sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sob o signo de tentações e provações





Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


 Imagem Réplica do Navio que transportou os Missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg de Nova Iorque para Belém do Pará em 19 de Novembro de 1910

Tentações e provações são inerentes à vida humana. Isso levou Roy Baumeister, professor de uma universidade americana, a elaborar uma pesquisa sobre o tema junto a seus alunos. Eles deveriam ficar em completo jejum durante um certo período de tempo e, depois, deixados isolados com um prato de rabanetes e outro de biscoitos. Era permitido aos alunos comerem os rabanetes, mas terminantemente proibido provarem dos biscoitos.

        Com grande esforço, todos os alunos conseguiram resistir à tentação de comerem os biscoitos. Como resultado desse teste, logo depois, os alunos não conseguiram desempenhar tarefas intelectuais; estavam psicologicamente exaustos. Concluiu-se que o autocontrole demanda caráter, decisão, mas dispende uma grande carga de energia. A mente precisa ser “recarregada” antes de poder ser usada novamente.

        Algo que precisa ser entendido a respeito de tentação e provação é que estas são dois lados de uma mesma moeda. No grego, uma só palavra expressa ambos os conceitos. Mas há uma diferença fundamental entre ser tentado e ser provado. Alexander Maclaren esclareceu essa diferença num sermão intitulado “Fé testada e coroada”. Para ele, a tentação dá a ideia de se apelar para a pior parte de uma pessoa, com o desejo de que se submeta e faça o que é errado. A provação, por sua vez, significa um apelo à melhor parte de uma pessoa, com o desejo de que ela resista.

        Maclaren continua: “A tentação diz: Faça isso porque é agradável; não seja impedido pelo fato de ser errado. A provação diz: Faça isso porque é nobre e certo; não seja impedido pelo fato de ser doloroso”.

        Assim, em geral, uma pessoa sofre tentação quando esta busca em si uma disposição de ânimo para praticar coisas erradas ou censuráveis. Alguém é provado quando enfrenta uma situação aflitiva ou penosa, que geralmente o atormenta, aflige e martiriza.

        Podemos encontrar esses dois exemplos em grandes homens.

        O rei Davi foi tentado quando viu Bete-Seba tomando banho num riacho. Sucumbiu. Dele saiu o pior, providenciou para que o marido dela fosse morto, para encobrir o próprio pecado. Quanto sofrimento adveio disso! Anos antes, quando jovem, foi provado ao ter de enfrentar o gigante Golias. O exército de Israel fora intimidado por quarenta dias, ninguém se habilitara à luta. Davi ousou confiar apenas no Senhor. Venceu! Ali nascera um destemido e valoroso guerreiro, que veio a ser rei.

        O patriarca Abraão, no Egito, foi tentado a mentir que sua bela esposa Sara era sua irmã, pois temia ser morto. Dele brotara o pior. E quantos problemas enfrentou por isso! Anos depois, enfrentou uma dura provação. Deus lhe pedira que oferecesse o seu filho Isaque em holocausto. Ele resolveu obedecer. Deus havia dito que a sua descendência através de Isaque seria numerosa. Ele cria que Deus poderia ressuscitar o seu filho de entre os mortos. Isso o habilitou a se tornar o “pai de todos os que creem”.

Vejamos o exemplo de Jesus. Quando Ele foi tentado por Satanás quarenta dias no deserto, resistiu e venceu. Com isso, se habilitou a nos ajudar, como está escrito: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”.

        No jardim do Getsêmani, Jesus foi provado. Ele estava para se oferecer como sacrifício para a nossa salvação, receber sobre si todos os pecados da humanidade, se tornar Ele próprio pecado; isso quebraria a comunhão eterna com o Pai e Ele teria que provar a morte. Em agonia, pediu ao Pai que fosse passado de si esse cálice; todavia, resolveu obedecer a vontade de Deus: “Faça-se a tua vontade”. O mundo nunca mais foi o mesmo depois dessa decisão.

        Assim é a vida, com suas tentações e provações, que acometem a todos indistintamente. Mas principalmente os líderes devem tomar cuidado com as respostas que dão às tentações e provações da vida, pois tudo o que eles fizerem repercutirá nas gerações seguintes.

Há aqueles que começam bem, mas não sabem como terminar. Iniciam a vida sofrendo muitas provações, são tentados, mas não se corrompem, não fazem alianças espúrias, vivem com fidelidade, mesmo expostos a um ambiente eivado de corrupção. Mas depois, tentados pelo poder, resolvem ceder, deixando o rastro de um caminho tortuoso que nunca será esquecido.

        Conclamo a todos a serem fiéis a Deus; em vez de confiarem no homem que falha, confiem no Cristo que venceu todas as tentações e provações. Só Ele poderá nos ajudar a fazer o mesmo.








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