sexta-feira, 8 de maio de 2009

Papa inicia visita em nome da pacificação







Jordânia é a primeira etapa de périplo de oito diasque inclui a deslocação a Israel e à Cisjordânia


Bento XVI deixou, na chegada à Jordânia, a ideia de que está no Médio Oriente para rezar pela paz. Mas a essência do périplo pela Terra Santa representa mais a necessidade de o próprio pontífice fazer a paz com o Islão.

Nos locais sagrados do Cristianismo, este, seja ou não católico, é sempre minoritário, e a ideia de o Papa visitar os locais mais sagrados da fé que comanda, como João Paulo II fizera no ano 2000, acarreta pressupostos políticos que obrigam Bento XVI a reforçada e multifacetada dose de diplomacia, não apenas pela complexidade de tentar promover a paz numa região onde esta sempre aparenta ser impossível, mas também pelo jogo de cintura que obriga à aproximação a judeus e muçulmanos e, entre estes, aos palestinianos.

O início desta viagem de oito dias dá-se num país islâmico onde, apesar da moderação do regime no quadro regional, os líderes islamistas anteciparam a visita com a exigência de um pedido de desculpa pela polémica palestra de Ratisbona, em 2006, em que o discurso do Papa foi interpretado como uma associação do Islão à violência.

Não é essa desculpabilização formal que pode esperar-se, mas a opção insistente pelo discurso de reconciliação, que também se aplicará aos judeus, melindrados com o recente levantamento da excomunhão de um bispo que nega o Holocausto e de três outros integristas.

"A minha visita à Jordânia dá-me a feliz oportunidade de expressar o meu profundo respeito pela comunidade muçulmana", disse o Papa, logo depois de aterrar no aeroporto de Amã, onde foi recebido pelo rei Abdallah II e pela rainha Rania. Mas aproveitou, também, para dar um primeiro passo no apoio às minorias cristãs da região: "A liberdade religiosa é naturalmente um direito humano fundamental; a minha esperança fervente e as minhas orações são no sentido de que o respeito pelos direitos inalienáveis e pela dignidade sejam cada vez mais afirmados e defendidos, não apenas no Médio Oriente mas em todo o Mundo".

Mais tarde, num centro para deficientes que visitou, insistiu na retórica conciliadora: "Não trago presentes e oferendas. Venho simplesmente com uma intenção, uma esperança: rezar com especial intensidade pelo dom precioso da unidade e da paz, em especial no Médio Oriente".

O rei Abdallah, respeitado como descendente do profeta Maomé, recebeu o Papa com apelos ao diálogo entre cristãos e muçulmanos, com como à necessidade de facilitar a regulação do conflito israelo-palestiniano: "Hoje juntos, devemos renovar o nosso compromisso com o respeito mútuo. Aqui, agora, devemos criar um novo diálogo global, feito de de compreensão e boa vontade".





http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1226293







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