sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As dificuldades nossas de todos os dias

  
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 


Geralmente, parece não custar nada fazer parte do grupo que costumeiramente se mostra queixosa das dificuldades, uma vez que reclamar de obstáculos é parte intrínseca de algumas culturas. Mas se alguém lhe dissesse para jamais se queixar, pois as dificuldades seriam responsáveis por grande parte de seu sucesso profissional ou de suas rendas, o que você diria?

Há inúmeras tarefas na vida que não envolvem nenhuma responsabilidade, apenas rotina, e não apresentam dificuldade alguma. Nessa esteira, há milhões de empregos que são até seguros, mas apenas modestamente remunerados. Em contrapartida, os empregos que dão “dores de cabeça” justificam os grandes salários. Por quê?

Ora, todos descobrimos, no decorrer da vida, um pouquinho de cada vez, que cada etapa da vida tem que ser plenamente vencida, não importando o tipo de desafio enfrentado. Aprendemos, igualmente, que não existe o caso de estarmos totalmente prontos para a vida, pois ela mesma nos ensina que viver é uma competição que jamais acaba, que é preciso ter coragem para vivê-la integralmente e fazer frente a todos os desafios.

Com o tempo, é necessário adquirir alguma capacidade de enfrentar com bravura os problemas da vida, ou graças ao acúmulo de experiências, ou decorrente dos conselhos sábios de verdadeiros amigos.

O enfrentamento de um problema depende muitas vezes da perspectiva com que olhamos o desafio. Por exemplo, se você é jovem e a empresa em que trabalha repentinamente abre falência, alguém inexperiente achará que você é um desempregado derrotado.

Alguém experiente, porém, dirá que você é uma pessoa de sorte. Talvez você esbraveje: “De sorte? Ora, eu acabo de perder vários anos da minha vida, talvez nem mesmo receba algum dinheiro, e você diz que eu tenho sorte?”

Então eu lhe direi que você tem sorte! Pois é sempre sorte quando alguém se desaponta cedo, porque logo aprende o caminho da coragem de perseverar e recomeçar. Digno de pena é aquele que, só aos 50 ou 60 anos, tendo vivido uma vida mansa e serena, de repente se acha diante de um desastre, ou envolto em uma grande e inescapável adversidade. Como sua alma não está enrijecida, não estando intimamente fortalecido por batalhas e provações anteriores, nunca aprendeu a recomeçar, e agora, “velho” demais para aprender, vem a sentir-se imobilizado pela apatia e autocomiseração.

Decerto, quando chegamos à meia-idade, geralmente estamos prontos para fazer a grande descoberta de conhecermos efetivamente que as dificuldades da vida não são intermitentes, são crônicas; não são uma interrupção caprichosa do processo normal da vida, elas constituem a própria vida!

O poeta Gonçalves Dias preconizou essa maravilhosa descoberta na famosa Canção do Tamoio: “Não chores da vida, meu filho, viver é lutar. A vida é combate que aos fracos abate, que aos fortes e aos bravos só pode exaltar”.

Com efeito, para enfrentar a vida e suas agruras é preciso ter coragem. Como disse Winston Churchill: “A coragem é a primeira das qualidades humanas, pois é a que garante as demais”. Muitos, porém, param nesse ponto; diante das dificuldades, ficam acuados e receosos de prosseguir. O magnífico conselho do missionário cristão David Livingstone, o grande desbravador da África, aponta o caminho a ser seguido: “Eu irei não importa aonde, contanto que seja para frente”.

Sem dúvida, assim como entendemos que todos os caminhos fáceis são de descida, sabemos também que a vida plenamente vivida é aquela cheia de riscos e dificuldades. Aqueles que querem erigir um “muro existencial” para evitar riscos, acabam se alijando da própria vida. Desse modo, muitos talentos se perdem por falta de alguma coragem. Todos os dias descem ao túmulo muitas pessoas obscuras de quem a timidez tolheu a iniciativa ou paralisou.

Uma parábola conta que um velho sábio perguntou aos jovens discípulos qual seria o lugar mais rico da terra. Os jovens falaram de muitos lugares: as minas de ouro, os campos petrolíferos, as minas de diamante. Falaram também das bolsas de valores, circulando trilhões de dólares diuturnamente, entre outras coisas. O velho sábio, porém, respondeu: “O lugar mais rico da terra são os cemitérios”.

Diante da perplexidade dos discípulos, ele acrescentou: “É nos cemitérios que estão enterrados grandes tesouros perdidos para sempre: as músicas que nunca foram cantadas, os livros que não foram escritos, as poesias jamais declamadas. Lá estão enterrados os sonhos não vividos e os projetos não realizados, de quem apenas passou pela vida, mas não viveu”.

Se você se sente abatido pelas dificuldades da vida, lembre-se que Jesus Cristo enfrentou o maior de todos os sacrifícios, pois morreu pelos nossos pecados e ressuscitou. Ele nos deu exemplo para termos uma vida abundante aqui na terra e a vida eterna no Céu. Entrega, pois, o teu caminho ao Senhor, confia Nele e o mais Ele fará!






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