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Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Agora que estamos um pouco distantes do Dia dos Pais, no qual fomos
paparicados e inflados em nossos egos, é bom meditarmos sobre que modelo
de pais temos sido, uma vez que a figura do pai numa família é
fundamental, pois dele deriva, de várias formas, a formação psicológica e
emocional dos filhos.
É
natural que os filhos consigam ver na figura paterna um papel quase
cinematográfico, o de herói; e outros papéis coadjuvantes, traduzidos em
adjetivos como amigo, provedor, defensor, consolador, protetor. Por
isso, cada pai deve tomar tempo para refletir a respeito do tipo de
influência que tem sido principalmente aos filhos. A Bíblia diz: “Os
filhos são herança do Senhor”. Isto aponta para a responsabilidade de
prestar contas a Deus sobre que tipo de pais temos sido (Sl 127.3).
Sendo assim, é bom que cada pai se pergunte: Que modelo de pai sou eu?
Muitos pais têm a experiência de ouvir do próprio filho pequeno a seguinte afirmação: “Papai,
quando eu crescer quero ser como o senhor”. E qual pai não se emociona
ao ouvir tão inocente desejo? Quem, no mínimo, não medita a
respeito do modelo de pai que tem sido e sobre o exemplo que está
passando aos filhos? Os pais sensatos, ao ouvirem esta expressão de
desejo infantil, precisam ficar mais atentos, não para apresentar
exemplos aparentes, mas atitudes sinceras que possam ser seguidas pelos
seus pequeninos.
Uma
boa referência para ajudar nessa avaliação é lembrar de seu próprio
pai, do exemplo que foi, da influência que deixou. Bem ou mal, cada um
de nós traz as marcas do pai e, muitas vezes, as reflete na vida. A
própria relação entre nós e Deus, o Pai, pode ser afetada, positiva ou
negativamente, a partir da realidade benéfica ou maléfica que recebemos
como legado de nossos pais.
A
sociedade ocidental tem sido marcada por profundas mudanças nas
relações familiares. Certos ventos de uma pretensa modernidade têm
deixado um rastro de confusão no aspecto comportamental dos filhos, pois
não poucos pais deixaram de compreender os limites de sua
responsabilidade no lar. Em nome da liberdade, confundem tolerância com
frouxidão moral, permissão com permissividade, falta de disciplina com
moderna psicologia familiar. Como resultado, há uma geração de jovens
que desconhecem limites e se sentem emocionalmente inseguros por não
terem uma forte referência moral e ética nas fronteiras do próprio lar.
A
resposta à indagação sobre que modelo de pai somos vai determinar o
legado que deixaremos aos nossos filhos e também vai dizer que tipo de
filhos teremos. O exemplo (fidelidade, integridade, equilíbrio) é um dos
maiores legados que um pai pode deixar aos filhos.
Os
pais não devem transferir exclusivamente a outros (estado, escola,
igreja, por exemplo) a formação moral e ética dos filhos. A Bíblia
orienta: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando
for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6). Não basta ensinar “o
caminho”, tem de dar exemplo, andar “no caminho” com o filho.
Aos
filhos cumpre obedecer aos pais e honrá-los, “pois isto é justo” diante
de Deus. Os pais devem criar seus filhos numa vida disciplinada, mas
não devem abusar de sua autoridade e suscitar ira nos filhos.
O
General Douglas MacArthur, Comandante-em-Chefe das Forças Aliadas no
Pacífico na 2ª Guerra Mundial, ao escrever a famosa “Oração de um pai”,
revelou o modelo de pai que queria ser ao mostrar como desejava que seu
filho fosse:
“Senhor,
dá-me um filho que seja forte o bastante para saber quanto é fraco; e
corajoso para se enfrentar a si mesmo quando tiver medo; que seja
orgulhoso e inflexível na derrota inevitável, mas humilde e manso na
vitória. Que ele te conheça e saiba que se conhecer a si mesmo é a pedra
angular do saber. Guia-o, eu te peço, não pelo caminho fácil do
conforto, mas sob a pressão e o aguilhão das dificuldades e dos
obstáculos. Que ele aprenda a manter-se firme na tempestade; e a ter
compaixão dos malogrados. Dá-me um filho de coração puro e ideais
elevados; que saiba dominar-se antes de procurar dominar os outros. Que
aprenda a rir, mas que não desaprenda a chorar; que tenha olhos para o
futuro, mas nunca esqueça o passado. E depois que lhe tiveres concedido
todas estas coisas, dá-lhe compreensão bastante para que seja sempre um
homem sério, sem contudo se levar demasiado a sério. Dá-lhe humildade,
Senhor, para que possa ter sempre em mente a simplicidade da verdadeira
grandeza, a tolerância da verdadeira sabedoria, a humildade da
verdadeira força. Então, eu, seu pai, ousaria murmurar: não vivi em
vão.”
Então,
se você, pai, quer ser um modelo para seu filho, sua oração deveria ter
este cerne: “Senhor, ajude-me a ser aquele homem que eu oro para que
meu filho se transforme”.
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