terça-feira, 7 de maio de 2013

Coragem para enfrentar as crises






Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém




Podemos facilmente intuir que crise pode ser uma manifestação violenta e repentina de ruptura do equilíbrio, um estado de dúvidas e incertezas, de tensão e conflito. Desse modo, crise é uma fase difícil e grave na evolução das coisas, dos fatos e das ideias, cuja presença tem uma enorme capacidade de incomodar.
Em um plano mais amplo, muito já se falou em crise do petróleo, crise do Oriente Médio, crise cambial, crise de governabilidade, entre outras; agora, na ordem do dia, fala-se em crise de moralidade e de ética, crise energética com possibilidade de apagão etc. Em termos pessoais, há as crises nossas de cada dia, quer se trate das constantes adaptações da nossa personalidade ou dos turbilhões que enfrentamos na busca de um lugar ao sol.
As crises fazem parte da vida, todos temos de passar por elas. No entanto, ninguém pode negar que, na vida, os momentos mais significativos são precedidos exatamente por crises. Mesmo que seja difícil perceber a sua utilidade enquanto esta se processa, a crise, uma vez superada, se mostra como uma passagem inevitável e obrigatória do nosso sucesso.
Mas como devemos nos comportar em relação à crise? Há diversos comportamentos humanos numa situação de crise, dos quais destacamos cinco.
Há pessoas que veem a crise como uma catástrofe, como decomposição e o fim da ordem e da continuidade. Para esses a crise é algo anormal que devemos evitar a todo custo. São os Catastróficos.
Há aqueles que se dão conta da crise, mas, em vez de explorar as forças positivas contidas nela, fogem para o passado, numa tentativa de imitar e reconstituir os costumes, as categorias de pensar e a vida do passado. São os Arcaizantes.
Há os que resolvem a situação de crise fugindo para o futuro. Eles se situam dentro do mesmo horizonte que os arcaizantes, apenas num outro extremo. São os Futuristas.
Há também os que resolvem a crise escapando dela num processo de interiorização. Eles se dão conta do horizonte enuviado, mas se fazem de cegos. Evitam o confronto, preferem não saber, não ouvir, não ler e não se questionar. Querem permanecer no seu pequeno mundo. São os Escapistas.
O mais benéfico comportamento diante da crise é o dos Responsáveis. São aqueles que veem na crise uma chance de uma nova vida. Buscam tematizar as forças positivas contidas na crise e formulam uma resposta integradora das variadas dimensões da vida. Não rejeitam o passado por ser passado, mas aprendem dele como um repositório das grandes experiências humanas. Não se eximem de fazer novas experiências. Todo valor, donde quer que venha, é apreciado como valor e deverá ajudar na formulação de um modelo de vida que possa ser vivido e tenha a chance de levar corajosamente a história adiante e dar sentido à vida. (BOFF, Leonardo.)
Onde você se situaria nessas conceituações?
Em relação aos problemas políticos nacionais, esses comportamentos podem ser vistos principalmente nos exemplos seguintes.
Os catastróficos acham que está tudo apodrecido, que ninguém presta, que todos os políticos são ladrões e corruptos. Os arcaizantes preferem pensar que é melhor sentir “saudades do Sarney” do que tentar mudar a presente situação. Os futuristas continuam a teimar que o Brasil é o país de um futuro que nunca chega. Os escapistas preferem não votar, não participar, não escolher, para não se comprometerem. Os responsáveis são os que estão tentando passar o Brasil a limpo, estão denunciando os corruptos e punindo os criminosos, lutando de alguma forma para termos um país melhor.
Saiba que a Palavra de Deus apresenta a esperança cristã como um quadro futuro de superação de todas as crises. Jesus mesmo profetizou que as crises eram algo inerente à vida: “No mundo tereis aflições”; porém acrescentou: “mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Paulo afirma o “certificado de garantia” do crente: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
Não permita, pois, que crise alguma lhe barre a caminhada, continue guardando a fé e lutando corajosamente o bom combate da vida. Enquanto nossa esperança não se concretiza, temos de continuar sendo “sal da terra” e “luz do mundo”, buscando sempre ser instrumentos de bênção para os que precisam.




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