Bento XVI visita Capitólio de Roma, lembrando imigrantes e famílias em dificuldade por causa da crise |
Bento XVI condenou esta Segunda-feira as manifestações de intolerância e discriminação para com as populações imigrantes e trabalhadores estrangeiros, num encontro com as autoridades municipais de Roma. O Papa, que hoje se tornou o quarto Bispo de Roma (depois de Pio XII, Paulo VI e João Paulo II) a visitar o Capitólio, desafiou as forças políticas e sociais e encontrar “modalidades cada vez mais adequadas para a tutela dos direitos fundamentais da pessoa, no respeito pela legalidade”. À chegada, o Papa saudou os funcionários e assinou o Livro de Ouro do Município, seguindo-se uma sessão extraordinária do Conselho Municipal. No seu discurso, Bento XVI falou das consequências da actual crise económica, que leva ao crescimento do número dos que, tendo perdido o emprego, “acabam em condições precárias e não conseguem fazer face aos encargos financeiros assumidos”, dando o exemplo da compra ou aluguer da habitação. “É necessário um esforço conjunto entre as diversas instituições, para ir ao encontro dos que vivem na pobreza”, apontou. Por outro lado, perante várias manifestações recentes de violência contra estrangeiros, Bento XVI disse que Roma foi sempre uma “cidade acolhedora”, que neste momento, tal como “o resto da Itália e o resto da humanidade”, se encontra perante desafios “inéditos” do ponto de vista social, cultural e económico. Neste sentido, afirmou que é necessário “o respeito pelas regras de convivência civil”, rejeitando “qualquer forma de intolerância e discriminação”. Os episódios violentos mostram, segundo Bento XVI, “a pobreza espiritual que aflige o coração do homem contemporâneo”. Para o Papa, a “eliminação de Deus e da sua lei, como condições de realização da felicidade do homem, não atingiram o seu objectivo; pelo contrário, privaram o homem das certezas espirituais e da esperança necessárias para enfrentar as dificuldades e os desafios do quotidiano”. Bento XVI convidou todos a trabalhar para que Roma “continue a ser um farol de vida e de liberdade, de civismo moral e de desenvolvimento sustentável, promovido no respeito pela dignidade de todos os seres humanos e da sua fé religiosa”. Na era pós-moderna, acrescentou, “Roma deve reapropriar-se da sua alma mais profunda, das suas raízes cristãs e civis, se quer ser promotora de um novo humanismo que coloque no centro a questão do homem, reconhecido na sua realidade plena”. Posteriormente, Bento XVI surgiu à varanda, para saudar as pessoas que se reuniram na Praça do Campidoglio. O Papa admitiu a sua emoção e confessou que, após tantos anos na capital italiana, já se sente um “pouco romano”, afirmando que Roma tem um coração de “poesia” e lembrando os muitos Santos que a cidade ofereceu ao mundo. No seu discurso, Bento XVI lembrou as famílias, as comunidades e paróquias, as crianças, os jovens e os idosos, as pessoas com deficiência, os voluntários, os trabalhadores na área social, os imigrantes e os peregrinos. O Papa recordou as pessoas que se encontram em “situações precárias e muitas vezes dramáticas”, apelando à solidariedade. Em conclusão, o Papa deixou uma palavra de “compreensão” e “proximidade espiritual” aos que os presentes viessem a encontrar nas suas “casas, comunidades e paróquias”. Após o discurso, Bento XVI saiu do Palácio Senatorio, despedindo-se de Gianni Alemanno, presidente do Município de Roma, que se referiu a esta visita como um "dia histórico". Em seguida, o Papa visitou o Mosteiro de Santa Francesca Romana, em Tor de’ Specchi. |
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