Cidade do Vaticano, 01 abr (RV) - “Coordenar os esforços entre governos e organizações internacionais para sair da crise global sem recorrer a nacionalismos e protecionismos”. É o pedido dirigido pelo papa ao premiê britânico Gordon Brown, às vésperas da abertura da cúpula do G-20, encontro que se inicia amanhã em Londres, reunindo líderes das 19 maiores potências econômicas do mundo, mais a União Européia.
De fato, em uma carta a Brown, o papa destaca que a cúpula de Londres reúne os países responsáveis por 90% do PIB e 80% do comércio mundial.
Bento XVI recorda ao anfitrião do encontro que a África, que acaba de visitar, é o continente que mais sofre os efeitos da crise; denuncia a realidade da pobreza extrema e da marginalização, e o fato que no Grupo dos 20 a África sub-Sahariana seja representada por apenas um país (África do Sul) e algumas organizações regionais: “Os participantes deverão refletir sobre isso – alerta o pontífice – os mais pobres do cenário político são os que mais sofrem por uma crise pela qual não têm nenhuma responsabilidade”.
Na mensagem, o papa assegura suas orações e pede o compromisso dos líderes mundiais para a obtenção de ‘linhas concretas’ que permitam estabilizar os mercados financeiros e sair da crise. “Ela foi gerada pela falta de ética, por ‘um déficit de ética nas estruturas econômicas’ – escreve. A crise mostra que a ética não é alheia à economia e que esta não pode funcionar se não incluir seu componente ético”.
Outra advertência feita por Bento XVI diz respeito às ajudas a famílias e países pobres: “Todas as medidas propostas para acabar com a crise devem procurar oferecer estabilidade às famílias e aos trabalhadores”. O pontífice teme que a crise “desperte o fantasma do cancelamento ou da redução drástica dos programas de ajuda aos países menos desenvolvidos. Assim, pede que a Brown que sejam respeitados os objetivos da Cúpula do Milênio, para eliminar com a pobreza até 2015.
O Vaticano divulgou a carta de resposta do primeiro-ministro, na qual Brown garante que redobrará os esforços para que a Cúpula do G20 não esqueça os pobres nem as mudanças climáticas, temas que também preocupam o pontífice.
O premiê britânico se diz ciente do alto preço cobrado a milhões de famílias em todo o mundo por causa da recessão. “Temos que obter um resultado ambicioso nesta Cúpula de Londres”.
O Reino Unido já anunciou uma contribuição ao Banco Mundial para proteger países mais pobres do impacto da crise. E está convidando outros a contribuírem a fim de proporcionar uma verdadeira ajuda para as pessoas em dificuldade. “Não devemos nos afastar dos pobres, no momento em que mais necessitam da nossa ajuda”. (CM)
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