sábado, 13 de junho de 2009

Um alerta global








A decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de considerar a gripe A ou gripe suína como uma pandemia tem a função de alertar as autoridades sanitárias de todos os países para os riscos da doença e para a necessidade de vigilância epidemiológica constante e globalizada. O anúncio, feito quinta-feira, coloca essa gripe no patamar mais alto do alerta epidemiológico, refletindo a constatação de que a doença se alastrou numa grande área territorial (já atinge quatro continentes) e representa riscos previsíveis e longos, embora de gravidade moderada. Iniciada no México há dois meses, a gripe já afeta 74 países, é a quarta pandemia dos últimos cem anos e a primeira desde 1968. As autoridades sanitárias asseguram que, apesar da expansão acelerada, a gripe A não tem a letalidade das outras, mas mesmo assim inspira cuidados, exige vigilância e demanda investimentos e pesquisas para a produção de uma vacina.







A situação tem especial importância para o sul do Brasil, onde o inverno favorece a expansão das gripes e, portanto, pode desencadear contaminações por esse novo vírus. O Chile, que a OMS considera um dos países mais afetados, e a Argentina, que mantém amplo intercâmbio de pessoas com nossa região, são exemplos dos riscos da doença. A iminência das férias escolares, fato que normalmente acelera as viagens entre os países do Cone Sul, é também um fato a ser monitorado. As autoridades da OMS fizeram questão de dar dimensão adequada ao anúncio da pandemia, avisando que não há motivos para qualquer tipo de pânico. As comunicações globalizadas e a interação entre os sistemas de saúde de todos os países são fato novo que ajudará a combater a pandemia. A decisão de ver a gripe suína como uma pandemia moderada baseia-se na relativamente pequena quantidade de óbitos (144 até agora) e na comparação com outras ocorridas no século 20. Esta é muito menos grave que a gripe espanhola de 1918, por exemplo, e mais parecida com a de 1957. Mesmo assim, é quatro vezes mais perigosa que a gripe sazonal típica, que a cada ano mata entre 250 mil e 500 mil pessoas ao redor do mundo.







Os dados conhecidos e a cautela da OMS para evitar temores inconsistentes desautorizam medidas restritivas quanto a viagens e ao comércio, mas impõem a responsabilidade de manter processos claros e eficientes de vigilância. No Brasil, onde há confirmação de 52 casos da gripe, é fundamental que as autoridades não afrouxem as medidas preventivas, verificando com cuidado e sem qualquer xenofobia o acesso às suas fronteiras e aos seus portos e aeroportos. Nos Estados afetados pelas baixas temperaturas, impõe-se que os cuidados sejam mais estritos, com o tratamento pronto das chamadas doenças de inverno.







A pandemia da gripe suína, a primeira doença global do século 21, representa também o primeiro grande desafio para a saúde pública em termos planetários. O Brasil precisa fazer a sua parte.






http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2543838.xml&template=3898.dwt&edition=12505&section=1011

Nenhum comentário: