Apesar do diálogo, oposição do Egito insiste na renúncia de Mubarak
Opositores acham propostas governistas insuficientes, e impasse segue. Protestos completam duas semanas, e ocupação da Praça Tahrir continua.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, enfrenta nesta segunda-feira (7) novas pressões para deixar o poder imediatamente, depois que a oposição considerou insuficientes as propostas de negociar uma saída que permita ao chefe de Estado permanecer no cargo até setembro.
A Praça Tahrir, no centro do Cairo, continua ocupada pelo 14º dia consecutivo pelos manifestantes, que exigem que as negociações entre o regime e a oposição inciadas no domingo não deixem de lado o objetivo de que Mubarak, no poder há 30 anos, deixe a presidência.
O governo e as poderosas forças armadas tentaram fazer o país voltar ao trabalho no domingo, o primeiro dia em que os bancos seriam reabertos após uma semana de fechamento decorrente da turbulência nas ruas, que, segundo as Nações Unidas, pode ter deixado 300 mortos.
Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, emergente porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, disse: 'O processo (de conversações) é opaco.' 'No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema', disse ElBaradei. 'O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar.'
A Irmandade Muçulmana, importante força de oposição e um dos grupos que se reuniu com autoridades governantes no final de semana, anunciou que as reformas propostas por Mubarak são "insuficientes". "As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu à maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial", disse Essam al-Aryane, um dirigente da Irmandade.
Enquanto as conversações aconteciam, veículos blindados de transporte de tropas montavam guarda em cruzamentos do Cairo, onde soldados haviam montado barreiras de sacos de areia e ônibus deixavam funcionários diante dos grandes bancos estatais.
Com alguns egípcios ansiosos por um retorno à normalidade, o governo alertou sobre os danos à estabilidade econômica e à economia que vão decorrer do prolongamento dos protestos, que abalaram o Oriente Médio e abriram um novo capítulo na história moderna do Egito.
Obama está 'confiante' O presidente norte-americano, Barack Obama, disse estar confiante em que uma transição política ordeira no Egito possa resultar em um governo que continuará sendo parceiro dos Estados Unidos.
Em entrevista à emissora Fox News no domingo, Obama também declarou que a ideologia da organização proscrita Irmandade Muçulmana inclui facções antiEUA. Mas a Irmandade não tem o apoio da maioria no país, disse ele. 'Por isso, é importante para nós não dizermos que nossas duas únicas opções são a Irmandade Muçulmana ou um povo egípcio reprimido', afirmou.
'O que eu quero é um governo representativo no Egito e tenho confiança de que o Egito caminha para um processo de transição ordeiro e que teremos no Egito um governo com o qual possamos trabalhar em conjunto, como parceiros.'
Obama disse que apenas Mubarak, que tomou o poder em 1981, sabe se vai deixar logo o poder. 'Mas aqui está o que sabemos: que o Egito não voltará ao que era', declarou. 'O povo egípcio quer liberdade, eles querem eleições livres e justas, eles querem um governo representativo, eles querem um governo responsável. portanto, o que dissemos é que devem começar a transição agora.'
Negociações A decisão de criar uma comissão para preparar reformas constitucionais foi tomada em encontro entre o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, e líderes oposicionistas. O grupo deveria apresentar resultados antes da primeira semana de março, disse o porta-voz do governo, Magdi Radi.
As mudanças vão, entre outras coisas, impor limites ao poder da Presidência.
O governo também prometeu concessões à oposição: prometeu liberdade de imprensa e não interferir mais nas comunicações e na internet, como ocorreu durante os protestos, o que gerou críticas da comunidade internacional.
Também prometeu libertar todas as pessoas detidas durante os confrontos de rua dos últimos dias e não perseguir os líderes das manifestações que agitaram o país nos últimos 13 dias, matando pelo menos 300 pessoas, deixando mais de 5.000 feridos e paralisando a economia e o turismo.
As leis de emergência que vigoram no país desde a posse do contestado presidente Hosni Mubarak, em 1981, também deverão ser levantadas assim que a situação de segurança do país permitir.
O acordo foi recebido com ceticismo por várias forças de oposição. Uma fonte da Irmandade Muçulmana disse à TV Al Jazeera que não confiava em que o governo iria cumprir sua palavra e dizia que a pressão pela saída de Mubarak deveria continuar.
Ainda não está claro se os oposicionistas vão recuar de sua posição de exigir a saída imediata. Pressionado, Mubarak afirmava que só sairia em setembro, data das eleições presidenciais, por temer que o "caos" se instale no país com sua renúncia agora.
www.pbagora.com.br
Opositores acham propostas governistas insuficientes, e impasse segue. Protestos completam duas semanas, e ocupação da Praça Tahrir continua.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, enfrenta nesta segunda-feira (7) novas pressões para deixar o poder imediatamente, depois que a oposição considerou insuficientes as propostas de negociar uma saída que permita ao chefe de Estado permanecer no cargo até setembro.
A Praça Tahrir, no centro do Cairo, continua ocupada pelo 14º dia consecutivo pelos manifestantes, que exigem que as negociações entre o regime e a oposição inciadas no domingo não deixem de lado o objetivo de que Mubarak, no poder há 30 anos, deixe a presidência.
O governo e as poderosas forças armadas tentaram fazer o país voltar ao trabalho no domingo, o primeiro dia em que os bancos seriam reabertos após uma semana de fechamento decorrente da turbulência nas ruas, que, segundo as Nações Unidas, pode ter deixado 300 mortos.
Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, emergente porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, disse: 'O processo (de conversações) é opaco.' 'No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema', disse ElBaradei. 'O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar.'
A Irmandade Muçulmana, importante força de oposição e um dos grupos que se reuniu com autoridades governantes no final de semana, anunciou que as reformas propostas por Mubarak são "insuficientes". "As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu à maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial", disse Essam al-Aryane, um dirigente da Irmandade.
Enquanto as conversações aconteciam, veículos blindados de transporte de tropas montavam guarda em cruzamentos do Cairo, onde soldados haviam montado barreiras de sacos de areia e ônibus deixavam funcionários diante dos grandes bancos estatais.
Com alguns egípcios ansiosos por um retorno à normalidade, o governo alertou sobre os danos à estabilidade econômica e à economia que vão decorrer do prolongamento dos protestos, que abalaram o Oriente Médio e abriram um novo capítulo na história moderna do Egito.
Obama está 'confiante' O presidente norte-americano, Barack Obama, disse estar confiante em que uma transição política ordeira no Egito possa resultar em um governo que continuará sendo parceiro dos Estados Unidos.
Em entrevista à emissora Fox News no domingo, Obama também declarou que a ideologia da organização proscrita Irmandade Muçulmana inclui facções antiEUA. Mas a Irmandade não tem o apoio da maioria no país, disse ele. 'Por isso, é importante para nós não dizermos que nossas duas únicas opções são a Irmandade Muçulmana ou um povo egípcio reprimido', afirmou.
'O que eu quero é um governo representativo no Egito e tenho confiança de que o Egito caminha para um processo de transição ordeiro e que teremos no Egito um governo com o qual possamos trabalhar em conjunto, como parceiros.'
Obama disse que apenas Mubarak, que tomou o poder em 1981, sabe se vai deixar logo o poder. 'Mas aqui está o que sabemos: que o Egito não voltará ao que era', declarou. 'O povo egípcio quer liberdade, eles querem eleições livres e justas, eles querem um governo representativo, eles querem um governo responsável. portanto, o que dissemos é que devem começar a transição agora.'
Negociações A decisão de criar uma comissão para preparar reformas constitucionais foi tomada em encontro entre o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, e líderes oposicionistas. O grupo deveria apresentar resultados antes da primeira semana de março, disse o porta-voz do governo, Magdi Radi.
As mudanças vão, entre outras coisas, impor limites ao poder da Presidência.
O governo também prometeu concessões à oposição: prometeu liberdade de imprensa e não interferir mais nas comunicações e na internet, como ocorreu durante os protestos, o que gerou críticas da comunidade internacional.
Também prometeu libertar todas as pessoas detidas durante os confrontos de rua dos últimos dias e não perseguir os líderes das manifestações que agitaram o país nos últimos 13 dias, matando pelo menos 300 pessoas, deixando mais de 5.000 feridos e paralisando a economia e o turismo.
As leis de emergência que vigoram no país desde a posse do contestado presidente Hosni Mubarak, em 1981, também deverão ser levantadas assim que a situação de segurança do país permitir.
O acordo foi recebido com ceticismo por várias forças de oposição. Uma fonte da Irmandade Muçulmana disse à TV Al Jazeera que não confiava em que o governo iria cumprir sua palavra e dizia que a pressão pela saída de Mubarak deveria continuar.
Ainda não está claro se os oposicionistas vão recuar de sua posição de exigir a saída imediata. Pressionado, Mubarak afirmava que só sairia em setembro, data das eleições presidenciais, por temer que o "caos" se instale no país com sua renúncia agora.
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