domingo, 3 de fevereiro de 2008

Campanha da fraternidade 2008

“Escolha, pois a vida” (Dt 30,19)




Prezados Irmãos e Irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de



Umuarama:


A Igreja do Brasil celebra pela 45ª vez a Campanha da Fraternidade (CF), cujo tema é: “Fraternidade e defesa da vida”, e o lema: “Escolhe, pois a vida” (Dt 30,19). Como nos anos passados, a CF acontece no tempo da Quaresma, momento forte de conversão da Igreja em preparação à Páscoa do Senhor Jesus. Deste modo, a CF quer ser um estímulo de mudança profunda de vida para todos nós, no sentido de buscarmos uma fidelidade ainda maior ao Deus criador e doador da vida. De fato, eis a mensagem central da Páscoa: o Ressuscitado venceu a morte e tornou-se o “Autor da vida” (At 3,15) nos cristãos e nas cristãs que nele acreditam e querem pautar suas vidas por esta certeza de fé.



O lema bíblico da CF deste ano fundamenta-se em Dt 30,15-20. Num momento decisivo de sua caminhada pelo deserto, antes da entrada na Terra Prometida, Moisés reúne o seu povo e o provoca para renovar, de forma solene e definitiva, a Aliança com o Deus libertador. Era preciso “escolher entre os caminhos que conduzem à vida e à felicidade, ou os caminhos que conduzem à morte e à desgraça” (cf. Dt 30,15). Ao povo cabia a escolha decisiva entre “a vida e a morte, entre a bênção ou a maldição” (cf. Dt 30,19) e era disto que dependia o seu futuro.



Creio que hoje também a realidade atual nos desafia e nos provoca a tomarmos uma decisão: a favor da vida ou a favor da morte! Há caminhos de morte que levam a destruir os bens que recebemos de Deus. Constata-se que existe entre nós uma verdadeira “cultura de morte”, uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos. A experiência comprova que nem sempre a vida humana é considerada um valor absoluto; nem sempre a vida de cada pessoa humana é promovida e defendida, desde o nascimento até à morte. Como alertava Moisés ao povo contra a tentação do coração ser “seduzido a adorar e servir a outros deuses” (cf. Dt 30,17), hoje a vida humana é escravizada e oprimida pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer imediato e passageiro. Tudo isto causa a injustiça social que gera a ignorância, a fome, a violência, a criminalidade, o sofrimento, o descaso pela saúde, o aborto, a destruição do meio ambiente... Todos hão de concordar: deste modo, “nós não podemos prolongar nossos dias sobre a terra” (cf. Dt 30,18) e o futuro da humanidade ficará seriamente comprometido.



Há, porém, outros caminhos de vida verdadeira e plena para todos, de vida digna e realmente feliz para cada ser humano. Voltando uma vez mais ao discurso de Moisés, ele assim o conclui: “Escolham a vida... amem e obedeçam ao seu Deus... porque Ele é a sua vida e o prolongamento de seus dias... e desse modo vocês poderão habitar sobre a terra” que Deus lhes preparou (cf. Dt 30, 19b-30).



O próprio texto-base da CF/2008, na terceira parte do “Agir em defesa da vida”, apresenta algumas experiências muito interessantes e importantes para que sejam realizadas e atualizadas de acordo com cada contexto local. Eis algumas dessas sugestões: (1) Diante da exigência da caridade cristã, é preciso assumir uma postura de acolhida e de discernimento diante das ameaças à vida; (2) Desenvolver a espiritualidade da vida; (3) Defender a vida a partir de uma educação afetivo-sexual integral; (4) Priorizar o valor da família, pois é nela que o ser humano aprende a ser “verdadeiramente humano”; (5) Incentivar a reflexão sobre a defesa da vida nos ambientes universitários, científicos e técnicos; (6) Assegurar que os meios de comunicação social estejam a serviço da vida plena e integral; (7) Acolher a gestante em dificuldade e seu filho; (8) Apoiar os menores em situação de risco; (9) Apoiar as pastorais que trabalham na defesa da vida; (10) Assegurar que as políticas públicas e a participação política defendam a vida em todas as suas manifestações; (11) Promover a paz como fonte da vida e da justiça para todos. Oxalá possam surgir, à luz dessas sugestões, novas e eficazes experiências em nossos grupos de reflexão, em nossas CEBs e paróquias.



Eis, então, irmãos e irmãs, o forte apelo da CF/2008: “Escolhamos, pois, a vida” (cf. Dt. 30,19). Unamos nossos esforços para tomarmos atitudes firmes e eficazes que demonstrem a conversão pessoal e causem uma verdadeira transformação da sociedade que seja realmente fraterna, solidária e justa para todos. Acreditemos plenamente que a promoção e a defesa da vida só poderão ser feitas a partir dos critérios vividos por Jesus de Nazaré e atualizados por sua Igreja.




A todos abençôo em nome de Deus, criador e doador da vida!




Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Umuarama


http://www.ilustrado.com.br/noticias.php?edi=030208&id=00000012

Nenhum comentário: