sábado, 20 de julho de 2013

A força da minoria


  
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 
O povo de Israel estava sob o jugo pesado dos midianitas, a quem servia há sete anos, como resultado da sua maldade e desobediência diante do Senhor. Repetidamente os midianitas e outros povos hostis pilhavam seus bens e colheitas, destruíam as plantações restantes, roubavam seus animais, deixando um rastro tão devastador que a terra ficava totalmente destruída. Foi então que todo o povo clamou ao Senhor, que ouviu sua súplica e enviou um libertador.
    Quando Gideão teve a sua confiança no Senhor fortalecida e se dispôs a libertar o país daquela opressão ferrenha, fez tocar a trombeta a fim de reunir guerreiros voluntários para a guerra de libertação. Trinta e dois mil homens responderam à convocação. Mas Deus achou que era muita gente. Gideão dispensou então os tímidos e medrosos. Só restaram dez mil. Deus também disse que isso era muito. Depois do último teste, sobraram somente trezentos homens. Era com esses “poucos” que o Senhor queria livrar o Seu povo, para que Israel não pensasse que a sua própria força militar o tinha livrado da confederação de nações aliada aos midianitas, cujo exército era uma multidão que “cobria o vale como gafanhotos” (Jz 7.12).
         A Bíblia registra que foi essa “minoria” obediente ao Senhor que infligiu uma derrota devastadora aos seus inimigos, fazendo aquela terra viver um novo período de paz e prosperidade.
         Quando o povo de Israel estava prestes a empreender a vitoriosa campanha de conquista da Terra Prometida, chamada Canaã, Moisés enviou doze homens para espiar a terra durante quarenta dias. Quando regressaram, falaram da fartura da terra, das cidades fortificadas e dos gigantes que lá havia. Dez deles concluíram seu relatório de um modo pessimista e desanimador: “Éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos” (Nm 13.33).
         O resultado foi igualmente desalentador. Todo o povo chorou, murmurou, ameaçou seus líderes, pressionou para voltar ao Egito, enfim, viu apenas dificuldades e derrota à sua frente. Mas os outros dois espias, Josué e Calebe, tinham um espírito diferente. Eles animaram o povo, reconhecendo que o relatório era verdadeiro, que as dificuldades realmente existiam, mas acreditavam que Deus estava com eles e que nada deveriam temer.
         Que força, então, tinha essa “minoria” diante de uma maioria esmagadora de pessoas desanimadas e vencidas?
         Essa poderia ser a mesma pergunta dos brasileiros que vivem corretamente e são cumpridores de seus deveres – que certamente se acham pequenos, sozinhos e impotentes – diante do quadro de destempero ético no Congresso Nacional, perante a escalada de criminalidade em nossas cidades, e também pelos inúmeros escândalos envolvendo importantes líderes em nossa sociedade.
         Somos diuturnamente abalados pelas notícias ruins em tantas situações que podemos facilmente desanimar, achando que tudo vai desmoronar. Mas nem tudo está perdido.
         Quanto a Israel, graças a Deus, prevaleceu a força do caráter e da fé de quem, embora sendo minoria, preferiu obedecer a Deus mesmo em face das enormes dificuldades à sua frente. Josué liderou o povo na conquista de Canaã, mas os dez espias duvidosos, assim como toda aquela geração incrédula, morreram no deserto. Calebe também foi abençoado porque tinha um espírito diferente e seguiu a Deus de todo o coração (Nm 14.24).
         Deus frequentemente realiza coisas grandes e poderosas por meio de pessoas fracas e em pequeno número. Desta maneira Ele é glorificado e nós permanecemos humildes, pois as vitórias alcançadas só podem ser atribuídas ao Seu poder e à Sua direção, não aos nossos próprios recursos humanos e limitados.
         Há outros fartos exemplos na Bíblia. Na época em que Noé e seus filhos construíram a arca, embora sendo minoria, acabaram prevalecendo contra o Dilúvio. Quando José foi vendido pelos próprios irmãos e enviado ao Egito como escravo, estava sozinho, mas confiou em Deus e venceu, tornando-se depois salvador de todos os povos daquelas terras.
         Você pode achar que é apenas um indivíduo, que tem pouca força e nada a oferecer, que ninguém irá lhe ouvir, e que, por isso, nada poderá fazer. Mas, ao contrário, cada pessoa pode ser uma força poderosa para o bem. Lembre-se: Deus pode usar a sua vida para inspirar outras pessoas e formar a força-tarefa de uma minoria que não se dobra aos desmandos éticos e morais em nossa sociedade. Deus pode fortalecer espiritualmente a sua vida para que não deixe vicejar qualquer tipo de criminalidade ou desvio de comportamento, ou qualquer outra coisa errada e expressamente contra a vontade de Deus para a nossa sociedade.
         A maioria nem sempre escolhe bem. Por isso é importante despertar a minoria que acredita no poder de Deus para vencer obstáculos aparentemente intransponíveis e mudar coisas que parecem imutáveis.
         O Brasil ainda tem jeito! Com oração e ação, com fé e boas obras, a minoria de brasileiros do bem deve atender ao chamado de Deus a continuar crendo que ainda há esperança para o nosso querido Brasil.
 

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