Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
De acordo com o livro dos recordes Guinness,
um homem judeu fora feito prisioneiro das autoridades soviéticas, por
motivo de dissidência política, durante quinze anos. Consta nos
registros que ele se tornara cristão quando estava na terrível prisão de
Gulag e também que, nesse período de tão penosa experiência, fora
sustentado pela sua fé no Messias Jesus Cristo e pela lembrança de seu
filhinho de quatro anos, o qual esperava rever um dia.
Quando finalmente foi libertado, aguardava com grande entusiasmo o tão
acalentado reencontro com seu filho, agora com 19 anos de idade. Quando
se abraçaram, o pai teve uma imensa satisfação ao perceber uma cruz
pendurada em seu pescoço.
Depois de terem conversado a respeito de várias coisas, o pai perguntou:
— Filho, qual é o significado dessa cruz que você carrega no peito?
— Para os jovens da minha idade, a cruz é apenas uma expressão da moda, nada mais — respondeu secamente o filho.
A decepção daquele pai é a mesma de muitos cristãos fiéis, quando veem
muitas pessoas com o mesmo comportamento daquele jovem. Para alguns, a
cruz tem apenas valor estético. Outros a tomam como amuleto protetor.
Não poucos a tratam como fetiche. Infelizmente, talvez para a maioria,
hoje, a cruz não significa nada mais que um objeto fora de moda.
Assim
como as ideologias e religiões trazem em seu bojo um símbolo visual que
sintetiza algum aspecto importante de sua crença e história — o nazismo
traz a suástica; o comunismo, a foice e o martelo; o judaísmo, a
estrela de Davi; o budismo, a flor de lótus; o islamismo, o crescente — o
cristianismo tem na cruz o seu mais importante símbolo visual.
Independentemente das diferenças entre os cristãos, estamos todos à
sombra da cruz. A morte de Cristo na cruz é o ponto de partida da fé;
sem este fato histórico não haveria cristianismo. A cruz, porém, nada é
sem o crucificado. Certamente isto ensejou Paulo a declarar: “Porque
decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado”
(1Co 2.2).
A centralidade da cruz como símbolo cristão teve sua origem no coração
do próprio Jesus. Por isso, a despeito do ridículo, pois a cruz era um
objeto de maldição, os cristãos não a descartaram como símbolo nem a
trocaram por outro menos ofensivo. Eles sabiam o que Jesus falara
repetidas vezes sobre seu sacrifício na cruz: “O Filho do Homem será
entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua
morte, ressuscitará” (Mc 9.31).
Foi por intermédio da morte de Jesus na cruz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5.19).
A morte de Jesus foi predita 700 anos antes de Cristo.
Isaías escreveu: “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Isso era uma
referência a Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
Com a sua morte, “Deus cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos
os profetas: que o seu Cristo havia de padecer” (Is 53.5; Jo 1.29; At
3.18).
A morte de Jesus foi vergonhosa e humilhante.
A morte na cruz era utilizada pelos romanos para punir ladrões e
escravos, os quais eram açoitados e depois crucificados. Jesus foi
exposto a esta mesma vergonha, como está escrito: “Cristo nos resgatou
da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)”
(Gl 3.13).
A morte de Jesus foi voluntária.
Jesus morreu porque quis. Ele disse: “O Pai me ama, porque eu dou a
minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou” (Jo 10.17). A sua atitude nada tinha de fatalista
nem de complexo de mártir. Ele queria tão somente cumprir a vontade de
Deus.
A morte de Jesus foi substitutiva.
Quem substitui alguém, toma o seu lugar e lhe faz as vezes. Isso quer
dizer que Jesus tomou o nosso lugar, fazendo-se voluntariamente culpado.
Pedro disse: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os
nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a
justiça”. Paulo escreveu: “O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de
remir-nos de toda iniquidade” (1Pe 2.24; Tt 2.14).
O valor da cruz de Cristo está na sua mensagem,
que é “loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos,
poder de Deus” (1Co 1.18). Por isso, como milhões de servos de Jesus, eu
também canto: “Sim, eu amo a mensagem da cruz, ’té morrer eu a vou
proclamar. Levarei eu também minha cruz, ’té por uma coroa trocar”.
Cristãos,
erguei-vos e honrai a cruz de Cristo! Lembrai-vos sempre desta oportuna
sentença: “É muito fácil levar Jesus no peito; o difícil é ter peito
para andar com Ele”.
Envie um e-mail para mim!
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