Organizações israelenses pedem uma investigação independente
Dois meses depois do encerramento da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, deflagrada entre 27 de dezembro e 18 de janeiro para combater terroristas palestinos, uma série de denúncias de abusos – muitas delas provenientes de jornais e entidades israelenses – sacode o país. Ontem foi a vez de o jornal britânico The Guardian citar relatos de supostos crimes de guerra em Gaza.
Entre as denúncias publicadas pelo The Guardian estão ataques diretos contra médicos e hospitais – também relatados em um documento divulgado na segunda-feira pelo braço israelense da organização Médicos pelos Direitos Humanos – e até o uso de crianças palestinas como escudo humano. O jornal britânico afirma ter provas de ataques contra civis realizados por aviões não-tripulados. No total, a ofensiva teria matado mais de 900 civis, de um total de 1,4 mil mortos.
Um dos depoimentos mais dramáticos é o de três irmãos adolescentes que asseguram ter sido enviados por soldados israelenses às casas dos palestinos para, no caso da presença de franco-atiradores, servirem de escudo para as primeiras balas.
Na semana passada, o jornal israelense Haaretz publicou relatos de um comandante das forças militares de Israel segundo os quais rabinos do exército disseram às tropas que elas estavam lutando uma “guerra religiosa”. Alguns veteranos do conflito admitiram também a morte de civis inocentes e o desprezo aos palestinos dentro das forças israelenses.
Por meio de um porta-voz, o exército de Israel disse que não estava a par das denúncias. Também afirmou que a credibilidade das informações será verificada e, se for o caso, será aberta uma investigação. Grupos israelenses de defesa dos direitos humanos pediram uma apuração independente sobre os supostos crimes de guerra dos israelenses. Várias organizações afirmaram em comunicado que a decisão do governo de investigar a morte de civis palestinos não garante a isenção necessária.
O relator das Nações Unidas para os Territórios Palestinos, Richard Falk, também declarou que há indícios de que os israelenses cometeram abusos na ofensiva. Segundo Falk, se não é possível distinguir entre os alvos militares e os civis, “então lançar os ataques é inerentemente ilegal e poderia constituir um crime de guerra da maior magnitude sob a legislação internacional”. Para Falk, outro agravante é o fato de que a fronteira de Gaza ficou fechada, de forma que “os civis não podiam escapar dos locais atacados”.
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