Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
O
povo de Israel estava sob o jugo pesado dos midianitas, a quem servia
há sete anos, como resultado da sua maldade e desobediência diante do
Senhor. Repetidamente os midianitas e outros povos hostis pilhavam seus
bens e colheitas, destruíam as plantações restantes, roubavam seus
animais, deixando um rastro tão devastador que a terra ficava totalmente
destruída. Foi então que todo o povo clamou ao Senhor, que ouviu sua
súplica e enviou um libertador.
Quando Gideão teve a sua confiança no Senhor fortalecida e se dispôs a
libertar o país daquela opressão ferrenha, fez tocar a trombeta a fim de
reunir guerreiros voluntários para a guerra de libertação. Trinta e
dois mil homens responderam à convocação. Mas Deus achou que era muita
gente. Gideão dispensou então os tímidos e medrosos. Só restaram dez
mil. Deus também disse que isso era muito. Depois do último teste,
sobraram somente trezentos homens. Era com esses “poucos” que o Senhor
queria livrar o Seu povo, para que Israel não pensasse que a sua própria
força militar o tinha livrado da confederação de nações aliada aos
midianitas, cujo exército era uma multidão que “cobria o vale como
gafanhotos” (Jz 7.12).
A Bíblia registra que foi essa “minoria” obediente ao Senhor que
infligiu uma derrota devastadora aos seus inimigos, fazendo aquela terra
viver um novo período de paz e prosperidade.
Quando o povo de Israel estava prestes a empreender a vitoriosa
campanha de conquista da Terra Prometida, chamada Canaã, Moisés enviou
doze homens para espiar a terra durante quarenta dias. Quando
regressaram, falaram da fartura da terra, das cidades fortificadas e dos
gigantes que lá havia. Dez deles concluíram seu relatório de um modo
pessimista e desanimador: “Éramos aos nossos próprios olhos como
gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos” (Nm 13.33).
O resultado foi igualmente desalentador. Todo o povo chorou, murmurou,
ameaçou seus líderes, pressionou para voltar ao Egito, enfim, viu apenas
dificuldades e derrota à sua frente. Mas os outros dois espias, Josué e
Calebe, tinham um espírito diferente. Eles animaram o povo,
reconhecendo que o relatório era verdadeiro, que as dificuldades
realmente existiam, mas acreditavam que Deus estava com eles e que nada
deveriam temer.
Que força, então, tinha essa “minoria” diante de uma maioria esmagadora de pessoas desanimadas e vencidas?
Essa poderia ser a mesma pergunta dos brasileiros que vivem
corretamente e são cumpridores de seus deveres – que certamente se acham
pequenos, sozinhos e impotentes – diante do quadro de destempero ético
no Congresso Nacional, perante a escalada de criminalidade em nossas
cidades, e também pelos inúmeros escândalos envolvendo importantes
líderes em nossa sociedade.
Somos diuturnamente abalados pelas notícias ruins em tantas situações
que podemos facilmente desanimar, achando que tudo vai desmoronar. Mas
nem tudo está perdido.
Quanto a Israel, graças a Deus, prevaleceu a força do caráter e da fé
de quem, embora sendo minoria, preferiu obedecer a Deus mesmo em face
das enormes dificuldades à sua frente. Josué liderou o povo na conquista
de Canaã, mas os dez espias duvidosos, assim como toda aquela geração
incrédula, morreram no deserto. Calebe também foi abençoado porque tinha
um espírito diferente e seguiu a Deus de todo o coração (Nm 14.24).
Deus frequentemente realiza coisas grandes e poderosas por meio de
pessoas fracas e em pequeno número. Desta maneira Ele é glorificado e
nós permanecemos humildes, pois as vitórias alcançadas só podem ser
atribuídas ao Seu poder e à Sua direção, não aos nossos próprios
recursos humanos e limitados.
Há outros fartos exemplos na Bíblia. Na época em que Noé e seus filhos
construíram a arca, embora sendo minoria, acabaram prevalecendo contra o
Dilúvio. Quando José foi vendido pelos próprios irmãos e enviado ao
Egito como escravo, estava sozinho, mas confiou em Deus e venceu,
tornando-se depois salvador de todos os povos daquelas terras.
Você pode achar que é apenas um indivíduo, que tem pouca força e nada a
oferecer, que ninguém irá lhe ouvir, e que, por isso, nada poderá
fazer. Mas, ao contrário, cada pessoa pode ser uma força poderosa para o
bem. Lembre-se: Deus pode usar a sua vida para inspirar outras pessoas e
formar a força-tarefa de uma minoria que não se dobra aos desmandos
éticos e morais em nossa sociedade. Deus pode fortalecer espiritualmente
a sua vida para que não deixe vicejar qualquer tipo de criminalidade ou
desvio de comportamento, ou qualquer outra coisa errada e expressamente
contra a vontade de Deus para a nossa sociedade.
A maioria nem sempre escolhe bem. Por isso é importante despertar a
minoria que acredita no poder de Deus para vencer obstáculos
aparentemente intransponíveis e mudar coisas que parecem imutáveis.
O Brasil ainda tem jeito! Com oração e ação, com fé e boas obras, a
minoria de brasileiros do bem deve atender ao chamado de Deus a
continuar crendo que ainda há esperança para o nosso querido Brasil.
Envie um e-mail para mim!
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