1o Boate de crente, cerveja de crente, e tudo mais de crente e para crente, além de ser em-si algo careta e feio, é sintoma e manifestação de que os crentes não são o sal da terra, mas sim o sal dentro do saleiro. Ora, isto é reflexo daquilo que foi ensinado aos crentes: que o diabo mora na boate, que os demônios vivem no álcool, e que o mundo é um lugar, não um espírito. Assim, quanto mais pensam que o mundo é feito de lugares, mais eles se tornam mundanos, visto que não vão aos lugares do mundo, mas criam seus "corbãs" (Mc 7:9-13) a fim de jeitosamente darem seus "jeitos" em relação àquilo que se diz ser mundano, mas que eles não vêem mal algum em fazer, tendo que fazê-lo dentro do aquário cristão, visto que para eles o mundo é um lugar, não um espírito. Assim, eles tornam mal, pela sua própria alienação e preconceito, algo que me si nem é bom e nem é mal, dependendo apenas de como cada um lida com a coisa em si.
2o O mundo é um espírito, de acordo com Paulo. Ele chama de "curso deste mundo", cuja tradução modernizada seria "o fluxo da corrente deste mundo". Ora, esse espírito do mundo foi jeitosamente vinculado pelos evangélicos às coisas do lazer, do prazer, da diversão, dos relacionamentos, das festas, das boates, dos cigarros, das bebidas, das roupas e dos cosméticos. Assim, mesmo que um pessoa que seja bondosa, sóbria, piedosa, misericordiosa, madura, limpa de olhos, sem inveja, não interessada em fofocas, nem em disputas de espaço religioso, e plena de amor a Deus— ainda assim a tal pessoa será considerada mundana se tomar cerveja ou bebida alcoólica, se gostar de dançar, se fumar cigarro, se vestir-se bem e conforme gostos modernos, e se não falar conforme a língua do gueto cristão. E isto é assim porque para os "evangélicos" o que contamina o homem é o que entra pela boca e não o que sai do coração. Ou seja: a maioria dos "evangélicos" são discípulos dos fariseus, enquanto pensam que são discípulos de Jesus.
3o No ensino da Palavra há "um mundo" ao qual se deve odiar e há "um mundo" ao qual se deve amar. O mundo que se deve odiar é feito de espíritos de maldade, inveja, corrupção, malicia, manipulação, ódio, raivas, iras, perseguições, antipatias, inafetividade, e objetização do próximo. Esse é mundo que se deve odiar, e que existe tanto na "igreja", em seus concílios e em suas convenções, quanto em qualquer disputa política no Congresso Nacional. Já o mundo que se deve amar é feito de gente, de todo tipo de gente, e tem a ver com a celebração da vida, da alegria, da comunhão humana, da sociabilidade que aproxima os diferentes; visto que tal "mundo" é objeto do amor de Deus: a humanidade.
4a Assim, em Jesus, o mundo existia muito mais no Sinédrio de Jerusalém do que na casa dos puiblicanos. Era em Jerusalém, a Jerusalém dos cultos ininterruptos, onde Jesus via o mundo; e é de lá que vêm os poderes acerca dos quais Jesus diz: "Vamo-nos daqui; pois aí vem o príncipe deste mundo"— embora quem chegue seja as autoridades religiosas a fim de prende-lo.
5a Se o mundo, segundo Jesus, é festa, bebida, dança, etc..., então, se deveria dizer que Jesus era um mundano, visto que Ele comia de tudo (a ponto de lhe chamarem 'glutão'), bebia de tudo (a ponto de ser designado como 'bebedor de vinho'), andava com todos (a ponto se ser chamado 'amigo de pecadores'), e não criava eventos para os pecadores, de um lado; e nem para os discípulos, de outro lado. Ao contrário, Ele levava os discípulos para a boate dos publicanos, para a festa dos pecadores, para os banquetes dos mundanos, do ponto de vista da religião.
6a Jesus também não bebia cerveja ou vinho sem álcool. O vinho que Ele criou em Cana era vinho mesmo, como convinha ser em qualquer festa. Além disso, nos dias Dele, Joaquim Jeremias nos diz que a bebida mais comum era a 'cevita', uma cerveja muito apreciada pelo mundo romano e por todas as pessoas da palestina. Isso sem falar que o vinho da Ceia, segundo Paulo (I Co 11), tinha o poder de fazer 'embriagar' (... "ao passo que há quem se embriague"...). Portanto, os cristão originais não tinham essa neurose acerca de bebida alcoólica, até porque não dá para ser discípulo de Jesus e praticar essa forma de ascetismo — ou de qualquer outra forma de ascetismo); visto que Jesus era tudo, menos ascético; e o ensino de Paulo aos Colessenses é flagrantemente contrário ao ascetismo do tipo: "... não bebas isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro..."; coisas essas que Paulo diz que têm "aparência de sabedoria e humilde, mas que não tem valor algum contra a sensualidade".
7a O mundo que mais me apavora é esse mundo maligno que se disfarça de religião de Deus. É aí que as mais estranhas e malignas manifestações do mundo se manifestam, embora ninguém dance, beba ou fume. Sim, eles não fazem nada disso. Porém, devoram-se uns aos outros, conspiram contra os irmãos, torcem pela queda de alguns, alegram-se com suas vitórias filhas da malicia, e vivem para garantir o cosmético de sua falsa humildade, as quais são os disfarces dos lobos que se vestem de ovelhas.
8a Eu sou contra qualquer coisa para crente, pois apenas aumenta o engano do ascetismo e exacerba a doença religiosa, a qual advoga que crente vota em crente, dança com crente, bebe bebida de crente, e vive num mundo paralelo. Ora, Jesus apenas pediu que estivéssemos no mundo, porém livres do mal. Para Jesus, fugir da vida era se tornar sal que perde o sabor, e que para nada mais presta, nem para o monturo.
9a Eu vou a boate quando dá —infelizmente, hoje em dia, muito raramente. Mas quando vou, vou a uma boate de gente, onde eu possa dançar com minha mulher, e dançar musicas normais, conforme a poesia da vida. Quase não bebo, pois, depois de duas hepatites, meu fígado não gosta do impacto da bebida em meu organismo. Todavia, meu paladar gosta de um bom vinho, de uma cerveja geladinha num dia quente, de um "Porto" após as refeições, de uma caipirosca na praia, e de champanhe nas celebrações solenes.
10a O que vejo é que pessoas para as quais esses mandamentos da etiqueta evangélica herdada dos missionários americanos —filhos do puritanismo anglo-saxão — são um problema; esses mesmos são os que mais se complicam na vida, posto que não sabem por que são obrigados a desgostar do que naturalmente gostam; e por que têm que chamar de maligno aquilo que para eles não é nada. Assim, um dia, as pessoas explodem, e os resultados são desastrosos, posto que Paulo disse que o ascetismo não tem nenhum valor contra a sensualidade ou contra a embriagues.
Caio Fabio
2o O mundo é um espírito, de acordo com Paulo. Ele chama de "curso deste mundo", cuja tradução modernizada seria "o fluxo da corrente deste mundo". Ora, esse espírito do mundo foi jeitosamente vinculado pelos evangélicos às coisas do lazer, do prazer, da diversão, dos relacionamentos, das festas, das boates, dos cigarros, das bebidas, das roupas e dos cosméticos. Assim, mesmo que um pessoa que seja bondosa, sóbria, piedosa, misericordiosa, madura, limpa de olhos, sem inveja, não interessada em fofocas, nem em disputas de espaço religioso, e plena de amor a Deus— ainda assim a tal pessoa será considerada mundana se tomar cerveja ou bebida alcoólica, se gostar de dançar, se fumar cigarro, se vestir-se bem e conforme gostos modernos, e se não falar conforme a língua do gueto cristão. E isto é assim porque para os "evangélicos" o que contamina o homem é o que entra pela boca e não o que sai do coração. Ou seja: a maioria dos "evangélicos" são discípulos dos fariseus, enquanto pensam que são discípulos de Jesus.
3o No ensino da Palavra há "um mundo" ao qual se deve odiar e há "um mundo" ao qual se deve amar. O mundo que se deve odiar é feito de espíritos de maldade, inveja, corrupção, malicia, manipulação, ódio, raivas, iras, perseguições, antipatias, inafetividade, e objetização do próximo. Esse é mundo que se deve odiar, e que existe tanto na "igreja", em seus concílios e em suas convenções, quanto em qualquer disputa política no Congresso Nacional. Já o mundo que se deve amar é feito de gente, de todo tipo de gente, e tem a ver com a celebração da vida, da alegria, da comunhão humana, da sociabilidade que aproxima os diferentes; visto que tal "mundo" é objeto do amor de Deus: a humanidade.
4a Assim, em Jesus, o mundo existia muito mais no Sinédrio de Jerusalém do que na casa dos puiblicanos. Era em Jerusalém, a Jerusalém dos cultos ininterruptos, onde Jesus via o mundo; e é de lá que vêm os poderes acerca dos quais Jesus diz: "Vamo-nos daqui; pois aí vem o príncipe deste mundo"— embora quem chegue seja as autoridades religiosas a fim de prende-lo.
5a Se o mundo, segundo Jesus, é festa, bebida, dança, etc..., então, se deveria dizer que Jesus era um mundano, visto que Ele comia de tudo (a ponto de lhe chamarem 'glutão'), bebia de tudo (a ponto de ser designado como 'bebedor de vinho'), andava com todos (a ponto se ser chamado 'amigo de pecadores'), e não criava eventos para os pecadores, de um lado; e nem para os discípulos, de outro lado. Ao contrário, Ele levava os discípulos para a boate dos publicanos, para a festa dos pecadores, para os banquetes dos mundanos, do ponto de vista da religião.
6a Jesus também não bebia cerveja ou vinho sem álcool. O vinho que Ele criou em Cana era vinho mesmo, como convinha ser em qualquer festa. Além disso, nos dias Dele, Joaquim Jeremias nos diz que a bebida mais comum era a 'cevita', uma cerveja muito apreciada pelo mundo romano e por todas as pessoas da palestina. Isso sem falar que o vinho da Ceia, segundo Paulo (I Co 11), tinha o poder de fazer 'embriagar' (... "ao passo que há quem se embriague"...). Portanto, os cristão originais não tinham essa neurose acerca de bebida alcoólica, até porque não dá para ser discípulo de Jesus e praticar essa forma de ascetismo — ou de qualquer outra forma de ascetismo); visto que Jesus era tudo, menos ascético; e o ensino de Paulo aos Colessenses é flagrantemente contrário ao ascetismo do tipo: "... não bebas isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro..."; coisas essas que Paulo diz que têm "aparência de sabedoria e humilde, mas que não tem valor algum contra a sensualidade".
7a O mundo que mais me apavora é esse mundo maligno que se disfarça de religião de Deus. É aí que as mais estranhas e malignas manifestações do mundo se manifestam, embora ninguém dance, beba ou fume. Sim, eles não fazem nada disso. Porém, devoram-se uns aos outros, conspiram contra os irmãos, torcem pela queda de alguns, alegram-se com suas vitórias filhas da malicia, e vivem para garantir o cosmético de sua falsa humildade, as quais são os disfarces dos lobos que se vestem de ovelhas.
8a Eu sou contra qualquer coisa para crente, pois apenas aumenta o engano do ascetismo e exacerba a doença religiosa, a qual advoga que crente vota em crente, dança com crente, bebe bebida de crente, e vive num mundo paralelo. Ora, Jesus apenas pediu que estivéssemos no mundo, porém livres do mal. Para Jesus, fugir da vida era se tornar sal que perde o sabor, e que para nada mais presta, nem para o monturo.
9a Eu vou a boate quando dá —infelizmente, hoje em dia, muito raramente. Mas quando vou, vou a uma boate de gente, onde eu possa dançar com minha mulher, e dançar musicas normais, conforme a poesia da vida. Quase não bebo, pois, depois de duas hepatites, meu fígado não gosta do impacto da bebida em meu organismo. Todavia, meu paladar gosta de um bom vinho, de uma cerveja geladinha num dia quente, de um "Porto" após as refeições, de uma caipirosca na praia, e de champanhe nas celebrações solenes.
10a O que vejo é que pessoas para as quais esses mandamentos da etiqueta evangélica herdada dos missionários americanos —filhos do puritanismo anglo-saxão — são um problema; esses mesmos são os que mais se complicam na vida, posto que não sabem por que são obrigados a desgostar do que naturalmente gostam; e por que têm que chamar de maligno aquilo que para eles não é nada. Assim, um dia, as pessoas explodem, e os resultados são desastrosos, posto que Paulo disse que o ascetismo não tem nenhum valor contra a sensualidade ou contra a embriagues.
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