quarta-feira, 11 de março de 2009

Papa esclarece sua decisão de suspender excomunhão de bispo negacionista

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O papa Bento XVI abençoa os fiéis durante audiência semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano






CIDADE DO VATICANO, Santa Sé (AFP) — O papa Bento XVI esclarece em uma carta dirigida a todos os bispos do mundo as razões pelas quais decidiu suspender a excomunhão, em janeiro, de quatro padres integristas, entre os quais o bispo que negou o Holocausto, informou nesta sexta-feira a imprensa local.





A carta do Papa será divulgada nos próximos dias, segundo o jornal Il Foglio, habitualmente bem informado em assuntos vaticanos e que antecipa em sua primeira página trechos inteiros da missiva.





A assessoria de imprensa da Santa Sé, como é tradição no caso de vazamento de notícias, a princípio não quis comentar a notícia, mas acabou confirmando informação.





Na carta, o Papa reconhece que ficou muito "magoado pela veemência das críticas" que gerou a decisão de suspender a excomunhão dos bispos do movimento ultraconservador fundado pelo monsenhor Marcel Lefebvre, entre eles o britânico Richard Williamson, que nega a existência das câmaras de gás dos nazistas.





"Fiquei muito triste quando soube que católicos, que no fundo deveriam conhecer melhor do que outros como era a situação, me atacaram com hostilidade", teria escrito o Papa, segundo o jornal.





Na carta, o Papa agradece aos "amigos judeus", que contribuíram para esclarecer o mal-entendido e reinstaurar uma atmosfera de amizade e confiança.





Bento XVI reconhece que "o alcance e os limites dessa decisão não foram explicados de forma clara e suficiente" antes da reintegração dos religiosos à Igreja.





O chefe da igreja católica assegura que tomou a decisão pensando, antes de tudo, na "unidade dos fiéis" e para evitar que os integristas, que contam com "491 sacerdotes, 215 seminaristas, 117 religiosos, 164 religiosas e milhares de fiéis" fossem levados "à deriva, longe da Igreja".





No texto, o Papa reflete sobre o papel de bode expiatório que coube aos integristas e o que está por trás do escândalo suscitado.





"Às vezes se tem a impressão de que nossa sociedade precisa de pelo menos um grupo para negar a ele toda a tolerância e investir contra ele tranquilamente todo o ódio. Se alguém se aproxima desse grupo, neste caso o Papa, também ele perde o direito à tolerância e o tratam sem reserve em sem medo com ódio", escreveu Benedicto XVI.





Na carta, o Papa o papa diz que os integristas deverão aceitar os ensinos do Concílio Vaticano II, que modernizou a Igreja na década de 60, e recorda aos setores progressistas que "não poder cortar as raízes da árvore em que vive" ao defender o passado da instituição.





As declarações feitas em janeiro passado pelo bispo Williamson, de 68 anos, provocaram revolta na comunidade judaica em todo o mundo, além de uma dura reação por parte de alguns setores católicos da sociedade.





Na véspera do anúncio da suspensão de sua excomunhão, Williamson disse à TV sueca: "Creio que não houve câmaras de gás. Creio que entre 200.000 e 300.000 judeus morreram nos campos de concentração, mas nenhum em câmaras de gás".





No mês seguinte, o bispo pediu perdão, mas as desculpas publicadas numa carta, segundo o Vaticano, não satisfaziam a necessidade do religioso de se "retratar absoluta, inequívoca e publicamente de sua posición sobre Holocausto", afirmou na ocasião o porta-voz Federico Lombardi.





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