Agora
que a Copa do Mundo entrou na fase mais difícil, conhecida como
mata-mata, ou simplesmente eliminatória, cada partida tem de ter o seu
vencedor. Se no tempo regulamentar houver empate, parte-se para a
prorrogação; e se persistir o empate, as equipes se enfrentam nas
penalidades. Tem de haver um vencedor, um único vencedor, até a partida
final. Quem ganha, vibra e celebra; quem perde, lamenta e chora. E será
assim até que conheçamos a seleção Campeã do Mundo.
Não
existe lugar para erros, pois qualquer vacilo, por menor que seja, pode
selar a derrota definitiva de uma equipe, não importa o quanto seja
melhor do que a outra, ou mesmo se tinha maior volume de jogo, nem se
merecia ganhar. É assim na Copa. E a vida tem lá suas semelhanças,
quanto temos de lutar contra coisas e circunstâncias à nossa volta.
O
certo é que gostamos de ganhar, não importa o quanto nos custe. Mas nem
sempre acertamos tudo, às vezes não “jogamos” segundo as regras; nem
sempre superamos os obstáculos, às vezes não acertamos o alvo. As nossas
escolhas nem sempre são as melhores, e descobrimos que, na vida, existe
também o seu tudo ou nada.
Na
maioria das vezes, porém, temos de lutar na arena da nossa própria
alma, contra as animalidades do nosso caráter, contra as inclinações
pecaminosas da nossa natureza caída. E, acima de tudo, temos também de
fazer a coisa certa. Algo semelhante a ganhar o sorteio de uma
“compra-maluca” em um supermercado – onde tudo é grátis! O ganhador tem
uns poucos minutos para pegar o máximo de mercadorias possível. Esgotado
o tempo, os itens são contados, e o preço, totalizado.
Suponhamos
que, ao começar a marcação do tempo, a pessoa tenha ido direto para os
produtos mais caros. Podemos deduzir, então, que ela traçou uma
estratégia cuidadosa e sabia exatamente o que queria. Agora, suponhamos
que tenha enchido o carrinho com produtos inúteis, por exemplo, caixas
vazias de mostruário. O que diriam? “Quanta tolice! Por que não pegou o
que era mais caro?”
É
exatamente essa imagem que brota para o nosso tempo com a descrição que
o profeta Jeremias fez do povo de Israel em sua relação com Deus,
muitos séculos atrás. Segundo o profeta, o povo passou os dias
acumulando coisas vazias e inúteis. Ou seja: “trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito” (Jr 2.11). Em outras palavras, eles se afastaram de Deus, a fonte de todo o bem, para confiarem em objetos sem nenhum valor.
Jeremias
estava se referindo ao fato de Israel abandonar o Senhor e passar a
confiar em ídolos que não veem, não falam e nada podem fazer. Isto era
para ser motivo de espanto nos céus, diz o profeta: “Espantai-vos
disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor.
Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de
águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as
águas” (Jr 2.12-13).
Não
precisamos voltar tanto na história para constatar que grande tolice é
essa atitude. Causa preocupação o fato de não poucas pessoas, ainda
hoje, fazerem as mesmas coisas condenadas pelo antigo profeta. São
pessoas que agem “como meninos, agitados de um lado para outro e levados
ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef
4.14). Basta surgir um modismo, uma “pirotecnia” com algum verniz
teológico, e lá se vão eles. São como competidores que enchem o carrinho
com coisas que não têm nenhum proveito. Ou como jogadores que ganham a
Copa da futilidade.
Em
vez de colocarem sua confiança no Senhor, confiam no que diz o
enganador. Nem se dão conta se sua mensagem está fora de contexto ou em
flagrante contradição com a Palavra de Deus. Em lugar de exercerem a fé
no que Deus diz, praticam a fé na fé; ou seja: fé em coisas e pessoas, fé em métodos, fé no que podem fazer.
Quando
as pessoas são instruídas a confiar em coisas e métodos, elas estão
sendo levadas simplesmente à prática religiosa, que diante de Deus não
tem nenhum proveito. Usar sal grosso para espantar mau-olhado, colocar
um copo de água sobre rádio ou televisão para receber cura, utilizar
colete para expulsar encosto, dar dinheiro para receber bênçãos, entre
outros, é exercer fé na fé; é prática religiosa. Ao participarem de
correntes e campanhas agem como quem tenta vencer Deus pelo cansaço.
Isso nada tem a ver com o Evangelho ou com os princípios da fé, conforme
expressos nas Escrituras. São apenas escolhas religiosas.
Vejo
com pesar muitas pessoas frustradas e machucadas, sentindo-se infelizes
porque, mesmo tendo feito tudo, a sua fé parece não funcionar. Vejo
muitos espiritualmente esgotados, cansados da própria fé, com medo de
confiar em Deus. Como resultado, pesa-lhes ainda a autoacusação contínua
de que não creram como deveriam ou que a sua fé é insignificante.
As águas barrentas dessa neo-teologia dos “ganhadores de nada” não satisfazem a sede. A esses, serve o que Jesus diz: “Quem
beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água
que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe
der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.13-14).
No
tudo ou nada da vida, aprenda a confiar somente na Palavra de Deus,
pois só assim poderá dizer: “Tudo posso naquele que me fortalece”.
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
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