Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Tentações e provações são inerentes
à vida humana. Isso levou Roy Baumeister, professor de uma universidade
americana, a elaborar uma pesquisa sobre o tema junto a seus alunos. Eles
deveriam ficar em completo jejum durante um certo período de tempo e, depois,
deixados isolados com um prato de rabanetes e outro de biscoitos. Era permitido
aos alunos comerem os rabanetes, mas terminantemente proibido provarem dos biscoitos.
Com grande esforço, todos os alunos
conseguiram resistir à tentação de comerem os biscoitos. Como resultado desse teste,
logo depois, os alunos não conseguiram desempenhar tarefas intelectuais;
estavam psicologicamente exaustos. Concluiu-se que o autocontrole demanda
caráter, decisão, mas dispende uma grande carga de energia. A mente precisa ser
“recarregada” antes de poder ser usada novamente.
Algo que precisa ser entendido a
respeito de tentação e provação é que estas são dois lados de uma mesma moeda.
No grego, uma só palavra expressa ambos os conceitos. Mas há uma diferença
fundamental entre ser tentado e ser provado. Alexander Maclaren esclareceu essa
diferença num sermão intitulado “Fé testada e coroada”. Para ele, a tentação dá
a ideia de se apelar para a pior parte de uma pessoa, com o desejo de que se
submeta e faça o que é errado. A provação, por sua vez, significa um apelo à
melhor parte de uma pessoa, com o desejo de que ela resista.
Maclaren continua: “A tentação diz: Faça
isso porque é agradável; não seja impedido pelo fato de ser errado. A provação
diz: Faça isso porque é nobre e certo; não seja impedido pelo fato de ser
doloroso”.
Assim, em geral, uma pessoa sofre
tentação quando esta busca em si uma disposição de ânimo para praticar coisas
erradas ou censuráveis. Alguém é provado quando enfrenta uma situação aflitiva
ou penosa, que geralmente o atormenta, aflige e martiriza.
Podemos encontrar esses dois exemplos em
grandes homens.
O rei Davi foi
tentado quando viu Bete-Seba tomando banho num riacho. Sucumbiu. Dele saiu o
pior, providenciou para que o marido dela fosse morto, para encobrir o próprio
pecado. Quanto sofrimento adveio disso! Anos antes, quando jovem, foi provado
ao ter de enfrentar o gigante Golias. O exército de Israel fora intimidado por
quarenta dias, ninguém se habilitara à luta. Davi ousou confiar apenas no
Senhor. Venceu! Ali nascera um destemido e valoroso guerreiro, que veio a ser
rei.
O patriarca Abraão, no
Egito, foi tentado a mentir que sua bela esposa Sara era sua irmã, pois temia
ser morto. Dele brotara o pior. E quantos problemas enfrentou por isso! Anos
depois, enfrentou uma dura provação. Deus lhe pedira que oferecesse o seu filho
Isaque em holocausto. Ele resolveu obedecer. Deus havia dito que a sua descendência
através de Isaque seria numerosa. Ele cria que Deus poderia ressuscitar o seu
filho de entre os mortos. Isso o habilitou a se tornar o “pai de todos os que
creem”.
Vejamos o exemplo de Jesus. Quando
Ele foi tentado por Satanás quarenta dias no deserto, resistiu e venceu. Com
isso, se habilitou a nos ajudar, como está escrito: “Porque
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem
pecado”.
No jardim do
Getsêmani, Jesus foi provado. Ele estava para se oferecer como sacrifício para
a nossa salvação, receber sobre si todos os pecados da humanidade, se tornar
Ele próprio pecado; isso quebraria a comunhão eterna com o Pai e Ele teria que
provar a morte. Em agonia, pediu ao Pai que fosse passado de si esse cálice;
todavia, resolveu obedecer a vontade de Deus: “Faça-se a tua vontade”. O mundo
nunca mais foi o mesmo depois dessa decisão.
Assim é a vida, com
suas tentações e provações, que acometem a todos indistintamente. Mas
principalmente os líderes devem tomar cuidado com as respostas que dão às
tentações e provações da vida, pois tudo o que eles fizerem repercutirá nas
gerações seguintes.
Há aqueles que começam bem,
mas não sabem como terminar. Iniciam a vida sofrendo muitas provações, são
tentados, mas não se corrompem, não fazem alianças espúrias, vivem com
fidelidade, mesmo expostos a um ambiente eivado de corrupção. Mas depois, tentados
pelo poder, resolvem ceder, deixando o rastro de um caminho tortuoso que nunca
será esquecido.
Conclamo a todos a serem
fiéis a Deus; em vez de confiarem no homem que falha, confiem no Cristo que
venceu todas as tentações e provações. Só Ele poderá nos ajudar a fazer o
mesmo.
Envie um e-mail para mim!
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