segunda-feira, 13 de maio de 2013

O melhor credo da vida

 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
 
  
Conta-se que certo doente de um hospital psiquiátrico permanecia com o ouvido encostado na parede.
—  O que você está fazendo aí? – perguntou-lhe a enfermeira.
— Silêncio! – cochichou o doente, acenando para que a enfermeira também encostasse o ouvido na parede. A enfermeira concordou, permanecendo ali durante alguns minutos, enquanto prestava atenção.
—  Não estou ouvindo nada! – ela disse.
—  Eu também não – replicou o doente com a testa franzida de preocupação. É assim o dia inteiro!
As preocupações não somente fazem parte da vida, às vezes fica difícil se livrar delas. Porém, algumas pessoas, mais do que outas, passam a vida gerenciando preocupações, enquanto esse estado psicológico convulsivo vai minando seu entusiasmo e suas energias, minguando suas perspectivas e sonhos, ao mesmo tempo que enfeia e empobrece sua vida.
Desse modo, as pessoas que se preocupam com cada detalhe de sua vida, nutrindo preocupações quando não deveriam acolhê-las, são semelhantes ao paciente acima. Alguns se preocupam com o que poderia ter sido dito, outras com o que foi dito. Outros se preocupam com o que poderiam ter sido; outras com o que não aconteceu, mas deveria ter acontecido.
       Como afirma este sábio ditado popular: “A preocupação é como a cadeira de balanço: mantém você ocupado, porém não o leva a lugar algum”.
       Há coisas que não podemos mudar, mas temos de aprender a enfrentá-las e a seguir em frente. Há coisas que superam nossas forças, suplantam nossas perspectivas e tentam nos paralisar, mas temos de saber colocar o nosso foco para além das suas ameaças e confiar em Deus, que é o único que pode realmente nos ajudar.
Isso refere-se ao credo da sua vida, cujo cerne tem a ver com o enfrentamento das complicações que a vida lhe oferece, mas sem perder a fé ou deixar caducar a esperança nas infalíveis promessas de Deus, nem tampouco estancar a doçura de um coração livre.
Por exemplo, o apóstolo Paulo, no final de sua vida, tinha tudo para sentir-se triste e derrotado. Já idoso e fisicamente cansado das muitas lutas, ele se encontrava preso em Roma, a maioria de seus amigos o abandonara, a igreja que ele ajudara a edificar não o defendera em juízo, falsos amigos se aproveitaram dele e lhe causaram males irreparáveis, entre outras coisas ruins. Mas não; ele não se sentiu acuado, não se deixou vencer pelas preocupações nem perdeu o entusiasmo pela vida.
De sua pena, na prisão, brotaram as chamadas “cartas do cativeiro” onde ele destilava um indizível entusiasmo, não rancor ou amargura, como seria natural. Ele instava com os irmãos: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp 4.4). Isso era o mesmo que dizer: “Vivam a vida com entusiasmo!”. Ele sabia que a sua força vinha do Senhor e que nada “de fora” perturbaria a sua alegria de viver. Embora velho na idade, era jovem no espírito; mesmo com o corpo cansado, esbanjava vitalidade na alma.
       O escritor Samuel Ullman, em seu livro “Do Alto de Oito Dezenas de Anos”, conseguiu externar a essência dessa mensagem paulina quando escreveu:
“A juventude não é um período da vida. É um estado de espírito. É o vigor da vontade, a qualidade da imaginação, a força das emoções, a predominância da coragem sobre a timidez, do desejo de aventura de preferência ao amor à comodidade. Ninguém envelhece pelo simples fato de viver um determinado número de anos. As pessoas só envelhecem quando abandonam seus ideais. Os anos enrugam a pele, a desistência do entusiasmo enruga a alma.”
“A preocupação, a dúvida, a falta de confiança em si mesmo, o medo e o desespero fazem curvar a cabeça e voltar ao pó o espírito em desenvolvimento. Uma pessoa é tão jovem quanto a sua fé, tão velha quanto a sua insegurança; tão jovem quanto a sua capacidade de confiar, tão velha quanto o seu desassossego. Quando desce o pano, e todos os pontos centrais do coração estão cobertos pelas névoas do pessimismo e pelo gelo do ceticismo, então —  e só então —  estamos realmente velhos, e que Deus tenha piedade de nossa alma.”
Paulo sabia que para viver com entusiasmo era preciso manter uma atitude alegre. Poucas coisas são tão desagradáveis quanto ficar perto de alguém vencido pelas preocupações e mal-humorado. Devemos ter em mente o que disse o sábio Salomão: “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos” (Pv 17.22).
Quando mantemos uma atitude alegre e confiante em Deus, podemos ver os problemas mais como oportunidades de milagres e vitórias, não como prenúncios de derrotas. Isso torna a vida mais interessante e frutífera. É necessário também conservar jovem o coração, mantendo o entusiasmo e a fé, tanto pelos benefícios que isso nos traz como pelo bem que faz aos outros.
       Alegre-se no Senhor e confie Nele! Viva com entusiasmo! Esse é o melhor credo da vida!
 
 


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