segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Apesar do diálogo, oposição do Egito insiste na renúncia de Mubarak


Apesar do diálogo, oposição do Egito insiste na renúncia de Mubarak

Apesar do diálogo, oposição do Egito insiste na renúncia de Mubarak

Opositores acham propostas governistas insuficientes, e impasse segue. Protestos completam duas semanas, e ocupação da Praça Tahrir continua.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, enfrenta nesta segunda-feira (7) novas pressões para deixar o poder imediatamente, depois que a oposição considerou insuficientes as propostas de negociar uma saída que permita ao chefe de Estado permanecer no cargo até setembro.

A Praça Tahrir, no centro do Cairo, continua ocupada pelo 14º dia consecutivo pelos manifestantes, que exigem que as negociações entre o regime e a oposição inciadas no domingo não deixem de lado o objetivo de que Mubarak, no poder há 30 anos, deixe a presidência.

O governo e as poderosas forças armadas tentaram fazer o país voltar ao trabalho no domingo, o primeiro dia em que os bancos seriam reabertos após uma semana de fechamento decorrente da turbulência nas ruas, que, segundo as Nações Unidas, pode ter deixado 300 mortos.

Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, emergente porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, disse: 'O processo (de conversações) é opaco.' 'No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema', disse ElBaradei. 'O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar.'

A Irmandade Muçulmana, importante força de oposição e um dos grupos que se reuniu com autoridades governantes no final de semana, anunciou que as reformas propostas por Mubarak são "insuficientes". "As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu à maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial", disse Essam al-Aryane, um dirigente da Irmandade.

Enquanto as conversações aconteciam, veículos blindados de transporte de tropas montavam guarda em cruzamentos do Cairo, onde soldados haviam montado barreiras de sacos de areia e ônibus deixavam funcionários diante dos grandes bancos estatais.

Com alguns egípcios ansiosos por um retorno à normalidade, o governo alertou sobre os danos à estabilidade econômica e à economia que vão decorrer do prolongamento dos protestos, que abalaram o Oriente Médio e abriram um novo capítulo na história moderna do Egito.

Obama está 'confiante' O presidente norte-americano, Barack Obama, disse estar confiante em que uma transição política ordeira no Egito possa resultar em um governo que continuará sendo parceiro dos Estados Unidos.

Em entrevista à emissora Fox News no domingo, Obama também declarou que a ideologia da organização proscrita Irmandade Muçulmana inclui facções antiEUA. Mas a Irmandade não tem o apoio da maioria no país, disse ele. 'Por isso, é importante para nós não dizermos que nossas duas únicas opções são a Irmandade Muçulmana ou um povo egípcio reprimido', afirmou.

'O que eu quero é um governo representativo no Egito e tenho confiança de que o Egito caminha para um processo de transição ordeiro e que teremos no Egito um governo com o qual possamos trabalhar em conjunto, como parceiros.'

Obama disse que apenas Mubarak, que tomou o poder em 1981, sabe se vai deixar logo o poder. 'Mas aqui está o que sabemos: que o Egito não voltará ao que era', declarou. 'O povo egípcio quer liberdade, eles querem eleições livres e justas, eles querem um governo representativo, eles querem um governo responsável. portanto, o que dissemos é que devem começar a transição agora.'

Negociações A decisão de criar uma comissão para preparar reformas constitucionais foi tomada em encontro entre o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, e líderes oposicionistas. O grupo deveria apresentar resultados antes da primeira semana de março, disse o porta-voz do governo, Magdi Radi.

As mudanças vão, entre outras coisas, impor limites ao poder da Presidência.

O governo também prometeu concessões à oposição: prometeu liberdade de imprensa e não interferir mais nas comunicações e na internet, como ocorreu durante os protestos, o que gerou críticas da comunidade internacional.

Também prometeu libertar todas as pessoas detidas durante os confrontos de rua dos últimos dias e não perseguir os líderes das manifestações que agitaram o país nos últimos 13 dias, matando pelo menos 300 pessoas, deixando mais de 5.000 feridos e paralisando a economia e o turismo.

As leis de emergência que vigoram no país desde a posse do contestado presidente Hosni Mubarak, em 1981, também deverão ser levantadas assim que a situação de segurança do país permitir.

O acordo foi recebido com ceticismo por várias forças de oposição. Uma fonte da Irmandade Muçulmana disse à TV Al Jazeera que não confiava em que o governo iria cumprir sua palavra e dizia que a pressão pela saída de Mubarak deveria continuar.

Ainda não está claro se os oposicionistas vão recuar de sua posição de exigir a saída imediata. Pressionado, Mubarak afirmava que só sairia em setembro, data das eleições presidenciais, por temer que o "caos" se instale no país com sua renúncia agora.


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