sábado, 10 de agosto de 2013

Teólogos mortos diante do Deus vivo



 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 
A partir da década de 1950, principalmente, não poucos teólogos proclamaram abertamente a “morte de Deus”. A opinião recorrente asseverava que o progresso do conhecimento tinha tornado impossível aos pensadores crer em Deus. Simples assim! Além disso, tais pensadores disseram que chegara o tempo de enterrar definitivamente a ideia de um Criador Todo-Poderoso “no cemitério dos mitos abandonados”.
Esses teólogos (e não poucos filósofos) entendiam que se a crença em Deus fosse abandonada, as ideias bíblicas de moralidade e significado da vida deveriam ser abandonadas também. Em função do vazio filosófico e moral causado pela exclusão de Deus das culturas e da vida, o homem procurou cobrir esse fosso existencial e espiritual com imitações de deuses afeitos aos seus próprios caprichos, inclusive o não-deus dos ateus.
Muito embora essa ideia tenha se propagado de um modo rápido e assombroso, tal como “fogo de palha”, não prosperou por muito tempo. Em suma, a Teologia da Morte de Deus não vingou. Isso levou o historiador britânico Paul Johnson a comentar: “Na perspectiva da espiritualidade humana, o fato mais extraordinário do Século XX foi Deus ter fracassado em morrer”.
O fato de alguns teólogos tentarem provar a não existência de Deus, esse esforço em si mesmo, na realidade, apenas enfraquece os seus argumentos.
Addison Leitch, em seu livro Interpretando a Teologia Básica, escreveu: “A não ser que um ateu esteja lutando contra o nada absoluto – e isso nos faz admirar o seu zelo – então ele deve estar argumentando contra algo que vê enraizado nele e em outros”.
O reformador João Calvino declarou que todos os seres humanos têm uma “consciência interior de Deus”. Por isso os antropólogos nunca acharam vestígios de tribos ateias. Para destruir a fé em Deus, portanto, seria necessário eliminar as estrelas, transformar o disciplinado processo da natureza em um caos e, além disso, processar uma lobotomia em cada ser humano.
Essa crença inerente em Deus não prova que Ele existe, decerto, mas aponta para essa direção. Quando C. S. Lewis era ateu, ele rejeitava a ideia de um Ser divino por causa de toda a injustiça existente no mundo. Mas quando ele se perguntou de onde havia tirado a ideia de justiça em primeiro lugar, esbarrou em um problema incontornável. Lewis escreveu: “Um homem não chama uma linha de torta a não ser que tenha alguma ideia do que seja uma linha reta. Com o que eu estava comparando este Universo ao chamá-lo de injusto?”.
Lewis percebeu, enfim, que a injustiça no mundo apontava para alguém Superior que havia estabelecido o padrão de justiça. Ele vira que seu argumento em favor do ateísmo era muito fraco e, eventualmente, veio a crer em Jesus como Senhor e Salvador. C. S. Lewis é o consagrado autor de Crônicas de Nárnia e de outros clássicos da literatura.
       Sabendo da tremenda tolice de alguém afirmar que Deus não existe, o salmista declarou: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam iniquidade; já não há quem faça o bem” (Sl 51.1). Além do fato de que somente a insensatez pode gerar tal afirmativa, o salmista sabia que Deus pode estar “como morto” para alguém que ignora Seus mandamentos e viola Seus preceitos.
Talvez por isso, tenha se tornado tão comum a muitas pessoas que se dizem “cristãs”, viverem como se não tivessem que prestar contas a Deus, professando um cristianismo sem Cristo, buscando uma redenção sem sangue, seguindo um discipulado sem cruz, praticando uma fé sem obras, vivendo uma religião sem amor. Essas pessoas que vivem como se Deus não existisse, primam por seguir sua própria religião, cuja marca é não ter compromisso moral e ético com nenhuma verdade que não seja a sua própria. Assim, entra particularmente em cena, para estas pessoas e para o mundo, uma religião egoísta densa de privilégios e isenta de deveres.
De fato, com nossas palavras e ações impensadas, podemos tratar o Criador do Universo como se Ele não existisse. Mas Deus não está impassível. O salmista declarou: “Do céu, olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus” (Sl 51.2). Quer creiamos em ou não Deus, Ele sempre existiu e sempre existirá.
O problema de muitas religiões, inclusive as monoteístas, é que seu “deus” não é pessoal como o Deus único e verdadeiro da Bíblia. O Deus eterno e santo que se revelou em Jesus Cristo quer manter um relacionamento pessoal conosco, perdoando-nos, salvando-nos dos nossos pecados e recebendo-nos como Seus filhos amados.
Se quisermos conhecê-lo, Ele mesmo deu a receita: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). E Jesus apontou o meio: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Creia em Deus e busque conhecê-lo. Isso faz uma imensa diferença!


 
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