quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Polícia apura outra extorsão contra o padre Júlio

da Folha de S.Paulo


A Polícia Civil de São Paulo passou a investigar ontem uma suposta segunda extorsão contra o padre Júlio Lancelotti, 58. O novo suspeito de exigir dinheiro do religioso é Marcos José de Lima, um conhecido do ex-interno da antiga Febem (Fundação Casa) Anderson Marcos Batista, 25, preso na última sexta-feira sob acusação de extorquir grandes quantias do padre, sob ameaças.


Foi o padre quem procurou a polícia, em agosto, para denunciar Batista --que, após ser preso, alegou ter feito sexo com o religioso em troca de dinheiro.


À época da suposta extorsão praticada por Lima, Lancelotti, segundo a Folha apurou, chegou a pedir ajuda da Polícia Civil. Como o padre não quis registrar formalmente a denúncia contra Lima, a investigação não prosseguiu.


Lancelotti procurou então alguns conhecidos na Polícia Militar e eles foram atrás de Lima, que acabou preso.


Ele é suspeito de ter conhecido Batista quando comprava drogas com ele. A Folha não conseguiu localizar Lima.


Agora, a Polícia Civil quer encontrar Lima e descobrir se ele teria sido levado à prisão sob a acusação de injúria por ter xingado uma pessoa.


De acordo com investigadores, Lima ligou de uma penitenciária de Hortolândia (105 km de SP), onde usava um telefone celular na cela. Ele teria voltado a ameaçar o religioso e a pedir dinheiro para não revelar um suposto relacionamento entre o padre e Batista.


O advogado do religioso, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, foi procurado nos últimos dois dias, mas não atendeu aos recados. O padre também não quis falar.


À polícia, o padre disse que Batista e a mulher, Conceição Eletério, passaram à extorsão após alguns anos de ajuda financeira voluntária.


Lancelotti disse ter entregue dinheiro ao grupo por medo de ser agredido e por ter esperança de conseguir mudá-los.


PMs interrogados


Hoje, os PMs Luiz Carlos Mariano e Umberto da Silva Braga serão interrogados no inquérito que investiga a extorsão contra o padre.


Eles terão de explicar como o ex-interno fugiu do 9º DP (Carandiru) na madrugada do último dia 14, mesmo com a prisão decretada em 9 de outubro.


Batista foi levado para lá depois que a Pajero comprada por ele, com dinheiro de Lancelotti, foi achada numa rua.


O delegado responsável pelo caso, André Luiz Pimentel Queiroz, disse que "os PMs foram induzidos ao erro". "O mandado de prisão contra Batista ainda não constava na central de processamento de dados do governo naquela madrugada do dia 14", afirmou Queiroz.


Com ROGÉRIO PAGNAN, ANDRÉ CARAMANTE e KLEBER TOMAZ

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