sexta-feira, 20 de março de 2009

Ex-presidente de Israel é indiciado por estupro







JERUSALÉM (AFP) — A Justiça israelense indiciou formalmente nesta quinta-feira por assédio sexual e estupro o ex-presidente israelense Moshe Katzav, que renunciou ao cargo devido às acusações, informou um porta-voz do Ministério da Justiça.

Katsav corre o risco de ser condenado a 16 anos de prisão se for declarado culpado.

Katsav, de 63 anos, renunciou a suas funções de presidente do Estado hebreu em 29 de junho de 2007 depois de ter sido suspenso delas em janeiro do mesmo ano a seu próprio pedido.

O caso explodiu em julho de 2006 quando ele acusou uma ex-colaboradora de querer chantageá-lo, mas a investigação terminou por mostrar que esta pessoa o acusava de estupro.

Depois de vários meses de investigação, Katsav chegou a um acordo aprovado pela Suprema Corte de que não seria processado por assédio sexual, atos indecentes ou suborno de testemunhas, enquanto as acusações de estupro foram abandonadas.

Mas no primeiro dia de seu processo, em abril de 2008, ele anunciou que rejeitava esse compromisso e que desejava lutar por sua inocência.

A anulação do acordo levou a promotoria israelense a endurecer os termos da ata de acusação. O procurador-geral Menahem Mazouz havia dado a entender, depois do anúncio da decisão de Katsav, que este último se expunha a acusações mais severas ao fazer isso.

Vários de seus funcionários o acusaram de estupro, assédio sexual e atos obsenos na época em que exercia as funções de ministro do Turismo nos anos 1990 e de chefe de Estado, após a sua eleição em 2000.

Pelo menos seis mulheres apresentaram queixas por fatos semelhantes e serão ouvidas apenas como testemunhas, pois os supostos os crimes já prescreveram.

A ata de acusação menciona as circunstâncias precisas desses crimes cometidos principalmente em um grande hotel de Tel-Aviv e na Presidência de Estado.

A imagem do homem digno e íntegro da qual gozava esse político experiente do partido Likud (direita) caiu por terra após as primeiras revelações sobre sua conduta em julho de 2006.

"Ele era como Jekyll e Hyde, doutor de dia e assassino à noite. Eu vi seu lado monstruoso", afirmou um ex-funcionário.

Na semana passada, Katzav convocou a imprensa para negar essas acusações durante cerca de três horas.

Ele se disse "vítima de um linchamento" organizado em conjunto pelo Ministério Público, pela Polícia, por políticos e pela imprensa, e falou de "testemunhos falaciosos, fatos contraditórios, mentiras, provas fabricadas, e, sobretudo, de rumores sem fundamento".

Katzav foi o primeiro membro da direita a ocupar as funções protocolares de presidente, por um mandato de sete anos renovável indefinidamente. Antes, teve uma carreira política impecável, ocupando principalmente os ministérios dos Transportes e do Turismo.

Ele se opôs aos acordos entre israelenses e palestinos de Oslo de 1993 antes de aceitá-los como um fato consumado. Depois, se desvinculando da linha dura da direita, aprovou o diálogo sobre leis com os palestinos.

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