O governo israelense anunciou nesta terça-feira que vai acelerar a construção em assentamentos na Cisjordânia e congelar a transferência de fundos à Autoridade Nacional Palestina (ANP), na primeira retaliação à admissão plena dos palestinos como membros da Unesco, uma agência da ONU.
A decisão irritou a ANP, que classificou a expansão dos assentamentos como "a destruição do processo de paz" e considerou "desumano" o congelamento dos fundos, que são provenientes de impostos.
"Congelar os fundos da ANP é uma provocação à nossa gente e um roubo do dinheiro deles, além de destruir os esforços para retomar o processo de paz", condenou Nabil Abu Rudeinah, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, serão construídas 2 mil casas nos assentamentos de Gush Etzion, na Cisjordânia, e Maaleh Adumim, nos arredores de Jerusalém Oriental. Fontes do governo disseram ao jornal "Haaretz" que a decisão é apenas a primeira resposta à decisão da Unesco.
"Todas as áreas mencionadas estão entre as que ficariam sob controle israelense em caso de qualquer acordo de paz futuro", afirma Netanyahu em comunicado.
O governo Netanyahu ainda considera medidas adicionais, como a revogação do passe especial de algumas autoridades palestinas e uma possível retaliação às atividades da Unesco em território israelense.
Na ausência de negociações de paz, que entraram em colapso há cerca de um ano justamente devido à disputa sobre a construção de assentamentos, Abbas tem buscado o reconhecimento unilateral na ONU. Como no Conselho de Segurança tem como obstáculo o veto dos EUA, a saída tem sido recorrer às agências das Nações Unidas.
ANP promete buscar mais reconhecimento
A decisão da Unesco, anunciada na segunda-feira, irritou israelenses e também Washington, que cortou a contribuição financeira à agência. Mesmo assim, os palestinos já disseram que buscarão reconhecimento em outras áreas da ONU.
Para o representante palestino em Genebra, Ibrahim Khraishi, se juntar à Unesco vai "abrir as portas" para que o mesmo ocorra em outras 16 agências dentro de semanas.
"Agora estamos estudando quando vamos buscar reconhecimento pleno em outras agências da ONU", disse Khraishi. "É nossa meta fazer parte de organizações internacionais e agências da ONU".
Ele disse que o voto da Unesco abre um precedente que permite a busca de um reconhecimento mais amplo.
"Estamos trabalhando nisso, um por um", disse. "Porque agora temos um precedente, nós somos membros plenos de uma das maiores e mais importantes agências da ONU, a Unesco. Então isso vai abrir as portas para nós em nossos esforços de integração a outras agências da ONU".
Em Jerusalém, Yigal Palmor, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, disse que a estratégia palestina não apenas enfraquece a necessidade por conversas de paz, como também pode causar graves danos ao trabalho das Nações Unidas. Ele disse que ao se juntar a agências da ONU, os palestinos tentariam sequestrar esses comitês e iriam pressionar os órgãos para que fossem adotadas agendas contra Israel.
Da Agência O Globo
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