terça-feira, 18 de março de 2008

Obama critica pastor e defende união racial nos EUA

Reuters/Brasil Online







Por Caren Bohan






FILADÉLFIA (Reuters) - O pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos Barack Obama fez na terça-feira um discurso sobre temas raciais, em que criticou um pastor ao qual foi ligado, mas disse que não pode se desassociar dele.






Obama reagia à polêmica provocada por alguns sermões do pastor Jeremiah Wright, de uma igreja protestante de Chicago frequentada pelo senador por duas décadas.






"Temos uma escolha neste país. Podemos aceitar uma política que alimenta a divisão, o conflito, o cinismo. Ou, neste momento, nesta eleição, podemos nos unir e dizer: 'Não desta vez"', afirmou Obama.






Wright, que se aposentou recentemente, disse certa vez que os atentados de 11 de setembro de 2001 foram uma vingança contra a política externa dos EUA. Em outra ocasião, afirmou que o governo norte-americano é a fonte do vírus da Aids, e se manifestou contra o suposto racismo generalizado da sociedade.






"Não posso me dissociar dele da mesma forma que não posso me dissociar da comunidade negra", disse Obama, que pretende se tornar o primeiro presidente negro dos EUA.






O candidato afirmou que as declarações do pastor são não só polêmicas, mas também "expressam uma visão profundamente distorcida deste país -uma visão que vê o racismo branco como endêmico".






Obama disse que os EUA vivem "um impasse racial em que estamos parados há anos", mas que ele próprio -filho de uma branca do Kansas e de um negro do Quênia- é a prova de que isso pode ser superado.






"Afirmei uma firme convicção -uma convicção arraigada em minha fé em Deus e na minha fé no povo norte-americano- de que trabalhando juntos podemos transpor algumas das nossas velhas feridas raciais."




A campanha de Obama teme que a polêmica envolvendo o pastor lhe custe votos de brancos em Estados como a Pensilvânia, que realiza eleições primárias em 22 de abril.






"Eu sabia que ele era um crítico ocasionalmente feroz da política doméstica e externa norte-americana? É claro. Já o ouvi fazer comentários que poderiam ser considerados polêmicos quando eu estava sentando na igreja? Sim. Discordo fortemente de muitas de suas visões políticas? Absolutamente [sim]", disse.






Mas ele afirmou que os trechos polêmicos mostrados nos últimos dias em programas de TV e sites não refletem o caráter de Wright. "Imperfeito como ele possa ser, é como alguém da minha família. Ele fortaleceu minha fé, oficializou meu casamento e batizou minhas filhas", declarou Obama.






Na semana passada, a questão racial já havia entrado na campanha por causa de uma declaração de Geraldine Ferraro, ex-candidata a vice-presidente e seguidora de Hillary Clinton, rival de Obama pela indicação do partido.






Ferraro sugeriu que Obama não teria ido tão longe se não fosse um homem negro. O senador lamentou que alguém veja sua candidatura "como um exercício de ação afirmativa".






A campanha de Hillary pouco citou os sermões de Wright, mas disse que os eleitores deveriam ter essa questão em mente.






(Reportagem adicional de Andy Sullivan)





http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/03/18/
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