RAMALLAH, Cisjordânia, 4 Mar 2009 (AFP) - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, declarou nesta quarta-feira que os Estados Unidos querem avançar rapidamente no caminho da paz no Oriente Médio e anunciou a volta do enviado americano à região após a formação de um governo em Israel.
Ela se manifestou assim em uma entrevista à imprensa em Ramallah, na Cisjordânia, com o presidente palestino Mahmud Abbas, que, por sua vez, pediu ao Irã, um aliado do movimento islamita palestino Hamas que controla a Faixa de Gaza, que pare de se intrometer nos assuntos internos palestinos.
"Estamos determinados a avançar. O tempo corre", declarou Hillary Clinton após se reunir com Abbas e o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad.
Ela anunciou que o enviado especial americano para o Oriente Médio, George Mitchell, voltará à região após a formação de um novo governo em Israel. "Assim que o governo for constituído, o senador Mitchell voltará para retomar as discussões com o governo", disse.
O chefe do partido de direita Likud Benjamin Netanyahu, hostil à criação de um Estado palestino com uma plena soberania, foi encarregado de formar o próximo gabinete o mais tardar daqui até 3 de abril, prazo legal para obter a investidura no Parlamento.
O apoio ligado a um Estado palestino por Washington pode gerar tensões com o futuro governo de Netanyahu.
Por sua vez, Abbas, o chefe do Movimento Fatah, pediu ao Irã que pare com suas "ingerências". "Enviamos uma mensagem ao Irã: pare de se intrometer em nossos assuntos", disse, acusando o país de "intervir somente para aprofundar a divisão entre os palestinos".
O recado de Abbas coincide com a abertura em Teerã de uma conferência de dois dias para arrecadar dinheiro para a Faixa de Gaza.
Em seu discurso inaugural, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu ao mundo muçulmano que se some à resistência palestina contra Israel.
"A única forma de salvar a Palestina é a resistência", declarou Khamenei, depois de chamar Israel de "tumor cancerígeno". "Não vamos salvar a Palestina mendigando nas Nações Unidas", acrescentou.
O presidente iraniano, o ultraconservador Mahmud Ahmadinejad, também reiterou o pedido de formar uma "frente global antissionista e castigar seriamente os criminosos sionistas".
Abbas, por outro lado, pediu ao próximo governo israelense que pare com a colonização judaica na Cisjordânia e abram os pontos de passagem com a Faixa de Gaza, submetida a um bloqueio israelense desde que o Hamas assumiu o controle em junho de 2007, depois de ter cassado as forças fiéis do Fatah.
"Respeitamos a escolha do povo israelense e respeitamos as eleições israelenses, mas pedimos ao próximo governo que respeite o mapa do caminho e a visão de dois Estados", disse; "Israel deve parar a colonização", acrescentou.
Ele também destacou a necessidade de abrir a Faixa de Gaza para acabar com o sofrimento do povo palestino e permitir a reconstrução do território devastado por uma ofensiva militar israelense em dezembro-janeiro que custou a vida a mais de 1.300 palestinos.
Hillary Clinton, que realiza sua primeira visita no Oriente Médio desde à posse do presidente Barack Obama em janeiro, disse apoiar a criação de um Estado palestino, única solução segundo ela para um acerto duradouro no conflito com Israel.
"Ao final, trabalhar para uma solução com dois Estados é inevitável", disse na véspera em Jerusalém.
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