Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Os missionários Virgil Smith e Orlando Boyer eram companheiros e trabalhavam viajando a cavalo, evangelizando e vendendo Bíblias de casa em casa no sertão de Pernambuco e Alagoas. Naquele sertão conturbado pelo cangaço, em 1930, Virgil e sua esposa Ramona foram feitos reféns de Lampião e seu bando. Orlando Boyer foi comunicado que, para obter a libertação do amigo, teria de pagar uma elevada quantia.
Em
razão das dificuldades econômicas da época, Orlando Boyer conseguiu
reunir apenas uma fração mínima da quantia exigida. Mesmo assim, ele foi
ao encontro de Lampião, embora soubesse que corria perigo de morte.
Cara
a cara com o temido rei do cangaço, explicou a situação, para profunda
decepção deste e de seu bando. Orlando Boyer se ajoelhou humildemente e
sugeriu uma proposta ousada. Ele implorou para ficar no lugar do amigo,
para morrer em seu lugar, uma vez que Virgil e Ramona tinham filhos
pequenos demandando cuidados.
Diante
do consentimento de Lampião, Virgil Smith perguntou se poderia
oferecer-lhe um presente. E estendendo-lhe uma Bíblia de letras grandes,
recebida imediatamente por Lampião, explicou-lhe:
“Este
livro conta a história de Jesus, que por amor ofereceu a sua própria
vida para que fôssemos salvos. Ele era Deus e se fez homem, morrendo em
nosso lugar para que pudéssemos ter vida. O que o meu amigo está fazendo
por mim agora, Jesus já o fez por todas as pessoas, inclusive pelo
senhor Virgulino. Ele morreu para que sejamos perdoados e salvos do
pecado e da morte”.
Lampião
ficou visivelmente emocionado com aquele exemplo de abnegação e amor,
voltou-se para o lado e passou a manga da camisa nos olhos, para enxugar
disfarçadamente as lágrimas. Virou-se e disse bruscamente: “Podem ir
embora, depressa, vão embora!” E, retirando-se com seu bando, levou
consigo a Bíblia.
Dias
depois, perseguido pela polícia, Lampião deixou a Bíblia num tronco oco
de uma árvore, para poder fugiu mais depressa. Quando voltou ao lugar,
não encontrando a Bíblia, dirigiu-se ao fazendeiro dono daquelas terras e
exigiu que este a devolvesse. Embora o fazendeiro tivesse dito que nada
sabia daquilo, Lampião marcou o prazo de uma semana para tê-la de
volta. O fazendeiro teve de dirigir-se à cidade e comprar uma Bíblia
nova para Lampião.
Não
sabemos se Lampião leu a Bíblia. Pelo menos, até a sua morte, ele teve
oito anos para fazê-lo. Assim, se ele a tivesse lido, saberia que a
Bíblia é a maravilhosa “biblioteca” inspirada por Deus, e descobriria o
que Jesus afirmou: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
Lampião
saberia que a Bíblia tinha as respostas às suas necessidades. Saberia
que, para o fatigado viajante, ela é um mapa eficaz e uma bússola
confiável; aos que vivem na região das trevas, é uma luz gloriosa a
iluminar o caminho; aos que estão sobrecarregados e oprimidos pelos
fardos da vida, é um suave descanso.
Como
Lampião tinha a alma ferida, ele saberia que, aos feridos pelos delitos
e pecados, a Bíblia é um bálsamo consolador que cura as feridas
interiores. Para os famintos, é o pão que alimenta a alma; aos sedentos,
é a água que sacia a sede espiritual; aos que estão em conflito, é a
espada para a luta contra o mal; aos amargurados, é o mel que os faz
enfrentar o mundo sem perder a doçura.
Lampião
era um homem aflito e desesperado. Se tivesse lido a Bíblia, saberia
que ela lhe oferecia uma mensagem de esperança e conforto; pois aos
desamparados e arrastados pelas tormentas da vida, ela é uma âncora
segura e firme; para os que sofrem na solidão de um espírito conturbado,
é a mão repousante que acalma e tranquiliza.
Lampião,
tido como “homem de palavra”, sabia que a importância de qualquer
palavra dependia de quem falava. Se tivesse lido a Bíblia, poderia
confiar nela, pois o Deus que inspirou “a Palavra” nunca mente e jamais
muda, e todas as suas promessas têm o sim em Jesus Cristo (2 Co 1.20).
Ele saberia que a Palavra de Deus é “lâmpada para os seus pés e luz para
o seu caminho”, e poderia viver em paz (Sl 119.105).
Neste
segundo domingo de Dezembro, quando comemora-se o Dia da Bíblia em mais
de cem países do mundo, os cristãos celebrarão a inquestionável
importância da Bíblia e do amor de Deus para suas vidas.
A
Bíblia é uma “carta de amor”, do imenso amor de Deus que inclui a
todos: tanto o cangaceiro Lampião como eu e você. Pense nisso! Leia a
Bíblia!
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Envie um e-mail para mim!
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