terça-feira, 27 de novembro de 2007

OU SOMOS FILHOS DA GRAÇA OU FILHOS DA IRA...

Texto do Rv Caio Fábio

na Íntegra

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. (Efésios 2: 1-3)



O que Paulo diz acima é extremamente elucidativo no que diz respeito a ensinar-nos de onde vem a “ira de Deus”.


Já tenho dito inúmeras vezes que a “ira de Deus” não é uma ação divina de esmagamento humano, mas a simples retirada do Espírito da Graça que a todos protege; a todos os que andam em verdade e no temor de Deus; mesmo que não conheçam o Evangelho como “informação”.


Paulo diz que a “ira” da qual nos tornamos um dia “filhos” — outrora — é fruto de já termos nascido mortos em delitos (pecados deliberados) e em pecados (tortuosidade essencial de cada um). Por isto ele diz que se trata de algo na nossa “natureza”.


A ordem histórico-psicológica dos fenômenos descritos por Paulo é “mortos em pecados e delitos” (ao invés de ser “em delitos e pecados”).


Digo isto porque a doença primal é o “pecado essencial”; e que se manifesta como inclinação, como pulsão, como vontade, e como pensamentos; e que produzem o pecado deliberado (delitos).


Ou seja: todos os delitos são gerados pelos elementos de qualidade essencial que nos habitam a “natureza” do ser-caído.



Assim, nós temos:




1. A natureza essencial; e suas inclinações e fomentações de volição animal e dos pensamentos, estimulados pelas nossas “inclinações”.



2. Os delitos, os quais são gerados por tais pulsões de natureza essencial.



Ora, a tais elementos, são agregados outros fatores e influencias; a saber:



1. O curso deste mundo – que é o acumulo de todas as nossas pulsões e volições caídas, e que formam a massa e o volume daquilo que nós chamamos de “Humanidade” ou de “mundo”, no sentido negativo.



2. O príncipe da potestade do ar, e que atua nos filhos da desobediência – alusão aos espíritos que trabalham contra a vida humana; e que são associados ao diabo ou satanás.
Portanto, temos nossa natureza (volição, inclinação, vontade, instinto animal) sob a influencia daquilo que coletivamente nós mesmos criamos (o mundo), e que existe alimentando os principados e potestades que exercem sobre nós a mesma qualidade de influencia que lhes servimos como natureza e inclinação nossos.


É nesse contexto que Paulo nos chama de “filhos da ira” em nosso estado essencial, sem a consciência do Evangelho; ou, quando entregues às nossas vontades, pensamentos e inclinações.
Assim, a “ira” que sobre nós está, de fato, não vem de fora de nós, mas de nossa própria natureza intrínseca.


Ou seja: a ira de Deus é o andar humano sem Deus!


Desse modo, tudo quanto as Escrituras designam como juízo divino nada mais é que a volta daquilo que os humanos produzem em seu próprio caminho...


A natureza inclinada à morte, é filha de um andar sem entendimento de Deus, e que se entrega às suas próprias vontades, desejos e inclinações, os quais geram os pensamentos que haverão de se transformar em comportamento objetivo, moldando um mundo que alimenta os poderes espirituais que se servem da própria produção humana, e que recaem outra vez sobre os próprios homens como fator de influencia poderosa.


Ou seja: tais poderes “atuam” sobre os humanos; individual e coletivamente.
Andar sem este entendimento é caminhar no caminho da ira!


Ira...; porque o andar sem a consciência do amor de Deus e sem a determinação da vida em fé no que como Graça já nos foi feito, é aquilo que nos põe no chão da calamidade interior.


Assim, paradoxalmente, a “ira de Deus” nada mais que a maldade humana voltando-se sobre ele próprio.


A cura para tal mal é o perdão de Deus!


E isto é que é chocante para a maioria das pessoas. Sim! Porque sempre se pensa que é a moral ou o comportamentalismo os poderes que podem curar o homem — sendo que Paulo diz que tais coisas têm aparência de sabedoria, mas não possuem nenhum valor contra a sensualidade.
Assim, Paulo continua:



Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou; e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos; e, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.



Desse modo, ainda que pudesse escrever um tratado sobre assunto tão vasto e de aplicações tão profundas e abrangentes, quero, todavia, apenas estimular você a tomar posse pela fé de todo o bem que da Graça nos vem; e, pelo qual, deixamos de viver sob a culpa que emula os instintos mais animais de nosso ser.



Se, todavia, crermos, a fé nos põe perdoados no caminho da Graça; que é a exata contraposição ao caminho da ira.



Existir como “filho da ira” é viver sem a consciência do perdão de Deus e de Sua Graça para conosco!



Ou o que sobra para a alma humana sem a consciência do amor de Deus?



Ora, sobra apenas a culpa essencial que estimula a pessoa a existir somente em função da busca de algum significado para a vida, o que, frequentemente a coloca exatamente na vereda das pulsões e em obediência aos estímulos que nela brotam consciente ou inconscientemente.



É a falta dessa consciência que alimenta o poder de toda forma de sacerdotalismo entre os humanos — seja religioso, seja moral, seja psicológico, etc.



Também todas as nossas neuroses e paranóias nascem desse chão no fundo do ser. Sim! Desse chão sem amor e perdão!



Pense nisto!





Nele, que fez por nós todas as coisas,





Caio

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