terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cientistas estão perto de descobrir “partícula de Deus”

Editora Globo


Evento típico de um candidato a bóson de Higgs contendo dois fótons de alta energia (representados por torres em vermelho). As linhas amarelas são as trajetórias de outras partículas produzidas na colisão

Previsão é que sua existência possa ser comprovada no final de 2012


por Guilherme Rosa


Não, a descoberta da “partícula de Deus” não comprovaria a existência do Criador – nem o contrário. Essas partículas, mais conhecidas como bóson de Higgs, ganharam esse apelido porque explicariam como a natureza funcionaria em sua escala subatômica. Sua existência foi prevista por uma teoria desenvolvida por físicos na década de 60, chamada de Modelo Padrão, mas nunca havia sido comprovada. No dia 13 de dezembro, cientistas trabalhando no Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês), instalado na Suíça, anunciaram ter encontrado os primeiros sinais do bóson de Higgs. Esse era justamente um dos principais objetivos do LHC, o maior colisor de partículas do mundo, desde que ele foi inaugurado em 2008.

A descoberta da partícula serviria para comprovar a existência do campo de Higgs. Essa campo seria uma energia invisível que preenche o vácuo por todo o universo, sendo responsável por dar massa às partículas subatômicas, como elétrons e quarks. A teoria é que, logo depois do Big Bang, nenhuma partícula teria massa. Elas só se tornariam mais pesadas conforme entrassem em contato com o campo.

Já as partículas de luz, os fótons, não interagiriam com o campo, o que explica o fato de elas não terem massa e se moverem a grandes velocidades. Sem esse campo, todas as partículas que formam a matéria seriam como os fótons, além de incapazes de formar átomos.

Para encontrar o bóson de Higgs, os físicos trabalhando no LHC tiveram de colidir prótons a velocidades próximas à da luz e observar quais seriam as partículas resultantes. A maioria dessas partículas já era conhecida pelos físicos, mas eles previam que em alguns casos a colisão poderia ter criado o bóson de Higgs, que se desintegraria imediatamente.

Como não conseguiriam “perceber” essa rápida aparição do bóson, os cientistas tiveram de procurar por sinais de sua existência no excesso de outras partículas, que seriam o resultado de sua divisão. Esses sinais foram encontrados (na imagem que ilustra a matéria, eles seriam as retas vermelhas), mas não em número suficiente. Como o bóson de Higgs é um evento muito raro, ele precisaria ser constatado inúmeras vezes para ser considerado comprovado, e não um erro estatístico. Segundo as estimativas dos pesquisadores, todos os dados necessários para bater o martelo sobre sua existência estarão coletados até o final do ano que vem. Mas os resultados anunciados até agora já excitaram a comunidade física mundial, que vê cada vez mais perto a prova de uma das peças sobre as quais se monta o universo.     





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