Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Conta uma parábola que os dedos da mão estavam a discutir sobre qual seria o maior de todos. O Polegar disse: “Eu sou o maior, pois se a vida está boa ou ruim, enquanto vocês se fecham, eu me movo para cima ou para baixo e indico isso com precisão”. Então os outros pediram que ele levantasse sozinho uma bola de tênis, mas ele não pôde fazê-lo. O Indicador falou: “Eu sou o maior, pois sempre aponto o caminho ao viajante, para frente ou para trás, para a direita ou para a esquerda”. Desafiado a levantar a mesma bola sozinho, também não conseguiu.
O Maior-de-todos pediu que os demais ficassem em pé e, depois de se medir com estes, afirmou: “Vejam como eu sou, de fato, o maior de todos... sem comentários”. Mas instado a levantar a bola, também não conseguiu. O dedo Anular sorriu e bradou: “Ora, se é em mim que todos colocam suas alianças e anéis, então eu sou o maior”. Desafiado a levantar a bola, também não conseguiu. Por último, o Mindinho, desdenhando dos demais, inquiriu se eles não sabiam que as aparências enganam. E continuou: “Quando os grandes líderes discutem o futuro do mundo e tomam decisões difíceis, eles esmurram a mesa... e quem sofre as dores sou eu. Então, eu sou o maior”. Mas ele também não pôde levantar a bola sozinho.
Depois de discutirem a tolice de sua desavença, os dedos chegaram à conclusão de que só fariam alguma diferença se tivessem duas coisas: fé e união. Desse modo, juntos, finalmente conseguiram levantar a bola de tênis.
Quando o binômio fé e união está presente, então há respeito às diferenças individuais, a comunhão é mantida e busca-se o cumprimento de um propósito comum. Como membros da Igreja de Jesus Cristo, somos um só corpo e temos de fazer, com fé e união, aquilo que Deus nos ordenou. Jesus se utilizou dessa ideia de corpo numa metáfora oriunda da viticultura: “Eu sou a videira, vós, os ramos”. O apóstolo Paulo, semelhantemente, usou a mesma ideia: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”.
Desse modo, na Igreja, nenhum membro é mais importante que o outro. Como na parábola, temos necessidade de uma caminhada sob a égide da fé comum que opera na interdependência e ajuda mútua. Pois é nesse ambiente de espiritualidade latente do corpo que se cumpre a oração profética e sacerdotal de Jesus ao Pai: “Que todos sejam um... para que o mundo creia que tu me enviaste”.
Quando Deus nos manda realizar a Sua obra, temos a garantia de que nada nos faltará, pois o próprio Deus supre todas as coisas de que precisamos. Se somos fracos, Deus nos dá poder; se tímidos, nos dá ousadia. Se falta sabedoria, Deus a concede, pois é a fonte da sabedoria. Se falta dinheiro, Deus supre, pois é dono do ouro e da prata. Se portas se fecham, Deus abre e ninguém fecha. Podemos deduzir que, tendo tudo isso e não fazendo o que Deus manda, então o problema está em nós. E o problema começa quando somos tardios em entender que Deus requer basicamente duas coisas de Sua igreja: fé e união.
Numa ocasião, perguntaram a Jesus: “Que faremos para executarmos as obras de Deus?”. Ele respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que Ele enviou”. É isso que Deus requer em primeiro plano: crer, acreditar. Por isso a Bíblia declara: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. A Palavra também afirma a necessidade de união: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. Sabemos que o pecado que Deus mais abomina é a semeadura de contenda entre os irmãos.
Quando Deus olha para a Igreja, Ele procura encontrar fé e união. Mas, lamentavelmente, a fé pode ser um instrumento de desunião. Por exemplo, quando alguém tem fé para si só, mas não tem fé para andar com os outros irmãos, apesar das diferenças, esta mesma fé, em vez de unir, separa.
Se a nossa fé não nos unir, não seremos de forma alguma úteis ao nosso Deus. A fé que une é a que diz assim: “Deus nos mandou fazer, não nos importaremos com os que questionam, mas faremos juntos aquilo que Deus ordena”. Esse é o sentido de corpo, de Igreja.
Se o crente afirma ter fé, então duas coisas são esperadas dele: que ore muito por isso; e que faça algo, que contribua com seu esforço e recursos. Se ele não corresponde nesses dois níveis, então a sua fé não tem obras, é morta.
A fé que remove montanhas, que realmente funciona, é a que opera na união do corpo de Cristo. Foi por isso que Jesus disse aos discípulos: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Fé e união, Jesus aprova!
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