Se EUA não voltarem à Lua, não está claro se alguém mais poderá ir.
Painel que avalia missões tripuladas solta relatório final em agosto.
O programa da Nasa de enviar astronautas de volta à Lua, até 2020, é muitas vezes chamado de "Apollo com esteroides". Para os detratores, essa é uma descrição de menosprezo – fazer o mesmo caminho de 40 anos atrás, mas com foguetes maiores e mais custosos.
Altair parece uma atualização fashion – com um visual mais redondo e moderno – do transportador que levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin para o Mar da Tranquilidade (Foto: Nasa/Constellation Project)
No entanto, representantes da agência espacial americana afirmam que as novas missões serão muito mais grandiosas – com astronautas morando na Lua por meses, percorrendo centenas de quilômetros da superfície lunar e, pela primeira vez, construindo um posto avançado num solo fora da Terra.
"Não se trata só de bandeiras e pegadas", diz John Olson, da diretoria de missões exploratórias da Nasa, que coordena os diversos fronts do programa lunar.
As tecnologias e as habilidades, dizem representantes da agência espacial americana, são essenciais antes de ir a Marte, o próximo grande destino.
Cientistas enxergam várias possibilidades empolgantes de pesquisa na Lua, como construir um radiotelescópio no lado mais distante, protegido do barulho da Terra, e observar camadas congeladas em crateras sombreadas próximas aos polos, onde possivelmente estão preservadas informações sobre o passado do sistema solar.
Entretanto, com déficits no orçamento federal de trilhões de dólares e um painel de notáveis reavaliando o programa de viagens espaciais tripuladas dos Estados Unidos, há questionamentos sobre a viabilidade de construção dos projetos lunares que a Nasa tem elaborado nos últimos cinco anos. A agência pode ser orientada a focar em missões robóticas, a participar de alternativas mais baratas para chegar à Lua, ou mudar o alvo para outro corpo celeste, como um asteróide.
Confira toda a cobertura sobre os 40 anos do homem na Lua
Se a Nasa não for à Lua, também não fica claro se alguém mais poderia ir. Alguns representantes da China e da Rússia falaram sobre estabelecer uma base lunar por volta de 2025, mas nenhum desses países fez qualquer pronunciamento oficial – e seus foguetes atuais são pequenos demais para cumprir essa tarefa.
A nascente indústria de voos espaciais particulares, que ainda deverá mandar uma pessoa à órbita, não considera a Lua um destino viável, pois não existem lucros óbvios para cobrir os bilhões de dólares em custos. "A ideia de que um investidor privado possa juntar fundos para desenvolver foguetes capazes de realizar uma missão lunar é extremamente especulativa, beirando a fantasia", diz John Logsdon, chefe de história espacial do Museu Nacional do Ar e do Espaço.
A Nasa deu o nome de Programa Constellation a seu sistema de transporte espacial de última geração. As primeiras duas peças do Constellation – o foguete Ares 1, com a cápsula Orion – devem levar astronautas à Estação Espacial Internacional a partir de 2015. Dois reforços serão necessários para a viagem à Lua: a Ares 5, foguete enorme e pesado, e o Altair, para levar os astronautas à superfície da Lua.
À primeira vista, o Ares 5 parece mais ou menos como o Saturn 5 da era Apollo e o Altair parece uma atualização fashion – com um visual mais redondo e moderno – do transportador que levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin para o Mar da Tranquilidade.
O Ares 5, ao contrário do Saturn 5, não transportará astronautas. Seguindo recomendações do painel que investigou a perda do ônibus espacial Columbia, o programa Constelação colocará tripulação e carga em foguetes separados para aumentar a segurança dos astronautas. Enquanto grande parte dos equipamentos da nave – o Altair entre eles – vai no Ares 5, uma equipe de quatro astronautas parte numa cápsula Orion no topo do Ares 1.
Em órbita ao redor da Terra, a cápsula Orion vai receber os componentes enviados pelo Ares 5, e a nave espacial vai, então, seguir para a Lua.
Na Apollo 11, Michael Collins teve de ficar sozinho circundando a superfície lunar no módulo de comando, enquanto seus dois companheiros iam ao satélite no veículo de desembarque. Para as próximas missões na Lua, todos os quatro astronautas devem ir à superfície, enquanto a cápsula Orion, vazia, cuidará de si própria.
Isso significa que o Altair deve ser muito maior que o congênere da era Apollo para poder levar os astronautas e suprimentos a mais e alcançar mais partes da Lua. Os avanços na tecnologia também poderiam permitir versões de carga do Altair – sem astronautas – para trazer componentes modulares de um posto avançado, assim como rovers.
O conceito de rovers exige uma cabine totalmente pressurizada na qual os astronautas podem trabalhar usando roupas de mangas curtas. Para viagens que duram mais ou menos uma semana, os astronautas viveriam essencialmente do veículo.
As roupas espaciais seriam, na verdade, acondicionadas fora do rover, e os astronautas poderiam entrar neles através de aberturas na parte de trás, permitindo-os ir de dentro para fora em cerca de dez minutos.
"Isso muda completamente o jogo", diz Olson.
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Sem dinheiro, não existe Buck Rogers"
"Sem dinheiro, não existe Buck Rogers", brinca Olson.
Porém, a esperança de muitos dentro e fora da Nasa é que os níveis orçamentários da administração Obama possam ser alterados, dependendo das recomendações do painel que analisa o programa espacial tripulado da agência. O relatório do painel é esperado para o final de agosto.
O painel está buscando alternativas ao Ares 1 e 5, como adaptar foguetes já existentes, como o Delta 4, para as necessidades dos astronautas da Nasa.
http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1234259-17082,00-GRANDES+PLANOS+PARA+A+LUA+E+PARA+MARTE+SE+O+
ORCAMENTO+DA+NASA+PERMITIR.html
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