Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
O
povo brasileiro está clamando por mudanças imediatas na política, na
economia, no trato social, enfim, está proclamando em alto e bom som que
deseja mudar o Brasil. Não dá mais para ficar como está, é o que a voz
do povo ecoa das ruas. Por isso, em todo o país, centenas de
manifestações, milhões de pessoas em passeatas, tudo por um Brasil não
apenas diferente, mas muito melhor e bem mais justo. Em razão disto, os
políticos estão perplexos, e as autoridades, atônitas; e todos se
indagam como os institutos de pesquisa de opinião e os serviços de
inteligência foram pegos no contrapé, não conseguindo prever essa
ebulição da brava gente brasileira que tomou as ruas para protestar.
Tudo
o que se quer é consertar o Brasil. Muitos cartazes nas passeatas dizem
exatamente isso. Para alguns, o gigante acordou. Para outros, mudou-se o
status brasileiro de “deitado eternamente em berço esplêndido” para
“verás que o filho teu não foge à luta”. Fora a vergonhosa ação de
alguns baderneiros e vândalos, que merece o nosso veemente repúdio, o
atual movimento das ruas é justo e necessário, e tudo leva a crer que
veio para consertar o Brasil.
Decerto,
se nos fosse dado fazer um único pedido a Deus, e não fôssemos tão
egoístas, certamente deixaríamos de olhar para o próprio umbigo e
pediríamos que o Brasil fosse efetivamente consertado. Há muita
violência, corrupção desenfreada, injustiças infames, desigualdades
gritantes, serviços públicos sofríveis, tudo parece estar de “cabeça
para baixo”. Então, não seria demais desejar que o Brasil fosse colocado
de “cabeça para cima”.
Mas
como consertar o Brasil? Por que sofremos a pecha de termos um país que
muda continuamente para ficar sempre do mesmo jeito?
Geralmente,
fala-se muito que precisamos mudar os políticos. Mas eleição após
eleição as casas legislativas se renovam em parte, porém nada parece
mudar, pois os mesmos e absurdos pecados se perpetuam. Então nos damos
conta que não basta apenas mudar de políticos, que só isso não resolve o
problema.
Mesmo
que tivéssemos todos os políticos mudados no caráter e convertidos ao
bem comum do país, ainda restaria um sistema viciado e viciante,
corrompido e corruptor, que alicia os fracos de caráter e dá guarida aos
oportunistas. Portanto, pelo clamor das vozes nas ruas, é mister que
haja uma reforma política que contemple a ampliação da participação
popular e o ajuste os critérios de representação dos eleitores e que,
por fim, venha a acabar com a corrupção e alijar os políticos
corruptos.
O
modelo político representativo traz uma certeza óbvia, oriunda do fato
de que os políticos são representantes do povo, portanto, um extrato da
mesma sociedade que os elegeu e os comissionou através do instrumento
democrático do voto. Isso nos leva a um axioma social incontornável, que
uma sociedade doente elegerá políticos doentes, uma sociedade corrupta
elegerá políticos corruptos, ou uma sociedade honesta elegerá políticos
honestos.
Nas
ruas, o povo brasileiro está dando um brado retumbante de que basta de
corrupção, basta de roubalheira, basta de enganação. É preciso consertar
o Brasil!
A
seguinte parábola pode nos ajudar a pensar nesse assunto de forma mais
objetiva. Conta-se que um cientista estava resolvido a encontrar os
meios de solucionar os problemas do mundo, quando passava muitos dias em
seu laboratório em busca de respostas.
Certo
dia, seu filho de sete anos adentrou ao laboratório. O cientista,
nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro
lugar. Vendo, porém, que seria impossível demovê-lo, procurou dar-lhe
uma tarefa para distrair sua atenção. Deparou-se com o mapa do mundo e
teve uma idéia. Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários
pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, o entregou ao filho.
— Como você gosta de quebra-cabeças, vou lhe dar o mundo para consertar. Veja se consegue consertá-lo!
Ele calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Mas, pouco tempo depois, o menino retornou.
— Papai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
A
princípio, o pai não deu crédito ao filho. Relutante, levantou os olhos
de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.
Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido
colocados nos devidos lugares. Como o menino fora capaz?
— Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
—
Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da
revista para recortar, vi que do outro lado havia a figura de um homem.
Eu tentei consertar o mundo, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do
homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem, que eu sabia
como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que
havia consertado o mundo.
Consertar o homem para poder consertar o mundo. Consertar o brasileiro
para consertar o Brasil. Essa é a moral da parábola. Só Jesus pode
consertar o brasileiro. Jesus é a única esperança para o Brasil.
Volte-se para Deus, Brasil. Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!
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