segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O MITO DAS “APARIÇÕES DE FÁTIMA”

Pr. José Barbosa de Sena Neto


pastorbarbosaneto@yahoo.com.br



Fátima, no princípio do século, era uma pequena aldeia, onde seus moradores viviam da agricultura de subsistência e da criação de ovelhas. A terra árida e pedregosa, fornecia, com muito suor, o pão de cada dia para os camponeses, todos humildes. Aljustel, é uma localidade bem próxima, na época habitada por 25 famílias, perfazendo um total de cem pessoas. Ali nasceram Lúcia de Jesus e seus primos Francisco e Jacinta Marto. Entre abril e outubro de 1916, as três crianças afirmaram ter tido, por três vezes, uma ‘visão’ em comum de uma ‘criatura’ que lhes teria dito: “Os Corações Santíssimos de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente sacrifícios, de tudo que puderdes. Atraí, assim, sobre a vossa pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”. Por aí já se pressente “um outro evangelho”!



Será que houve mesmo as ditas “aparições de Fátima”? Ou não passam de mito, de invencionice fajuta? A pregação assustadora e de cores dantescas que os padres faziam nas chamadas “missões populares”, pelas paróquias portuguesas, não podem ter impressionado tanto as crianças, que elas acabaram por ver e ouvir tudo aquilo que viam e ouviam, quando ouviam os pregadores e os próprios párocos, na assim chamada “santa missa” paroquial e na catequese? As “aparições” não serão uma hábil ‘montagem pastoral’, preparada, como uma espécie de parábola pastoral da época, bem ao gosto popular, com a finalidade de, através dela, catequizar uma população analfabeta que, de outro modo, não o chegaria a ser? A catequese familiar e paroquial, mais as pregações dominicais e outras, então, muito freqüentes, constituíam um gênero de terror não menos intenso e, também, não menos nefasto e assassino.



Os livros de Lúcia de Jesus – chamados de as “Memórias da Irmã Lúcia” I e II – livros delirantes e bizarros, surpreenderam tanto os críticos romanistas de Fátima que estes passaram a chamar-lhes “Fátima II”, tão diferentes eles eram dos relatos primitivos de 1917, que, por isso, passaram a ser referidos como “Fátima I” e que não passam, estes últimos, de curtos depoimentos, mais ou menos ingênuos, das três crianças ditas “videntes”. Estes livros não deixam dúvidas a quem os souber ler nas entrelinhas, criticamente, sem se deixar envolver no misticismo religioso quase doentio, em que eles nos aparecem escritos. O terror é uma constante nas vidas dessas três crianças. Em 1917, as três crianças alegaram ter tido novamente ‘visões’ em comum, dessa vez com “nossa senhora”. Pairava a ‘criatura’, segundo elas, sobre uma pequena árvore, conhecida por azinheira, muito encontrada em regiões áridas, e teria ordenado que, nos próximos seis meses, a cada dia 13, ao meio dia, os primos voltassem àquele local, para receber novos ‘ensinamentos’. Durante as ‘aparições’, Francisco, então com nove anos, apenas ouviria sons, que não conseguiria identificar. Jacinta, com sete anos, veria e ouviria perfeitamente a ‘criatura’. Lúcia, com dez anos, veria, ouviria e conversaria.



Depois das ‘visões’, os três não tinham forças nem para falar, tamanho era o seu abatimento físico. Logo na suposta ‘primeira aparição’, teria sido perguntado: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido?” Diante da resposta afirmativa das crianças, a ‘criatura’ teria ordenado: “Ides, pois, ter muito que sofrer”. Na ‘aparição’ do dia 13 de outubro de 1917, a ‘criatura’ teria pedido que fosse construída uma capela em sua honra, exatamente naquele local, comunicando que, em breve, Francisco e Jacinta, morreriam. Teria dito ainda: “O meu imaculado coração será o refúgio e o caminho para conduzir a Deus”. Vemos nestas afirmações algo sacrílego, um “outro evangelho”, pois, a Bíblia Sagrada, entretanto, é clara quando diz: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”(João 14.6).



Segundo registra a crença popular da localidade, após essa ‘aparição’, o Sol teria se tornado como um disco de prata, girando sobre si mesmo. Desde então, não mais cessaram de recorrer a “senhora de Fátima” milhares de ‘peregrinos’ de todo o mundo, perfazendo um total anual de quatro milhões. O ‘fenômeno’ do Sol, “durou doze minutos” , mas o fato de dois milhões de pessoas no mundo inteiro jamais terem notado o Sol se agitando, rodopiando e pulando fora de sua órbita, não preocupava a Igreja Romana, que sempre sustentou este fato sem nenhuma comprovação científica!



Lúcia de Jesus, nasceu no dia 22 de março de 1907 – era a única sobrevivente, estando com 98 anos quando veio a falecer, recentemente -, sendo a última de sete irmãos, cinco moças e um rapaz. Alguns clérigos mais fanáticos do catolicismo obscurantista e moralista de então, haviam conseguido arrastar a pequena Lúcia, pouco depois de 1917, para fora da aldeia e encurralaram-na, primeiro, no Asilo de Vilar, no Porto, e, depois, num convento da Galiza. Foram ao ponto de lhe arrancar o nome – o mesmo que tirar-lhe a identidade! – e passaram a chamar-lhe Irmã Maria das Dores. Ao mesmo tempo, proibiram-lhe que falasse a quem quer que seja sobre as ‘aparições’. Deram ordens à Irmã Maria das Dores – atualmente ela é, de novo, Irmã Maria Lúcia de Jesus, acrescido, e do Coração Imaculado – sempre em nome, é claro, do voto de obediência, para que ela escrevesse, sob as ordens do seu confessor! E até lhe forneceram, antes de cada relato, orientações muito precisas sobre o que ela deveria escrever. Fajutisse! Por isso, “Fátima II”!!! O que a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado havia relatado antes continuava a ser insuficiente para impor Fátima à Igreja Romana e ao mundo! A ordem agora é: escrever tudo o que recordasse sobre o Francisco, como tinha feito para a Jacinta. Uma nova história das ‘aparições’, com mais pormenores. Tudo o que ainda pudesse ‘recordar’ sobre a Jacinta.



Jacinta e Francisco Marto eram crianças alegres, que viviam a correr pelos campos. Após as ‘aparições’ , tornaram-se tristes e pensativos. Essa mudança era, para os moradores da localidade, sinal de que as “aparições” não poderiam ser algo divino, pois lhes teria feito mal. Francisco e Jacinta morreram aos onze e dez anos, respectivamente. Francisco foi o primeiro, no dia 04 de abril de 1919, às 22hs. O pai de Lúcia havia morrido pouco antes, por causa de uma pneumonia dupla, que o levou em menos de 24 horas. Ele se orgulhava de nunca ter tido uma dor de cabeça sequer. Jacinta ainda esteve por dois anos acamada pela mesma enfermidade. No ano anterior ao qual a doença se manifestou, em outubro de 1918, a menina disse sentir muita dor de cabeça e sede, mas se recusou a beber qualquer líquido durante todo o dia, em “sacrifício pelos pecadores”. Seu sofrimento aumentava a cada dia, mas, segundo relata a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, acreditava estar sendo abençoada, por poder oferecer suas dores pelos pecados do mundo! A Palavra de Deus diz: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hb 10.12). A Irmã Lúcia afirma que Jacinta, em seu leito de dor, teria tido uma visão da ‘virgem’. Esta lhe teria dito que morreria na solidão, após muitos sofrimentos, necessários para reparação dos pecados contra o “Coração Imaculado de Maria”. Até o dia de sua morte, em 20 de fevereiro de 1920, às 22h30m, Jacinta teve uma grande ferida aberta em seu peito, que jamais se fechou.



Só uma teologia idólatra, como a da “deusa/senhora de Fátima”, poderia acabar de matar de medo, de fome e sede duas crianças portuguesas da aldeia de Aljustel, Francisco e Jacinta, e seqüestrar para o resto da vida, por sinal longa – 98 anos! – uma terceira criança, a Maria Lúcia, só porque, naquela altura, todas as três começaram a dizer que a ‘criatura’ lhes apareceu e falou! O Francisco bem dizia que nunca ouviu anda, mas de nada lhe valeu, porque continuaram a considerá-lo em pé de igualdade com as outras duas e, hoje, acaba de ser ‘canonizado’ pela Cúria Romana, juntamente com a Jacinta! Só uma teologia idólatra e diabólica, como a da “senhora/deusa de Fátima” , pôde justificar e alimentar dolorosas e prolongadas guerras frias mundiais, movidas por infantis anticomunismos primários, mas, entretanto, ignorar, por completo, os campos de extermínios nazistas, cujo papa Pio XII foi silenciado por Adolf Hitler, a preço de barras de ouro, recentemente descobertas e divulgadas pela revista Visão, de Portugal, daí por que ele foi chamado de “O Papa de Hitler”, canonizar outros crimes hediondos, como a guerra colonial na África, sacralizar ditadores como o ditador de Portugal, Antônio de Oliveira Salazar e seu comparsa cardeal Antônio Cerejeiras e impor regimes fascistas como o dele, ao mesmo tempo que mantinha resignadas e conformadas na miséria mais imerecida, no analfabetismo e no obscurantismo mais que atrozes, populações inteiras. Voltaremos ao assunto. Com certeza.



* O autor foi sacerdote católico romano por 22 anos, é batista bíblico, está disponível para realizar conferências evangelísticas, quando convidado. Nada cobra, e que isto fica claro desde já. Já percorreu todos os estados brasileiros dando o seu testemunho de vida NO Senhor, com excelentes resultados, sempre com casa cheia. É autor do livro “Confissões Surpreendentes de um ex-Padre” . Contatos: Rua Carolino de Aquino, 38 – Bairro de Fátima – Fone: (0xx85) 3226.3391 – 60.050-140 – FORTALEZA – CE.

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