Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
A
partir da década de 1950, principalmente, não poucos teólogos
proclamaram abertamente a “morte de Deus”. A opinião recorrente
asseverava que o progresso do conhecimento tinha tornado impossível aos
pensadores crer em Deus. Simples assim! Além disso, tais pensadores
disseram que chegara o tempo de enterrar definitivamente a ideia de um
Criador Todo-Poderoso “no cemitério dos mitos abandonados”.
Esses
teólogos (e não poucos filósofos) entendiam que se a crença em Deus
fosse abandonada, as ideias bíblicas de moralidade e significado da vida
deveriam ser abandonadas também. Em função do vazio filosófico e moral
causado pela exclusão de Deus das culturas e da vida, o homem procurou
cobrir esse fosso existencial e espiritual com imitações de deuses
afeitos aos seus próprios caprichos, inclusive o não-deus dos ateus.
Muito
embora essa ideia tenha se propagado de um modo rápido e assombroso,
tal como “fogo de palha”, não prosperou por muito tempo. Em suma, a Teologia da Morte de Deus
não vingou. Isso levou o historiador britânico Paul Johnson a comentar:
“Na perspectiva da espiritualidade humana, o fato mais extraordinário
do Século XX foi Deus ter fracassado em morrer”.
O
fato de alguns teólogos tentarem provar a não existência de Deus, esse
esforço em si mesmo, na realidade, apenas enfraquece os seus argumentos.
Addison Leitch, em seu livro Interpretando a Teologia Básica,
escreveu: “A não ser que um ateu esteja lutando contra o nada absoluto –
e isso nos faz admirar o seu zelo – então ele deve estar argumentando
contra algo que vê enraizado nele e em outros”.
O
reformador João Calvino declarou que todos os seres humanos têm uma
“consciência interior de Deus”. Por isso os antropólogos nunca acharam
vestígios de tribos ateias. Para destruir a fé em Deus, portanto, seria
necessário eliminar as estrelas, transformar o disciplinado processo da
natureza em um caos e, além disso, processar uma lobotomia em cada ser
humano.
Essa
crença inerente em Deus não prova que Ele existe, decerto, mas aponta
para essa direção. Quando C. S. Lewis era ateu, ele rejeitava a ideia de
um Ser divino por causa de toda a injustiça existente no mundo. Mas
quando ele se perguntou de onde havia tirado a ideia de justiça em
primeiro lugar, esbarrou em um problema incontornável. Lewis escreveu:
“Um homem não chama uma linha de torta a não ser que tenha alguma ideia
do que seja uma linha reta. Com o que eu estava comparando este Universo
ao chamá-lo de injusto?”.
Lewis
percebeu, enfim, que a injustiça no mundo apontava para alguém Superior
que havia estabelecido o padrão de justiça. Ele vira que seu argumento
em favor do ateísmo era muito fraco e, eventualmente, veio a crer em
Jesus como Senhor e Salvador. C. S. Lewis é o consagrado autor de
Crônicas de Nárnia e de outros clássicos da literatura.
Sabendo da tremenda tolice de alguém afirmar que Deus não existe, o
salmista declarou: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.
Corrompem-se e praticam iniquidade; já não há quem faça o bem” (Sl
51.1). Além do fato de que somente a insensatez pode gerar tal
afirmativa, o salmista sabia que Deus pode estar “como morto” para
alguém que ignora Seus mandamentos e viola Seus preceitos.
Talvez
por isso, tenha se tornado tão comum a muitas pessoas que se dizem
“cristãs”, viverem como se não tivessem que prestar contas a Deus,
professando um cristianismo sem Cristo, buscando uma redenção sem
sangue, seguindo um discipulado sem cruz, praticando uma fé sem obras,
vivendo uma religião sem amor. Essas pessoas que vivem como se Deus não
existisse, primam por seguir sua própria religião, cuja marca é não ter
compromisso moral e ético com nenhuma verdade que não seja a sua
própria. Assim, entra particularmente em cena, para estas pessoas e para
o mundo, uma religião egoísta densa de privilégios e isenta de deveres.
De
fato, com nossas palavras e ações impensadas, podemos tratar o Criador
do Universo como se Ele não existisse. Mas Deus não está impassível. O
salmista declarou: “Do céu, olha Deus para os filhos dos homens, para
ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus” (Sl 51.2). Quer
creiamos em ou não Deus, Ele sempre existiu e sempre existirá.
O
problema de muitas religiões, inclusive as monoteístas, é que seu
“deus” não é pessoal como o Deus único e verdadeiro da Bíblia. O Deus
eterno e santo que se revelou em Jesus Cristo quer manter um
relacionamento pessoal conosco, perdoando-nos, salvando-nos dos nossos
pecados e recebendo-nos como Seus filhos amados.
Se
quisermos conhecê-lo, Ele mesmo deu a receita: “Buscar-me-eis e me
achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). E
Jesus apontou o meio: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Creia em Deus e busque conhecê-lo. Isso faz uma imensa diferença!
Envie um e-mail para mim!
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