sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Esperando o candidato Godot



Estamos construindo esta grande Obra, marco da Geração do 1º Centenário, na História da “Igreja Mãe” das Assembleias de Deus no Brasil e no mundo. Sob a Direção do seu Presidente, Reverendo Samuel Câmara,Belém Pará-Brasil.
(Costa)


Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém





O Nobel de Literatura Samuel Beckett escreveu, na década de 1940, a peça “Esperando Godot”, que se tornou um clássico. Dois homens permanecem num palco vazio, com as mãos nos bolsos, olhando-se. E isso é tudo. Não há ação, nem enredo; eles apenas ficam lá, esperando Godot chegar, do início ao fim.

Mas quem é Godot? É uma pessoa? A quem representa: um santo, um demônio, ou algum político? O estudioso de ética Lewis Simedes sugere que Godot “representa os sonhos aos quais muitas pessoas se apegam como um escape”.

Na celebração do aniversário de 50 anos da peça, perguntaram a Beckett: “Agora diga, quem é Godot?” Ele respondeu: “Como vou saber?”

“Esperando Godot” é uma parábola da vida de muitas pessoas – vazia e sem sentido, a questão da espera inútil. Elas não fazem nada, não participam, apenas esperam que alguém apareça para fazer. Elas não se importam com o destino de seu país, como se dependesse delas. Não se dão conta de que, de tempos em tempos, esse destino fica literalmente em nossas mãos, quando decidimos, pelo voto, dar poder e autoridade às pessoas que nos governarão.

Elas estão esperando o “candidato Godot” chegar. Todos os outros candidatos, homens e mulheres de carne e ossos, imperfeitos, são vistos como “farinha do mesmo saco”, como se todo político fosse corrupto e todo candidato, um enganador.

O fato é que seremos responsáveis, por ação ou omissão, pelo que teremos adiante, pelo menos nos próximos quatro anos.

Se há quem deva se importar, por um dever de consciência e cidadania, é o que se diz seguidor de Cristo. Primeiro, porque temos uma parcela importante de responsabilidade social. Isso tem a ver com amar o próximo, com praticar a justiça e exercer a misericórdia. Decerto somos cidadãos do céu, vamos um dia morar com o Senhor; mas enquanto estivermos aqui, temos de fazer o “dever de casa”.

Segundo, se as coisas derem errado, normalmente os cristãos serão os primeiros a sofrer as consequências, pois no caos e na desordem, sem uma proteção institucional adequada, ficaremos à mercê da malignidade dos injustos e dos corruptos.

Embora a Bíblia ensine que “não há autoridade que não proceda de Deus”, em um regime democrático, onde as autoridades políticas são eleitas pelo voto popular, nós também somos igualmente responsáveis por aqueles que elegemos. Deus quer que a sociedade seja o mais harmônica possível, e isso tem a ver com as pessoas certas nos lugares certos. Temos, portanto, de elegê-las, pois “a autoridade é ministro de Deus para o nosso bem e para castigar o que pratica o mal” (Rm 13.1).

Outra coisa que temos que fazer é algo de natureza essencialmente espiritual. Temos de utilizar o poder da oração e suplicar a Deus pelo nosso País e por suas autoridades. Como está escrito: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus” (1 Tm 2.1-3).

Alguns cristãos sinceros e espirituais, ao se esconderem na ideia de que religião não se mistura com política, se omitem. Essa, no entanto, é uma maneira equivocada de ver a vida. O filósofo cristão Francis Schaeffer afirmou: “Hoje, a separação de Igreja e Estado é emitida para silenciar a igreja. Quando cristãos falam declaradamente sobre quaisquer questões, o tom de protesto da parte do Estado e dos meios de comunicação humanistas,  é que os cristãos estão proibidos de falar, porque existe separação entre Igreja e Estado. O conceito é usado hoje de modo totalmente oposto ao intento original. A consequência dessa doutrina leva à retirada da religião como influência no governo civil”. (Manifesto Cristão)

Votar, participar, trabalhar por justiça e equidade são atos de alta espiritualidade, em todos os sentidos, assim como jejuar, orar, contribuir e fazer missões, pois também são uma maneira de amar o próximo e buscar a vontade de Deus.

Como não adianta ficar esperando o “candidato Godot”, pois este não existe, escolha alguém que representa o que você acredita, embora não seja um candidato perfeito, e vote com a consciência limpa de que também está ajudando a construir o seu próprio destino. E que Deus nos ajude!


E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv








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