sábado, 9 de fevereiro de 2008

Decisão sobre uso de véu gera protestos na Turquia

Agencia Estado




O Parlamento turco votou hoje duas emendas constitucionais suspendendo a proibição do uso do véu nas universidades turcas, acirrando as críticas dos que defendem a separação entre religião e Estado. Centenas de pessoas protestaram nas ruas da capital Ancara, pedindo a deposição do governo. "A Turquia é secular e permanecerá secular", gritavam os manifestantes.





Mas as emendas, propostas pelo governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de orientação islâmica moderada, foram aprovadas por maioria no Parlamento - 411 votos a favor e 103 contra. Serão adicionados parágrafos à Constituição dizendo que todos têm direito a tratamento igual das instituições estatais e "ninguém pode ser desprovido (ele ou ela) do direito da educação superior". As mudanças devem agora ter o aval do presidente Abdullah Gul.





Para um parlamentar, a suspensão da proibição do uso do véu representa "a morte da república secular". As mudanças constitucionais "irão criar o caos nas universidades e levarão à desintegração da Nação", disse Kamer Genc, um independente.





O uso do véu é proibido nas universidades do país, predominantemente muçulmano, mas secular e em busca de sua integração à União Européia.





O primeiro-ministro, Recep Tayyp Erdogan, afirmou que a suspensão será uma experiência para as mulheres muçulmanas forçadas a retirar o tradicional véu de suas cabeças ao entrarem nas universidades. Algumas recorrem ao uso de perucas para cobrir suas cabeças.





O principal partido de oposição ao governo, o Partido do Povo Republicano, disse que irá apelar na Corte Constitucional.




Erdogan, que tem grande apoio público, insiste que seu partido é fiel às tradições seculares da Turquia. Seu governo diz que as medidas buscam expandir a democracia e liberdades, como parte dos esforços para ingressar na União Européia. Mas os defensores do secularismo suspeitam das reais intenções de Erdogan, que tentou criminalizar o adultério antes de ser forçado pela União Européia a voltar atrás.



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