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(DTC)
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Um aluno impaciente, em conversa com o diretor de uma faculdade, queria saber se havia algum curso rápido que lhe permitisse se formar mais cedo. O diretor lhe disse: “Há, sim, mas depende do que você quer ser. Um carvalho leva cem anos para estar pronto. Uma abobrinha leva apenas seis meses”.
Certamente, crescer demanda tempo. Muito embora não poucas pessoas se sintam frustradas com o ritmo do seu crescimento pessoal, pois gostariam de estar muito mais próximas da maturidade do que realmente estão, essa é uma área que também não admite queima de etapas. Se alguém pretende crescer, não pode “matar” o tempo.
É possível que alguém, ao se sentir decepcionado por encontrar em si comportamentos impróprios que pensara ter vencido, queira que a “escola” termine logo. Alguns acham mais fácil desistir, ficar pelo caminho. Mas crescimento leva tempo. Isso é verdade para pessoas, para empresas, para países etc.
Crescer também demanda aproveitamento das oportunidades que o tempo provê. As oportunidades permitem os picos de crescimento. Por exemplo, botânicos afirmam que algumas árvores crescem mais rapidamente na estação quente, num período de quatro a seis semanas, quando as fibras de madeira são formadas entre a casca e o tronco. Ao longo de todo o ano, essas mesmas fibras se transformarão em madeira robusta. É desse tipo de madeira que serão feitos os móveis que resistirão, quiçá, a muitas gerações.
Essa é uma parte vital do processo de crescimento. Chame a “estação mais quente” do que quiser: problema, tribulação, desafio, provação, crise etc. Essa é a fase que poderá lhe permitir picos de crescimentos seguros, se puder tirar proveito das lições que a vida oferece nessas ocasiões.
Então, se você se pergunta a razão de não estar crescendo tão rápido quanto gostaria, poderia usar uma abordagem diferente. Em vez de se desesperar ou esmorecer, poderia avaliar se não está tão somente se tornando mais “robusto”.
Por outro lado, crescimento pressupõe dor, mudança, crise. Essa fase de algum modo conjugará não apenas fatores de oportunidade de vitória, mas paradoxalmente, até mesmo conspirará para minimizar suas chances na vida ou destruir os seus sonhos. É certamente por isso que muitos sucumbem pelo caminho, deixam de crer na vida, ou simplesmente se tornam cínicos.
É preciso não perder o foco de quem somos e aonde queremos chegar. É necessário ver cada etapa, quer a chamemos de mudança ou crise, com a perspectiva correta. Ou seja, cada desafio deve ser visto como uma oportunidade de crescer melhor e mais robusto. Ou então, para os fracos, apenas uma conspiração para lhes atrasar na vida.
Fulano parece forte, mas com a dor e a adversidade murcha e se torna frágil e perde a sua força. Beltrano tem um coração maleável e um espírito dócil, mas depois de uma demissão, uma falência, um divórcio ou uma perda, se torna ríspido e duro. Até parece a mesma pessoa, mas fica amargo e obstinado, com o coração e o espírito inflexíveis. Cicrano, porém, enfrenta a vida e, mesmo que as coisas piorem, torna-se cada vez melhor e faz as coisas em torno de si também melhorarem.
Qual é a diferença? A diferença está na atitude, em como agimos e reagimos em face das dificuldades, pois é isso que determinará que tipo de pessoa brotará para a vida. Isso tem a ver com o nosso alvo de vida, com o tipo de pessoa que queremos ser. Deixar que outros determinem o que seremos, se devemos ser rudes ou corteses, se devemos exultar ou ficar deprimidos, é abrir mão da própria vida.
Em um plano maior, o pensamento que nutro a respeito do Brasil é semelhante. Os problemas que o país tem enfrentado em sua história já poderiam tê-lo destruído como nação. Mas não! Quando parece que tudo vai desmoronar, há sempre uma reviravolta.
Semelhantemente, a Assembleia de Deus enfrentou muitas lutas ao longo de um século, que só serviram para consolidar sua trajetória vitoriosa e preparar a geração do Centenário para o enfrentamento dos desafios de nosso tempo.
Decerto, quem não sabe aonde vai, qualquer caminho leva... e não chega nunca. Devemos, então, decidir se queremos chegar a ser “carvalho” ou “abobrinha”.
Sonho com um Brasil carvalho, um “gigante pela própria natureza”, mas acordado e lutando, não um abobrinha “deitado eternamente em berço esplêndido”. É para isso também que Assembleia de Deus, ao longo de sua história centenária, tem trabalhado: para que o Brasil conheça a Deus, na certeza de que “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.
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