domingo, 18 de agosto de 2013

O legado das testemunhas de Cristo

  
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
 
      
Conta-se que o conhecido pregador inglês Phillip Brooks (1835-1893), pretendendo levar sua esposa para um passeio, pediu ao funcionário do estábulo que lhe indicasse o melhor cavalo disponível. “Quero o melhor animal para essa bela ocasião”.
 
       Enquanto o homem atrelava o cavalo a uma carruagem, lhe disse: “Esse cavalo é tão perfeito quanto um animal pode ser. É gentil, inteligente, bem treinado, obediente, submisso, responde imediatamente aos comandos, nunca dá coices, não empaca, não morde; vive exclusivamente para agradar seu condutor”.
 
       Brooks, então, disse ao funcionário: “Será que esse cavalo não gostaria de frequentar a igreja onde sou pastor?”. Quão maravilhoso seria, pensava o pregador, se cada cristão fosse uma testemunha com tais qualidades!
 
       Como filhos de Deus, somos chamados para testemunhar a respeito de Jesus ao mundo. Antes de subir aos céus, Jesus disse aos discípulos: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas” (At 1.8). Isso, como se sabe, valeria para todos os discípulos em todas as épocas e lugares. E tal posição jamais foi fácil para qualquer geração. Principalmente quando o significado da palavra testemunha era bastante conhecido e óbvio aos ouvintes. Ora, testemunha advém da palavra grega martureo, de onde se originou a palavra mártir, cujo sentido mais clássico representa aquele que se sacrifica até à morte por uma causa.
 
Como, portanto, ser uma testemunha de Jesus quando somos tratados de forma hostil e com dureza pelos poderosos, ou quando sofremos os maus tratos dos tolos? Mas, quer admitamos ou não, são nessas ocasiões difíceis e intempestivas que as nossas reações e comportamento podem ser efetivamente o nosso melhor testemunho.
 
       Imagine a situação, muito comum hoje em dia, de uma mulher cristã cujo marido não compartilha a sua fé. O apóstolo Pedro disse que ela pode, por meio de sua conduta, ganhar o marido com um testemunho “sem palavra alguma” (1Pe  3.1). Isto porque o princípio espiritual aqui contido é que um cristão pode ser um exemplo poderoso e oferecer um testemunho eficaz do amor e da graça de Deus.
 
       Algumas pessoas, ao enfrentarem algum problema por causa de sua fé em Cristo, sentem-se inclinadas a ficar lamentando, cheias de autocomiseração. Mas devemos lembrar uns aos outros que nosso propósito na sociedade é servir de testemunhas do amor infinito de Deus e mensageiros ousados do Evangelho de Jesus Cristo, tanto por meio de palavras como de boas obras. E que fique claro, isso não implica em ter uma vida isenta de problemas.
 
       De vez em quando, inesperadamente, nos vemos numa situação totalmente cercados por pessoas ímpias, como se estivéssemos “nadando com os tubarões” – numa festa, numa convenção profissional, num alojamento, ou mesmo no local de trabalho – e a tentação das “paixões da mocidade” pode colocar a nossa vida toda em perigo. Quando isso acontece, o apóstolo Paulo orienta que a nossa melhor opção não é o enfrentamento, mas “fugir” da tentação e escolher fazer o que é certo (2Tm 2.22).
 
       Há provações que Deus permite para nos moldar segundo a Sua santa vontade. Às vezes Ele nos deixa passar por várias tribulações, nos coloca no “cadinho das aflições” para que a nossa fé seja “apurada pelo fogo” e se torne refinada (1Pe 1.7).
      
        Penso no processo de temperar o aço como um exemplo perfeito para ilustrar o que ocorre com o refinamento da nossa fé. Para produzir esse metal durável, a matéria prima é colocada num forno e submetida a temperaturas elevadíssimas. Quando o metal derrete e se torna brilhante é mantido numa temperatura exata até que se transforme em aço temperado. Quando esfria, o metal é duro o suficiente para manter uma boa lâmina e terno o suficiente para ser moldado sem quebrar.
 
Portanto, não importa quão difícil a vida possa ser. Se porventura sofrermos por sermos servos fiéis de Jesus Cristo, quer pelas circunstâncias que nos cercam ou pelas injustiças que nos atingem, temos de perseverar em viver como testemunhas efetivas do amor de Deus, da Sua graça e do Seu poder.
 
Quando uma testemunha de Jesus vive com coerência, alinhando convicções, ações, crenças e comportamentos – e isso quer dizer simplesmente viver consoante a Palavra que prega – conquista a credibilidade que tem o condão de influenciar pessoas. É esse reconhecimento de valores que confere autoridade moral de persuadir e influenciar outras pessoas a seguir o seu exemplo, sobre cujo solo sagrado de uma vida exemplar é construído o legado de bênção que deixará para a sua geração.
 
Isso aconteceu com Jesus. Certa feita, ao acabar de proferir um contundente discurso, “as multidões ficaram maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade” (Mt 7.29).
 
Precisamos seguir avante com nossa conduta piedosa, pela simples razão de sermos testemunhas de Cristo neste mundo. E lembrando sempre que não há posição mais elevada na vida.
 



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