sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ortodoxos recusam coligação de Livni e deixam Israel à beira de eleições






Imagem da líder do Kadima, Tzipi Livni
EPA O prazo fixado por Livni para a formação de um governo expira no domingo








A corrente política ortodoxa afastou-se esta sexta-feira das negociações para a formação de um governo de coligação em Israel, aproximando o país do cenário de eleições legislativas antecipadas. A nova líder do Kadima, Tzipi Livni, tem 48 horas para ultrapassar o obstáculo criado pela decisão do partido religioso Shas.








A perspectiva da partilha de Jerusalém entre Israel e um futuro Estado palestiniano, a par de uma discordância de fundo com as opções orçamentais dos centristas do Kadima no domínio da segurança social, estiveram na base da posição de ruptura do Shas.








A decisão, garante a liderança dos ortodoxos, é irreversível.








“O Shas tomou a decisão com base nos seus princípios. Se as nossas exigências tivessem sido acolhidas, continuaríamos nas negociações. Mas não foram atendidas, pelo que não podemos participar”, disse o presidente do partido, Eli Yishai.

Imagem do líder do partido Shas, Eli Yishai

“O Shas não pode ser comprado e recusa-se a abdicar de Jerusalém”, acrescentou.








O partido ortodoxo tem escorado sucessivos governos em Israel. A decisão anunciada esta sexta-feira poderá minar definitivamente os esforços de Tzipi Livni no sentido da formação de um executivo de coligação.








Direita aposta em eleições

O processo de negociações arrasta-se há seis semanas. E as dificuldades de Livni começaram logo após a sua eleição, a 17 de Setembro, para a sucessão de Ehud Olmert na liderança do partido Kadima.








A plataforma para a formação de uma “grande coligação” foi de imediato rejeitada pelo antigo primeiro-ministro e líder do Likud Benjamin Netanyahu.








As eleições antecipadas são o cenário pretendido pela Oposição de direita, que acentua agora as críticas à estratégia de Livni.








“Tzipi Livni insiste em procurar reunir todos os tipos de fragmentos partidários e formar uma espécie de governo desajeitado”, afirmou hoje o dirigente do Likud Gidon Saar.








Por seu turno, O Kadima acusa Netanyahu de estar a colocar os interesses do seu partido à frente dos problemas do país.








“Netanyahu sabe que as eleições são más para o país, mas considera que neste momento constituem o melhor para si e para o seu partido”, atirou Yoel Hasson, deputado do Kadima e aliado de Tzipi Livni.








O deputado acusa mesmo o antigo primeiro-ministro de ter sabotado as negociações com a promessa de um aumento das verbas para a segurança social, elemento-chave do programa do Shas.








Dentro de 48 horas expira o prazo fixado por Livni para a formação de um novo governo.









Carlos Santos Neves, RTP








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