terça-feira, 15 de abril de 2008

Papa diz que escândalo de pedofilia nos EUA foi "uma vergonha"

da Folha Online





da Efe



O papa Bento 16 disse nesta terça-feira, no avião rumo aos Estados Unidos, que o escândalo de pedofilia envolvendo sacerdotes católicos americanos foi "uma vergonha". Segundo o pontífice, esses casos representaram "um grande sofrimento para os EUA", "para a Igreja" e para ele, pessoalmente.




"Não entendo como puderam acontecer", acrescentou o papa, em afirmações feitas aos jornalistas que o acompanham no avião que o leva a sua primeira visita aos EUA como chefe da Igreja Católica. Bento 16 ficará nos EUA até o próximo domingo (20).




Dario Pignatelli/Reuters
Papa Bento 16 acena antes de embarcar para viagem de seis dias aos Estados Unidos
Papa Bento 16 acena antes de embarcar para viagem de seis dias aos Estados Unidos





"Quando leio as histórias das vítimas parece impossível entender como pôde acontecer que um sacerdote traia sua missão de dar incentivo e o amor de Deus a estas crianças", disse Bento 16.




Foi após essa frase que o papa qualificou como uma "vergonha" esses atos e acrescentou: "Agora temos de fazer tudo o possível para que isto não volte a acontecer".




O pontífice disse que, para evitar casos como estes, a igreja atuará em vários níveis: "Colocando regras, reconciliando-se com os católicos e com uma boa formação dos sacerdotes". Bento 16 ressaltou que se referia à pedofilia e não à homossexualidade.




O papa lembrou também que agora a Igreja conta com normas e que nenhuma pessoa pode ser sacerdote "se for pedófilo". Ele ressaltou que "é preciso fazer justiça às vítimas".




Visita

Bento 16 será recebido na base aérea Andrews pelo presidente George W. Bush, que pela primeira vez recebe um líder estrangeiro no local. O avião que levava Bento 16 --um Boeing 777 da companhia Alitalia-- decolou do aeroporto de Fiumicino, em Roma, às 12h locais (7h de Brasília) e deve aterrissar na base aérea Andrews, nas imediações de Washington, às 16h locais (17h de Brasília).




Durante sua viagem ao país, Bento 16 vai celebrar missas em estádios de Washington e Nova York, visitar o marco zero [área onde ficavam as torres do World Trade Center destruídas nos atentados de 11 de setembro de 2001], encontrar com representantes de outras religiões e fazer um discurso na Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele também fará aniversário durante a viagem, completando 81 anos nesta quarta-feira (16).




Além de ser recebido hoje por Bush e pela primeira-dama Laura na base aérea, Bento 16 será recebido nesta quarta-feira na Casa Branca, em Washington, onde deve fazer um discurso. A agenda do dia inclui encontros com membros da Igreja Católica e desfiles em carro panorâmico em alguns percursos.




Dario Pignatelli/Reuters
Papa Bento 16 embarca para os EUA em sua primeira viagem ao país como chefe da igreja
Papa Bento 16 embarca para os EUA em sua primeira viagem ao país como chefe da igreja







No dia seguinte, quinta-feira (17), ele vai celebrar uma missa no Estádio Nacional de Washington. Segundo a agência de notícias Efe, a arquidiocese de Washington emitiu 46 mil ingressos para a celebração. Durante o dia, o papa também vai se reunir com representantes da Igreja Católica e de outras religiões.




Na sexta-feira (18), Bento 16 embarca para Nova York, onde pronunciará um discurso na Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Entre as atividades do dia, o papa também terá um encontro ecumênico na igreja de St. Joseph.




No sábado (19), o papa celebra uma missa com os sacerdotes, religiosos e religiosas na Catedral de St. Patrick, almoçará com bispos da arquidiocese e encontrará com jovens e seminaristas.




No domingo (20), último dia da viagem de Bento 16 aos EUA, o papa visitará o marco zero e também vai celebrar uma missa no estádio dos Yankees. Ele embarca para Roma à noite.




Segurança

Esta será a primeira viagem do chefe da Igreja Católica aos EUA desde os atentados de 2001 e a segurança é muito mais rígida que durante a visita do antecessor, João Paulo 2º, ao país.




A polícia trabalhará em estreita colaboração com os serviços secretos e membros da Guarda Suíça, responsáveis pela proteção do papa, durante os seis dias da estadia do pontífice.




O número de oficiais não foi revelado, mas a polícia anunciou que incluirá homens-rã no East River, franco-atiradores nos terraços, helicópteros e carros blindados.




Ao contrário da primeira visita do João Paulo 2º ao país, que em 1979 presidiu uma missa em parque aberto no sul de Manhattan, a entrada dos eventos será estritamente controlada. Além da verificação das identidades, serão instalados detectores de metais em todos os eventos da visita.




Os grandes desafios para a polícia serão a missa do papa em dois estádios, em Washington em 17 de abril, e no estádio dos Yankees, em Nova York, três dias mais tarde.




A segurança nos dois locais será grande, com ingressos de entrada intransferíveis com códigos de barra. O FBI exige que os fiéis compareçam seis horas antes do início das cerimônias.





www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u392279.shtml



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