Em liberdade, bispa Sônia chora ao participar de evento da Renascer
MITCHEL DINIZ
Colaboração para a Folha Online
No primeiro dia em liberdade após deixar o presídio de Tallahassee, capital da Flórida (EUA), onde permaneceu 140 dias, a fundadora da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Sônia Hernandes, participa neste sábado de um evento da igreja, realizado no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Ela e o marido, Estevam, participam da Ceia dos Oficiais. O casal foi condenado em agosto do ano passado pelos crimes de conspiração e contrabando de dinheiro. As imagens geradas em Miami, na casa dos dois, são retransmitidas para um telão montado no ginásio. O evento reúne cerca de 8.500 pessoas, de acordo com estimativas da Polícia Militar.
Ao aparecer no telão instalado no centro do ginásio, por volta das 18h, Sônia foi recebida com aplausos e euforia pelos fiéis. No palco, artefatos pirotécnicos precederam a sua aparição. Num misto que alternava choros e sorrisos, bem maquiada, com vestido preto e cabelos soltos, ela disse que estava com muita saudade dos integrantes de sua igreja. "Como eu amo vocês e como eu amo essa igreja", disse. Muitos que estavam no ginásio choraram.
Segundo ela, ao deixar do presídio, neste sábado, alguns oficiais saíram para vê-la.
Ao seu lado, o apóstolo Estevam afirmou que o período foi o mais difícil que enfrentou. "Nunca na minha vida eu experimentei um sofrimento como este pelo qual nós passamos no último ano e meio. Eu fui buscar a bispa com muita alegria", afirmou.
Muitos fiéis levaram faixas de apoio à bispa. Uma delas trazia a inscrição "A espera não conseguiu matar a esperança".
Crime
Sônia se apresentou à Justiça dos Estados Unidos no dia 21 de janeiro deste ano para iniciar o cumprimento da pena. Ela e o marido foram condenados a mais cinco meses de prisão domiciliar, mais dois anos de liberdade condicional e multa de US$ 30 mil para cada um. Enquanto ela cumpria pena em regime fechado, Estevam cumpriria a pena em regime domiciliar.
O casal foi condenado em agosto do ano passado pelos crimes de conspiração e contrabando de dinheiro. Os dois foram detidos em 9 de janeiro de 2007 quando entravam nos EUA com US$ 56,4 mil escondidos em uma bolsa, na capa de uma Bíblia, em um porta-CDs e em uma mala. Em vez de declarar a quantia, eles informaram que não carregavam mais de US$ 10 mil.
Inicialmente, a defesa do casal alegou que houve um equívoco na declaração de valores à alfândega americana, além de dificuldades de entendimento do idioma inglês. Em junho, em troca de uma pena mais branda, eles fizeram um acordo com a promotoria norte-americana e se declararam culpados. Foi considerado como atenuante o fato dos réus terem admitido a culpa e a demonstração de arrependimento.
Até a condenação em agosto passado, o casal ficou em liberdade condicional e vigiada: sua circulação estava restrita ao condomínio de luxo em Miami no qual possui residência e alguns lugares da cidade, como consultórios médicos. Todos os seus deslocamentos eram monitorados por um aparelho eletrônico preso ao tornozelo de cada um.
Pela decisão da Justiça norte-americana, Sônia e Estevam deveriam cumprir a pena de reclusão em regime fechado de 140 dias em períodos intercalados. O juiz Federico Moreno, do Tribunal da Flórida, levou em consideração que um deles precisava ficar em casa para cuidar do filho.
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