suas vidas.
É exatamente por isso que devemos examinar os nossos hábitos ao falar e, assim, evitar palavras duras ou descuidadas. Cabe a cada um de nós decidir edificar as pessoas do seu convívio, especialmente as crianças.
A origem do problema pode ser o fato de vivermos em uma sociedade marcada pelo negativismo, o que geralmente nos torna “do contra”, sempre contra alguma coisa, não a favor de algo.
O desastroso é que principalmente nós, os cristãos, deveríamos ser conhecidos como pessoas com atitudes positivas que promovem aquilo que é bom e certo, a começar pelas palavras que falamos. Não poucos cristãos se perturbam com os males de nossa sociedade, mas nada fazem que vá além de falar negativamente sobre os mesmos, num movimento incontido de murmuração pela murmuração.
Dentro de casa, sem dúvida, o problema é mais grave. Há exemplos de palavreados que frequentemente são imputados aos filhos, frutos de uma comunicação torpe e destruidora. De uma lista interminável, pululam alguns maus exemplos: Você é burro. O que há de errado com você? Você não faz nada direito. Você nunca aprende. Você não sabe nada. Você sempre quebra as coisas. Você é um desastre. Você nunca vai conseguir.
O sábio Salomão afirmou: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”. E também: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 18:21; 25.11). Jesus foi contundente sobre a fonte de nossas palavras: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45). Ele adiantou que cada pessoa dará conta, no Dia do Juízo, de toda palavra frívola que proferir. E acrescentou: “Porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mt 12.37).
Podemos, sim, mudar para uma comunicação edificante, pelo simples fato de que, indubitavelmente, há poder em nossas palavras. Por exemplo, em vez de palavras negativas, temos muitas maneiras de dizer “muito bem” as palavras certas: Você realmente se esforçou hoje. Você é uma pessoa abençoada. Isso mesmo, você acertou. Estou orgulhoso de você. Você é muito bom nisso. Agora você entendeu o espírito da coisa. Vamos, continue, você chegará lá. Ou apenas dizer um simples “muito obrigado”.
A escolha é nossa. É muito melhor ser um farol da graça e da verdade com boas palavras do que um multiplicador da condenação com más palavras. O apóstolo Paulo deu a receita: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida” (Fp 2.14-16).
O fato é que as pessoas precisam mais de quem as encoraje e as edifique do que de quem as critique e as derrube. E isso tem a ver com as palavras que falamos. Então, podemos ser uma fonte de bênção, ou uma fonte de maldição. Resta saber se você, sabedor do inevitável poder das palavras, estaria disposto a fazer a coisa certa.



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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O supremo valor da cruz de Cristo

 
 Blog
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
 
         
De acordo com o livro dos recordes Guinness, um homem judeu fora feito prisioneiro das autoridades soviéticas, por motivo de dissidência política, durante quinze anos. Consta nos registros que ele se tornara cristão quando estava na terrível prisão de Gulag e também que, nesse período de tão penosa experiência, fora sustentado pela sua fé no Messias Jesus Cristo e pela lembrança de seu filhinho de quatro anos, o qual esperava rever um dia.
       Quando finalmente foi libertado, aguardava com grande entusiasmo o tão acalentado reencontro com seu filho, agora com 19 anos de idade. Quando se abraçaram, o pai teve uma imensa satisfação ao perceber uma cruz pendurada em seu pescoço.
Depois de terem conversado a respeito de várias coisas, o pai perguntou:
— Filho, qual é o significado dessa cruz que você carrega no peito?
       — Para os jovens da minha idade, a cruz é apenas uma expressão da moda, nada mais — respondeu secamente o filho.
       A decepção daquele pai é a mesma de muitos cristãos fiéis, quando veem muitas pessoas com o mesmo comportamento daquele jovem. Para alguns, a cruz tem apenas valor estético. Outros a tomam como amuleto protetor. Não poucos a tratam como fetiche. Infelizmente, talvez para a maioria, hoje, a cruz não significa nada mais que um objeto fora de moda.
Assim como as ideologias e religiões trazem em seu bojo um símbolo visual que sintetiza algum aspecto importante de sua crença e história — o nazismo traz a suástica; o comunismo, a foice e o martelo; o judaísmo, a estrela de Davi; o budismo, a flor de lótus; o islamismo, o crescente — o cristianismo tem na cruz o seu mais importante símbolo visual.
       Independentemente das diferenças entre os cristãos, estamos todos à sombra da cruz. A morte de Cristo na cruz é o ponto de partida da fé; sem este fato histórico não haveria cristianismo. A cruz, porém, nada é sem o crucificado. Certamente isto ensejou Paulo a declarar: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2).
       A centralidade da cruz como símbolo cristão teve sua origem no coração do próprio Jesus. Por isso, a despeito do ridículo, pois a cruz era um objeto de maldição, os cristãos não a descartaram como símbolo nem a trocaram por outro menos ofensivo. Eles sabiam o que Jesus falara repetidas vezes sobre seu sacrifício na cruz: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua morte, ressuscitará” (Mc 9.31).
       Foi por intermédio da morte de Jesus na cruz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5.19).
A morte de Jesus foi predita 700 anos antes de Cristo. Isaías escreveu: “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Isso era uma referência a Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Com a sua morte, “Deus cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer” (Is 53.5; Jo 1.29; At 3.18).
A morte de Jesus foi vergonhosa e humilhante. A morte na cruz era utilizada pelos romanos para punir ladrões e escravos, os quais eram açoitados e depois crucificados. Jesus foi exposto a esta mesma vergonha, como está escrito: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).
A morte de Jesus foi voluntária. Jesus morreu porque quis. Ele disse: “O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo 10.17). A sua atitude nada tinha de fatalista nem de complexo de mártir. Ele queria tão somente cumprir a vontade de Deus.
A morte de Jesus foi substitutiva. Quem substitui alguém, toma o seu lugar e lhe faz as vezes. Isso quer dizer que Jesus tomou o nosso lugar, fazendo-se voluntariamente culpado. Pedro disse: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça”. Paulo escreveu: “O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade” (1Pe 2.24; Tt 2.14).
O valor da cruz de Cristo está na sua mensagem, que é “loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1Co 1.18). Por isso, como milhões de servos de Jesus, eu também canto: “Sim, eu amo a mensagem da cruz, ’té morrer eu a vou proclamar. Levarei eu também minha cruz, ’té por uma coroa trocar”.
Cristãos, erguei-vos e honrai a cruz de Cristo! Lembrai-vos sempre desta oportuna sentença: “É muito fácil levar Jesus no peito; o difícil é ter peito para andar com Ele”.
 
 


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