Dom Odilo Scherer lamenta o fato de o religioso, de vítima, estar se tornando réu. Padre, vítima de extorsão, pode ter o sigilo quebrado pela polícia.
Do G1, em São Paulo
A Arquidiocese de São Paulo divulgou nota, na tarde deste sábado (27), manifestando apoio ao padre Júlio Lancelotti. Assinada por dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, a nota diz que são levianas as acusações feitas contra o religioso. Neste sábado, o advogado de um ex-interno da Febem acusado de extorquir dinheiro do padre disse que os dois tinham um "relacionamento sexual".
Dom Odilo diz que o trabalho de Lancelotti é valioso e que, lamentavelmente, de vítima ele está se transformando em réu.
Na tarde deste sábado, a polícia afirmou que estuda a possibilidade de quebrar o sigilo bancário do Padre Júlio Lancelotti para apurar os depoimentos dados pelos presos acusados de extorquir dinheiro dele. O homem acusado de comandar o esquema, o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, disse que recebeu R$ 700 mil do padre nos últimos anos.
O advogado do suspeito, Nelson Bernardo da Costa, disse que nunca houve extorsão. “Nunca houve extorsão. Ele [Batista] tinha uma amizade que se tornou relacionamento sexual.” O delegado André Pimentel, do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional, disse que não há comprovação das acusações feitas pelo advogado de Batista. "Até agora o padre é vítima", afirmou Pimentel.
Leia a íntegra da nota de dom Odilo Scherer:
"A Arquidiocese de São Paulo manifesta sua satisfação pelo trabalho de investigação da polícia que resultou na prisão de várias pessoas acusadas de atos de chantagem e extorsão contra o padre Júlio Lancelotti. Esse era um passo muito esperado e necessário para o prosseguimento das investigações e para que a verdade sobre as suspeitas levantadas contra o Padre possa aparecer.
Por outro lado, causam grande perplexidade as acusações levianas feitas contra o padre Júlio, que é bem conhecido, há muito tempo, e sempre esteve em evidência na cidade de São Paulo; seu trabalho social foi sempre devidamente monitorado por quem de direito. Com seu valioso trabalho social em benefício de numerosas pessoas que vivem em condições de total exclusão social e, muitas vezes, em situações de marginalidade, e com seu trabalho religioso, ele sempre buscou ajudar essas pessoas a recuperarem sua dignidade, para uma adequada re-inserção social. Para isso, ele teve e tem o incentivo e o apoio da Igreja e também de grande parte da sociedade.
É bom recordar que foi o próprio Padre Júlio quem apresentou a denúncia à polícia de ele que estava sendo vítima de extorsão e, para isso, era chantageado, mediante a ameaça da acusação de pedofilia. Sobre isso foi recolhido farto material comprobatório. Lamentavelmente, de vítima, agora ele está sendo transformado em réu.
Toda pessoa deve ser considerada inocente, até provas em contrário. Aos acusadores cabe a responsabilidade de apresentar provas convincentes para suas acusações. E ninguém pode ser condenado, mesmo na opinião pública, antes do processo formal e sem ter tido a possibilidade ampla de defesa.
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