COPENHAGUE - Um dia depois da descoberta de um plano para matar o cartunista que causou polêmica, em 2005, com um desenho de Maomé, os principais jornais da Dinamarca voltaram a publicar, nesta quarta-feira, a charge em que o profeta é retratado com bombas no turbante. A imprensa dinamarquesa, que considera o caso uma tentativa de atentado contra a liberdade de expressão, ainda parabenizou os serviços de inteligência nacionais, que detiveram três homens responsáveis pelo plano contra Kurt Westergaard.
O jornal "Jyllands-Posten", que publicou as caricaturas há quase três anos - e para o qual Westergaard ainda trabalha -, assinala em seu editorial que "a 'crise de Maomé' será utilizada como desculpa para diversas iniciativas mais ou menos radicais e para outros planos de assassinatos ou atentados". Os suspeitos de planejar a morte do cartunista eram dois tunisianos e um dinamarquês de origem marroquina.
Segundo o chefe dos serviços secretos dinamarqueses, Jakob Scharf, o dinamarquês de origem marroquina é suspeito de violar as leis contra o terrorismo, mas provavelmente será posto em liberdade após prestar depoimento, enquanto seus dois cúmplices serão deportados do país. Scharf disse que as detenções foram de caráter "preventivo" e aconteceram quando os supostos terroristas estavam "na fase inicial" dos preparativos para um atentado contra Westergaard, um dos 12 cartunistas que criaram charges de Maomé.
O diretor do "Jyllands-Posten", Carsten Juste, afirmou na edição digital do jornal que havia "planos muito concretos para matar Kurt Westergaard". O cartunista, de 73 anos, e sua esposa Gitte, de 66, estão há meses sob proteção policial. Westergaard disse na terça-feira à edição digital do jornal que foi informado pelas forças de segurança sobre os planos contra ele.
" É triste, mas se transformou em uma circunstância da minha vida "
"É triste, mas se transformou em uma circunstância da minha vida", disse o cartunista.
Ele contou que sentiu mais "ira" e "indignação" do que medo de ser assassinado. Westergaard disse ainda que se sentia "furioso" por ter sido usado para "semear tanta loucura". Além disso, manifestou seu temor de que as "doentias" repercussões de sua caricatura possam durar "para o resto" de sua vida.
O "Jyllands-Posten" publicou, em setembro de 2005, cerca de dez caricaturas do profeta Maomé, que inicialmente passaram despercebidas. Meses depois, no entanto, as charges provocaram uma onda de protestos em vários países islâmicos. Os protestos contra os desenhos chegaram a causar mais de cem mortos em diferentes países. O Islã considera uma ofensa a representação em imagens do profeta Maomé.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/02/13/jornais
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