Yossi Zamit, EPA O Irão e o "terrorismo" constituem, segundo Netanyahu, as grandes ameaças ao "futuro do Estado de Israel"
O Presidente de Israel, Shimon Peres, convidou hoje Benjamin Netanyahu a formar o próximo governo do país. O líder do Likud, a principal formação da direita israelita, coloca a segurança no topo das suas prioridades e apela à composição de um executivo de unidade com a participação dos partidos Kadima e Trabalhista.
Depois de a matemática das legislativas de 10 de Fevereiro ter prolongado a agonia da indefinição política em Israel, o xadrez dos bastidores acabou por devolver o poder executivo à direita.
O “falcão” Benjamin Netanyahu, defensor de uma quase total reversão do processo de paz israelo-palestiniano, regressa à ponte de comando do governo, por onde já havia passado entre 1996 e 1999. Para trás fica uma semana de negociações e procura de alianças.
O escrutínio atribuiu ao Likud 27 dos 120 assentos do Knesset (Parlamento israelita). Os centristas do Kadima, liderados pela ministra dos Negócios Estrangeiros Tzipi Livni, conseguiram 28.
O desfecho do jogo pós-eleitoral estava em larga medida condicionado à posição do ultranacionalista Avigdor Liebermam e do seu partido Yisrael Beiteinu; o apoio ao programa conservador de Netanyahu chegou na quinta-feira.
O líder do Likud está agora confrontado com duas vias: a escolha de um gabinete circunscrito aos aliados da linha dura ou o alargamento do executivo ao Kadima de Tzipi Livni e ao Partido Trabalhista do até agora ministro da Defesa, Ehud Barak.
Benjamin Netanyahu diz-se disposto a enveredar pelo segundo caminho, ainda que Livni já tenha dito por mais do que uma ocasião que não está interessada em suportar ao lado da direita mais radical o fardo de um provável naufrágio do processo de paz no Médio Oriente.
Acordo improvável
O mais recente atestado da indisponibilidade de Tzipi Livni foi deixado à saída do último encontro com o Presidente Shimon Peres.
O mais recente atestado da indisponibilidade de Tzipi Livni foi deixado à saída do último encontro com o Presidente Shimon Peres.
A líder do partido fundado por Ariel Sharon, em dissidência com o Likud, recusou “servir de disfarce para uma falta de direcção”: “Quero liderar Israel da forma em que acredito, fazer avançar um processo de paz baseado em dois Estados para dois povos”.
Para justificar a sua posição, a dirigente do Kadima invocou mesmo a corrente dominante na história política do Estado hebraico. Em Israel, lembrou Livni, o líder do partido mais votado foi sempre convidado a formar governo.
Ainda assim, depois de receber o testemunho das mãos do Presidente, Netanyahu insistiu em falar na direcção dos adversários.
“Lanço um apelo à presidente do Kadima, Tzipi Livni, e ao presidente do Partido Trabalhista, Ehud Barak, a quem digo: vamos unir-nos para assegurar o futuro do Estado de Israel”.
“Peço-vos para que nos encontremos com o objectivo de discutir a formação de um governo alargado de unidade nacional em prol do povo e do Estado”, exortou o primeiro-ministro indigitado.
Ao lado de Netanyahu, Shimon Peres fez questão de frisar que só nomeou o líder da direita israelita depois de perceber que estava em condições de garantir uma maioria clara no Knesset.
”Desafios colossais”
Das primeiras declarações do primeiro-ministro indigitado ressalta a tese de que Israel “atravessa um período crucial” caracterizado por “desafios colossais”. Entre os quais o Irão, que “procura dotar-se de armas nucleares e constitui a ameaça mais grave para a existência [de Israel] desde a guerra da independência” de 1948.
Das primeiras declarações do primeiro-ministro indigitado ressalta a tese de que Israel “atravessa um período crucial” caracterizado por “desafios colossais”. Entre os quais o Irão, que “procura dotar-se de armas nucleares e constitui a ameaça mais grave para a existência [de Israel] desde a guerra da independência” de 1948.
Numa alusão à Síria e ao Hezbollah xiita libanês, Netanyahu citou o espectro de “forças terroristas do Irão que ameaçam Israel a Norte”.
“Há várias décadas que Israel não enfrenta desafios tão temíveis. Cabe-nos a responsabilidade de obter a segurança do nosso país, a paz com os nossos vizinhos e a unidade entre nós”, assinalou o líder do Likud.
Quanto aos territórios palestinianos, ou mesmo ao projecto de “dois Estados para dois povos” patrocinado pela nova Administração norte-americana, impera para já o silêncio.
Autoridade Palestiniana e Hamas esperam dias difíceis
A Autoridade Palestiniana apressou-se a condicionar qualquer forma de diálogo com o futuro governo a um compromisso imediato para com o processo de paz.
A Autoridade Palestiniana apressou-se a condicionar qualquer forma de diálogo com o futuro governo a um compromisso imediato para com o processo de paz.
“Não trataremos com o governo israelita, a não ser que aceite uma solução baseada em dois Estados, impeça a expansão de colonatos e respeite os acordos passados”, afirmou um porta-voz do Presidente palestiniano Mahmud Abbas, em declarações à France Presse.
A partir do enclave da Faixa de Gaza, o movimento islamista Hamas sublinhou que Israel não poderia ter escolhido um dirigente político “mais extremista”.
A nomeação do líder do Likud “não augura um período de paz ou de estabilidade na região”, estimou o porta-voz da administração do Hamas em Gaza, Fawzi Barhum.
Netanyahu tem um prazo de 28 dias, eventualmente prorrogável por mais 14, para apresentar a composição do executivo ao Parlamento.
Carlos Santos Neves, RTP
http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=388874&visual=26&tema=2
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário