segunda-feira, 29 de julho de 2013

Como ter uma vida frutífera


 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
  
 
No Sermão do Monte, Jesus fez uma firme crítica contra os líderes religiosos do seu tempo, chamando-os de falsos profetas, além de dizer que o povo devia se acautelar dos tais, pois eles eram dissimulados e se apresentavam “disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”.
Nesse ponto, para clarear a mente dos ouvintes sobre o assunto, Jesus introduziu uma metáfora sobre árvores e frutos, dizendo: “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.15,16).
Isso significava também que Jesus, quando convivia com pessoas religiosas, não atentava para a sua aparência de religiosidade, não se detinha no rigor ascético que as mesmas procuravam ostentar, mas buscava sempre o verdadeiro fruto espiritual que deveriam produzir. Ele sempre detestava e condenava a hipocrisia. Preferia a “cara limpa” de publicanos e pecadores à “cara maquiada” de religiosos hipócritas.
Jesus acrescentou: “Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”.
Na perspectiva bíblica, as pessoas que vivem fora do padrão de Deus são consideradas como árvores más que dão frutos maus. As pessoas piedosas são comparadas a árvores saudáveis e frondosas, plantadas próximas dos ribeiros, cheias de folhas e sempre dando bons frutos na estação própria.
Em razão disso, ao descrever a pessoa piedosa e compromissada com Deus, o salmista escreveu: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.3).
Nesse caso, fica uma pergunta: como pode alguém ser uma árvore frutífera e dar sempre bom fruto?
Creio que há pelo menos quatro coisas que inevitavelmente nos tornarão frutíferos na vida.
Em primeiro lugar, precisamos entender que a nossa firmeza está em Deus. Não podemos nos firmar em posses ou títulos, nem em nossos talentos ou na popularidade; antes, precisamos estar firmes em Deus e viver na força que Ele supre por Sua maravilhosa graça e inesgotável misericórdia. Só assim revelaremos um caráter verdadeiramente cristão e nossa vida inspirará outras vidas, além de não sermos carcomidos pelo pecado nem desfigurados pela hipocrisia.
Segundo, precisamos estar arraigados na Palavra de Deus. Só isso nos tornará fortes, pois os que estão profundamente arraigados na Palavra serão inabaláveis em tempos de tribulação ou de tentação. É nas horas de lutas que o verdadeiro caráter é provado. É nessa ocasião que brota o que realmente somos.
Terceiro, precisamos continuar crescendo, sempre. Assim como as árvores saudáveis mostram um novo anel de crescimento de tempos em tempos, nós também devemos crescer constantemente “na graça e no conhecimento de nosso Senhor” em busca de nos tornarmos cada vez mais imitadores de Cristo (2Pe 3.18; 1Co 11.1). Não devemos permitir que as lutas da vida nos abatam e nos destruam, antes, porém, consentir que o Senhor nos faça crescer através das mesmas.
Por último, precisamos ser uma fonte de bênção ao nosso próximo. Ser árvore e não dar fruto é uma contradição. Ser árvore e dar mau fruto é uma contravenção. Nossa vida só tem sentido se usamos todo o nosso potencial para abençoar outras vidas.
Muitas árvores proporcionam alimento, outras tantas dão sombra, e algumas são transformadas em lenha. Devemos principalmente proporcionar alimento espiritual e conforto para os nossos semelhantes, bem como usar o tempo e nossos talentos para sua edificação. Em suma, cada pessoa precisa cumprir a sua vocação de dar fruto, mas sempre se esforçando para dar bons frutos e, assim, ser uma verdadeira bênção para todos ao seu redor.
O fato é que Jesus colocou um distintivo clássico de aferição do caráter de uma pessoa, quando disse: “Pelo fruto se conhece a árvore”. A vida que levamos é o fruto, e isso mostra o tipo de árvore que somos. Se em nossa vida há bons frutos, beleza e crescimento dignos de serem mencionados, então teremos sempre bons motivos para louvar a Deus.
Mas, ao contrário, se somos fracos e improdutivos, precisamos urgentemente pedir a Deus misericórdia, aqui e agora, orando para que Ele adube as nossas raízes com a Sua preciosa graça vivificadora, de modo que a verdade da Palavra seja a seiva que nos fortalece; e o nosso caráter, o fruto que nos enobrece diante do mundo.
Cada pessoa precisa responder a essas questões: Que tipo de árvore eu sou? Qual a qualidade do fruto que eu estou produzindo?
Jamais se deixe iludir pelas facilidades teatrais da hipocrisia ou pelas espertezas malignas da impiedade, pois isso apenas levará você a se tornar “como a palha que o vento dispersa”. Seja antes como a árvore boa, que no devido tempo dá o seu fruto bom, pois é isto que vale diante de Deus.
 




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