quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Testemunhas viram sinais da tragédia na Igreja Renascer







Ullisses Campbell - Correio Braziliense









São Paulo – Testemunhas ouvidas nessa terça-feira no inquérito criminal que apura as causas do desabamento do teto da Igreja Renascer em Cristo disseram que ouviram estalos vindos do teto durante o culto ocorrido às 17h. Segundo os relatos colhidos pelo delegado Dejar Gomes Neto na 1ª Seccional de São Paulo, três testemunhas afirmaram ainda que havia goteiras no teto durante uma chuva forte que caiu em São Paulo também no domingo, dia em que o telhado desabou, matando nove pessoas e ferindo outras 117.









“Algumas testemunhas disseram ter visto infiltrações que começavam no teto e se estendiam pelas paredes. Mas não temos como afirmar se as gotas eram de chuvas ou de aparelhos de ar-condicionado”, disse o delegado.









Até a noite dessa terça, oito pessoas já haviam sido ouvidas no inquérito, que já possui 250 páginas. Todas as testemunhas eram fiéis que estavam no interior do templo e conseguiram escapar. “As pessoas que sobreviveram contam que ouviram um estalo em volume baixo e outros que foram aumentando de intensidade. Ao perceberem que o teto ia desabar, os fiéis saíram correndo e conseguiram escapar”, relata Gomes.









Ele pretende ouvir nos próximos dias vizinhos do templo, representantes da prefeitura, do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (Crea-SP), dirigentes da igreja, além de técnicos da empresa Etersul Coberturas e Reformas Ltda., contratada pela Igreja Renascer em julho do ano passado para fazer a troca do telhado do templo.









A perícia nos escombros da igreja, que vinha sendo realizada desde a madrugada de segunda-feira pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, teve de ser interrompida ontem por causa de riscos de novos desabamentos. A prefeitura intimou a direção da Renascer a se responsabilizar pela demolição da paredes que ficaram em pé e que ameaçam desabar.









A medida foi criticada pelos vizinhos do templo porque, uma vez encarregada de fazer a demolição, a igreja poderá destruir provas. “Há uma suspeita de que aparelhos de ar-condicionado e caixas de som pesadíssimas tenham sobrecarregado o teto. Se as vigas e esses aparelhos sumirem, não será possível comprovar essa tese”, afirma o engenheiro civil Roberto Coutinho Lima, 39, vizinho da igreja.

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Escombros

Após a demolição das paredes que ficaram erguidas, o Instituto de Criminalística (IC) fará uma nova perícia nos escombros do prédio da igreja. “Os peritos afirmam que só entrarão no local após a contratação de uma empresa de engenharia pela Renascer. Eles têm medo porque partes da estrutura ainda podem ruir”, disse o delegado Gomes. Segundo a Defesa Civil, desde domingo, quando ocorreu o desabamento, uma parede lateral direita inclina lentamente a cada dia.









Até essa terça-feira, ela já havia curvado cerca de meio metro. “Todas as paredes que ficaram em pé apresentam rachaduras. A Renascer deverá contratar uma empresa particular para demolir o que restou do edifício. Ainda não há, no entanto, data confirmada para os trabalhos”, disse o coronel Orlando Camargo, coordenador da Defesa Civil Municipal.









Camargo disse ainda que as principais provas que apontam a causa do acidente já foram recolhidas pelos órgãos oficiais e que dificilmente a cena da tragédia poderá ser adulterada ao ponto de comprometer as investigações. A Igreja Renascer também contratou uma equipe de engenheiros para fazer uma perícia paralela. Eles estiveram no local ontem à tarde e colheram materiais da estrutura e tiraram diversas fotografias, além de ouvir testemunhas.









O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse ontem que a reforma feita no telhado da igreja no ano passado não foi fiscalizada pela prefeitura. Em nota divulgada ontem, a Renascer em Cristo mostrou o contrato assinado com a empresa que substituiu todo o teto do templo. De acordo com a documentação, cabia à construtora se responsabilizar pela legalização da obra junto à prefeitura e ao Crea-SP. Até a terça-feira, nenhum dos dois órgãos haviam localizado a autorização que liberava a reforma.













www.uai.com.br/UAI/html/sessao_7/2009/01/21/em_noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=96162/em_noticia_interna.shtml









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