terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Rússia sobe o tom e acena para apoio a sanções contra o Irã

Moscou diz que 'diálogo não será o bastante' e diz que preocupações do Ocidente com Teerã é válida


Reuters



MOSCOU - O chefe de segurança nacional da Rússia disse nesta terça-feira, 9, que as preocupações do Ocidente em torno do programa nuclear do Irã são válidas e sugeriu que deve ser necessário algo mais que negociações para encerrar os desafios de Teerã, informaram agências de notícias russas. Tradicional aliada de Teerã e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a posição de Moscou é crucial para novas punições ao país.

Mais sobre o impasse:

 
"Métodos político-diplomáticos são importantes para uma solução, mas há um limite para tudo", disse o secretário à agência Interfax. Segundo Patrushev, Teerã diz que não produz armas nucleares, "mas as ações que estão tomando, incluindo o início de enriquecimento de urânio a 205, aumenta as dúvidas de outros países sobre o programa nuclear e essas dúvidas são válidas".

As declarações são o mais forte e recente indício de que a Rússia estaria disposta a concordar com novas sanções da ONU ao Irã, após Teerã anunciar o início do processo de enriquecimento de urânio a 20% anunciado.

Também nesta terça, o Pentágono informou que espera que sanções mais duras ao Irã sejam aprovadas nas próximas semanas. Segundo um porta-voz do secretário de Defesa americano, Robert Gates, a comunidade internacional deve agir com urgência depois que o Irã decidiu enriquecer urânio em níveis maiores.

Na segunda-feira, após uma reunião de Gates com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, EUA e França concordaram em trabalhar por sanções pesadas ao Irã no Conselho de Segurança da ONU.

A China, que tem direito de veto no órgão, tem se mostrado reticente à eficácia das sanções e afirma que prefere prosseguir as negociações.
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Idas e vindas
No último dia 2, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad havia afirmado que o Irã estaria disposto a enriquecer urânio fora do país, como prevê proposta feita pela AIEA em outubro, após ter rejeitado a proposta no final do ano passado.

O diretor da agência iraniana de energia atômica, Ali Akbar Salehi, incluiu o Brasil, a França e possivelmente o Japão entre os países que o governo do Irã aceitaria enviar urânio para ser enriquecido a 20% e, com isso, evitar suspeita sobre o possível uso militar de seu programa atômico. O Itamaraty negou qualquer contato neste sentido.

As potências ocidentais já tinham reagido com ceticismo às declarações de Ahmadinejad na semana passada. EUA, França, Reino Unido e Alemanha pediram ações concretas do Irã e uma comunicação oficial à AIEA de que o regime persa aceita a proposta de outubro. No domingo, Ahmadinejad anunciou que enriqueceria o urânio dentro do Irã, mas que isso não impediria que o acordo com a AIEA fosse fechado.

O acordo
O acordo fechado em outubro entre o Irã, a AIEA e o grupo formado por EUA , Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha previa o envio de 70% do urânio com baixo índice de enriquecimento (3,5%) para a Rússia e para a França.

O material seria processado e transformado em combustível para um reator nuclear, com enriquecimento de 20%. Para utilização de urânio em armas nucleares, o enriquecimento deve ser superior a 90%.
TV Estadão: Roberto Godoy explica como funciona o enriquecimento de urânio
 
 



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