segunda-feira, 2 de março de 2009

Portabilidade começa em SP sem expectativa de migração expressiva









Agência Estado

Logo Agência Estado






A portabilidade numérica começa hoje em São Paulo (DDD 11), que reúne cerca de 16% dos usuários de telefonia do País, com a promessa de dar mais visibilidade ao serviço, já que agora as operadoras devem apostar mais forte nas campanhas nacionais. Porém, ainda que as operadoras enxerguem no serviço uma oportunidade de ganhar clientes da concorrência, os especialistas não esperam uma explosão nos pedidos para troca de operadora sem alteração do número de telefone.









Até agora, a quantidade de telefones portados foi bastante tímida. De 1º de setembro de 2008, quando começou a implantação da portabilidade no País, até 26 de fevereiro, 326.874 números migraram de operadora, volume considerado bastante baixo pelo mercado. Antes de entrar em vigor, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estimava, com base em experiências internacionais, que, após o primeiro ano de vigência do benefício, cerca de 11 milhões de usuários de serviços telefônicos deveriam fazer uso da portabilidade. Comparando-se com os 41,1 milhões de telefones fixos e 151,9 milhões de móveis em funcionamento no País, a quantidade de números portados até o momento revela-se irrisória.









De acordo com estudo da Accenture, o Brasil até coleciona algumas características parecidas com, por exemplo, Hong Kong, que viu 90% de sua base de telefonia móvel trocar de operadora seis anos e meio após o início da portabilidade. As semelhanças vão de rígidas cobranças por parte dos órgãos reguladores na implantação do serviço, instauração de uma base de dados nacional, até o tempo curto para a conclusão da transferência do cliente.









Contudo, para o sócio da consultoria Accenture, Petrônio Nogueira, a chegada da portabilidade a todo o território nacional não deve mudar demasiado a dinâmica do mercado. Primeiro porque o serviço, ofertado por alguns países há mais de dez anos, demorou para chegar ao Brasil, o que forçou muitos usuários a antecipar a substituição da prestadora de serviço, mesmo sob pena de perder o número da linha.









Além disso, a busca incessante por participação de mercado disparou nos últimos anos uma competição acirrada entre as operadoras móveis. Isso acabou, segundo o especialista, a levar um bom número de clientes a preferir ofertas de tarifas e subsídios para a compra de aparelhos à manutenção de suas linhas originais. "A portabilidade numérica vem atender mesmo a uma faixa da população que tem afeição ao número, seja por questões profissionais ou pessoais", afirma Nogueira, estimando uma adesão de 10% a 20% da base de telefonia nacional em cinco anos.









Dados da ABR Telecom, empresa que faz o gerenciamento da portabilidade, mostram que os usuários de telefonia fixa foram, até o momento, mais relutantes na troca do número. Dos 326.874 números portados até agora, 33,6% correspondem a telefones fixos. Com a entrada da portabilidade nos grandes mercados, acredita o analista-sênior do Yankee Group, Julio Püschel, a adesão de clientes de telefonia fixa deve aumentar um pouco mais. "Já na telefonia móvel, o impacto será bem menor, pois já existe mais competitividade e uma propensão maior dos clientes a trocar de número", destaca.









Segundo Püschel, o fato de as operadoras, fixas ou móveis, exibirem ofertas muito parecidas retrai o interesse do consumidor em aderir à portabilidade numérica. "A vontade de mudar de operadora está muito mais ligada à busca por tarifas menores do que à qualidade do serviço", avalia. Por isso, ele recomenda a criação de pacotes mais segmentados, como, por exemplo, destinado a pequenas empresas. E a oferta combinada de serviços, com banda larga, telefonia e TV no mesmo pacote, avalia Püschel.









Na opinião do analista da consultoria Yankee, usar o preço como arma é totalmente desaconselhável, especialmente para as operadoras que se colocam como uma alternativa às líderes de mercado, cujo fôlego financeiro seria suficiente para virar o jogo. "Mais de 80% da receita das operadoras de telefonia ainda vêm dos serviços de voz. Ao praticar guerra de tarifas, as teles acabariam por canibalizar suas próprias margens", nota.









Nogueira, da Accenture, também não acredita que a portabilidade numérica mude por completo as estratégias comerciais das teles. De acordo com ele, as empresas continuarão a trabalhar para reter os clientes de alto valor agregado e buscar eficiência nas campanhas de marketing para atrair o público correto, especialmente agora que a renda tende a encolher e as empresas terão de disputar uma fatia menor do bolo. Produtos inovadores também serão usados como iscas para clientes com potencial de gastar mais. Porém, estas estratégias serão muito mais relacionadas à busca por rentabilidade, feito que virá de uma maior seletividade na escolha do assinante, do que à portabilidade numérica. "A própria dinâmica do mercado, que está muito mais competitivo do que antes, força as empresas a estas estratégias", diz.









A Claro diz que não tem uma política especial de retenção e aquisição de cliente para a portabilidade numérica. "Temos a mesma ação de retenção para todos os clientes, que portam ou não seus números", observa o diretor de Marketing da empresa, Erik Fernandes, que diz nutrir grande expectativa em torno da chegada da portabilidade a São Paulo. Contudo, há quem já esteja na rua com algumas promoções formatadas especialmente para atrair usuários com a portabilidade numérica, ainda que os analistas não aguardem mudanças muito significativas na estratégia comercial das operadoras.









Vivo criou promoções especiais para o lançamento do benefício em São Paulo, que incluem mil minutos mensais gratuitos para chamar outros telefones da tele, durante três meses. Para reforçar sua estratégia de se concentrar na prestação de serviços e conquistar clientes com a portabilidade numérica, a Oi anunciou que deixará de cobrar multa para cancelamento e mudança de planos pós-pagos de sua base atual e novos clientes. "Fizemos uma provocação ao mercado e a tendência é as operadoras se diferenciarem, pois hoje as ofertas são todas iguais", afirma a diretora de Marketing da Oi, Flávia Bittencourt, destacando a importância de as empresas baixarem os custos de venda para conseguir ter rentabilidade neste modelo de negócios.









Crente que a convergência tecnológica é uma importante ferramenta de fidelização do cliente e pode lhe render clientes na portabilidade, a operadora móvel TIM lançou, no ano passado, serviços de telefonia fixa para pessoas físicas e jurídicas.











http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/03/02/portabilidade+comeca+em+sp+sem+expectativa+de+migracao+expressiva+4434934.html









.

Nenhum comentário: