Irã rejeita negociação com um resultado imposto pelos EUA

Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã

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TEERÃ — O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta terça-feira que o Irã rejeita qualquer negociação sobre a questão nuclear cujo resultado possa ser imposto previamente pelos Estados Unidos, em meio a uma nova escalada verbal entre Teerã e as potências ocidentais.

Na segunda-feira, as potências ocidentais aumentaram sua pressão sobre o Irã, pedindo que responda rapidamente ao projeto de acordo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"Não queremos negociação alguma cujo resultado seja imposto previamente pelos Estados Unidos", declarou Khamenei, na véspera do 30º aniversário da tomada de reféns na embaixada norte-americana em Teerã.
O Irã exige uma nova reunião internacional sobre o fornecimento de combustível nuclear para seu reator de pesquisas.

No discurso a estudantes, Khamenei questionou a política do presidente norte-americano Barack Obama, afirmando que sua oferta de diálogo ao Irã era acompanhada de ameaças, indicou a televisão estatal iraniana.
"Este novo presidente norte-americano (Barack Obama) enviou mensagens (...) propondo virar uma página e cooperar para resolver os problemas do mundo. Aparentemente, dizem negociar, mas ao mesmo tempo ameaçam", declarou Khamenei.

É a primeira vez que o guia supremo adota um tom duro em relação a Obama.
O discurso firme do número um iraniano foi realizado no dia seguinte ao das declarações do diretor da AIEA, o egípcio Mohamed ElBaradei, que havia exortado o Irã a se mostrar mais aberto e a responder rapidamente a seu projeto de acordo.

A AIEA propôs em 21 de outubro passado um acordo segundo o qual o Irã enviaria para o exterior seu urânio levemente enriquecido com o objetivo de obter combustível para seu reator de pesquisas de Teerã.
Os outros três negociadores desse projeto (Estados Unidos, Rússia, França) o aceitaram, mas o Irã até o momento nem o aprovou nem o rejeitou, o que começa a impacientar a AIEA e os ocidentais.

"Instamos o Irã a aceitar as propostas (...) que já haviam aceitado a princípio", declarou a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton.
"A aceitação plena da proposta seria uma boa indicação de que o Irã não quer ficar isolado e quer cooperar", acrescentou Hillary.

Por meio de seu embaixadador na AIEA, Ali Ashgar Soltanieh, o Irã respondeu que desejava ver o projeto concluído para dissipar suas "preocupações relacionadas a pontos técnicos" e propôs uma nova reunião "o quanto antes" na sede da AIEA, em Viena.


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